sexta-feira, 15 de junho de 2012

O orgulho de ser português também é isto


Desde que Portugal passou a ser o país dos 4 F's - Fado, Futebol, Fátima e, agora, FMI, o nosso orgulho nacional ora está em baixo, ora está em cima. Mas, curiosamente, há sítios onde é impossível não nos sentirmos bem por sermos portugueses.
Por isso, ontem quando estava de passagem a pé por Belém, resolvi parar ali, entre o Padrão dos Descobrimentos e o rio para descansar. Faz bem ao ego estar ao pé de um monumento onde figuram muitos dos nossos grandes Descobridores e tantos estrangeiros a apreciar. E uma ou duas francesas de biquíni a apanhar sol deitadas no passeio, mas isso agora não interessa nada.
O problema foi que, ao olhar para o Tejo, mesmo ao pé do monumento, a maior parte do orgulho de ser português que tinha sentido momentos antes, desapareceu num instante. Ali, num sítio onde tantos estrangeiros descansam e tiram fotografias, um engenheiro qualquer achou por bem fazer uma saída de esgotos, na rampa que liga o passeio ao rio. E não me venham dizer que eram esgotos pluviais, ou tratados, porque as centenas de taínhas que disputavam entre si os pedaços de, vamos lá, "cocó", que iam saindo, do esgoto para o rio, estavam convencidas do mesmo que eu.
Estavam elas entretidas naquilo, quando, de uma assentada, todo o meu orgulho de ser português não só voltou ao que era como ainda aumentou consideravelmente.
Dois estrangeiros que apreciavam o monumento, ao passarem junto a mim, comentaram entre si:
"Look, so many fishes! There must be food in the water!"
"Or maybe they are trying to enter the tunnel!"
Ainda estive para lhes dizer: "Aquilo para ti é comida? Lembra-me de nunca ir almoçar a tua casa. E tu, achas que aquilo é um túnel? Então olha, nunca me dês boleia, se faz favor..."
Mas fiquei por momentos a pensar no mal que, injustamente, tinha pensado no engenheiro que tinha feito aquela obra de arte, quando ele a concebeu precisamente para mostrar aos portugueses que eles estão longe de ser o povo mais ignorante do mundo.

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