sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

E pronto, foi isto


O caderno de 2011 está fechado. E não fosse o elástico que tem à volta, provavelmente não o conseguiria fechar. 2011 foi um ano cheio, disso não há dúvidas. Foi um ano que trouxe muitas mudanças, umas boas e outras nem por isso. Em que se fecharam umas quantas portas mas em que se abriram muito mais janelas.
E, aqui em particular, foi o ano em que criei o estaminé. Muitas histórias por aqui passaram mas muitas mais irão passar. Estou-me a lembrar agora de uma muito boa, quando fui a..., não não, melhor é aquela em que uma vez fui ter com a minha senhora e..., ou aquela quando me esqueci onde fui e inventei a maior parte...

2012 promete. Encontramo-nos por lá.
Boa passagem de ano a todos e, falando daquilo que realmente importa nesta altura, que ganhe a Daniela. É que tenho uma certa predilecção por pessoas com cérebro.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Estava a brincar, não era nada de especial...


Mulher Presumivelmente Canadiana (MPC) - May I borrow your pencil, please?
Gajo a Meio de um Desenho (EU) - Ahhhh...
Marido da Mulher Presumivelmente Canadiana Também Ele Canadiano (MMPCTEC) - I promise it won't take long...
EU - Ok.

5 minutos mais tarde:
EU -Viste? O raça da rapariga não viu que eu estava a fazer um desenho e que para lhe emprestar o lápis tinha que parar a meio?
Esposa do Gajo a Meio de um Desenho (MARIA) - Canadiana. Pelo sotaque, é canadiana de certeza.
EU - Quer dizer, a miuda tira-me a concentração toda e tu estás preocupada com o sotaque?
MARIA - Ou seria australiana? Não não, era canadiana.
EU - Podia estar agora aqui uma obra prima e por causa dela, está o que se vê.
MARIA - Que estupidez, australiana... Por amor de Deus, os australianos não têm um sotaque assim.
EU - Era toda jeitosa.
MARIA - O quê??

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Natal também é quando um carro quiser


Como a família é grande e as carteiras estão cada vez mais pequenas, em casa dos meus pais fazemos um sorteio secreto para sabermos a quem devemos dar a nossa prenda de Natal. É aquilo a que chamamos o Pai Natal Secreto. A partir do momento em que o sorteio é feito, passamos a dar mais atenção às conversas que vamos tendo com a pessoa que nos calhou, para percebermos o que devemos oferecer. Tem a vantagem de ficar mais em conta mas também tem o risco de não se agradar com a prenda que se dá. É que, só com uma hipótese, a probabilidade de falhar é grande.
No meu caso, não tive grandes problemas. A minha irmã mais nova encarregou-se de dizer a toda a gente que estava mesmo a precisar de um pijama, várias vezes ao dia. Não é que eu precisasse da dica. Tenho a certeza de que ela também ficaria igualmente contente com umas meias da feira que tinha pensado em dar-lhe. Os meus sobrinhos, de 4 e 7 anitos, é que são a excepção. Mas eles merecem, porque são eles que trazem a magia ao Natal, tarefa dificil nos dias que correm.
O meu carro é que não apreciou muito a brincadeira. Então ele leva-nos para todo o lado, farta-se de nos proporcionar bons momentos, e nem sequer é incluido no sorteio?
Chateado com a falta de consideração, resolve amuar e impedir-nos de fazer marcha atrás.  Para a frente tudo bem, mas para trás não era com ele. A coisa foi de tal jeito que, nem pondo água e óleo no carro a coisa lhe passou. E olhem que a água e óleo resolvem muita coisa.
Não tivemos outra hipótese senão, ainda antes do Natal, oferecer-lhe um kit de travões para as rodas traseiras. E teve logo que ser para as duas rodas, porque senão o menino fazia birra e estávamos sujeitos a fazer piões no meio da estrada.
Nas vésperas do Natal, a caminho de casa dos meus pais, resolveu mostrar que foi nosso amigo em só pedir os travões para as rodas de trás. Em plena auto-estrada, pôs-se a acelerar sozinho, numa clara demonstração de que quem manda é ele. De Leiria até Miranda, viemos a pouco mais de 60 km/h, mas com um som de fazer inveja a qualquer Saxo Cup ou mesmo 106 Rallye, com tunning até à medula.
Felizmente, no dia de Natal, a coisa passou-lhe. Afinal, o Natal, também, é quando um carro quiser. E deixar.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Feliz Natal!


Como tenho apenas 3 minutos e 23 segundos até toda a rua ficar a saber o meu nome, vou apenas deixar aqui os meus votos de Boas Festas e Feliz Natal a todos!
Pronto, agora tenho que ir para a cozinha, que é capaz de lá haver alguém a precisar dos meus dotes culinários. A minha especialidade na cozinha é abrir frascos. Nisso sou o maior. Frascos e latas, também. E toda a gente sabe que para um pudim de leite condensado ficar bom, é preciso alguém abrir a lata primeiro.
Bem, Feliz Natal mais uma vez e vou andando, que não me posso mesmo esticar. É que só hoje de manhã é que consegui acabar as compras, porque passei ontem o dia a fazer um postal de Natal especial, com as letras e os desenhos bem Arrumadinhos, (as voltas que dei para conseguir espetar isto neste post...) e, com tudo isto, a família é que ficou para trás.
Agora é que é: Boas festas a todos, junto de quem mais amam!

Já vou!! :D

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Para ti

Acordas de manhã e levantas-te ainda de pijama. Mal consegues ver.
A arrastar os pés pelo corredor, apareces à porta da sala, onde já estou há 3 horas agarrado ao computador, e cumprimentas-me durante 5 segundos, apenas com um olhar, entre a admiração por me veres já desperto e a dureza que é teres que te levantar. Segues para a casa de banho.
Arranjas-te e, ao fim de meia hora, regressas à porta da sala, de onde me chamas para te acompanhar no pequeno almoço. A voz ainda não está clara, mas já dá para perceber o meu nome. Com a certeza de que é a mim que chamas, sigo-te para a cozinha. Apesar de já ter comido, guardo o café para beber contigo.
Já na cozinha, esforças-te por manter uma conversa, mas não é fácil. E eu compreendo. Ao beberes café, o teu cérebro desperta e dispara milhares de pensamentos para a tua boca: o que sonhaste, como dormiste, quantas vezes foste à casa de banho de noite, a temperatura a que está o café, como vai ser o teu dia de trabalho, onde vais almoçar, as reuniões que vais ter, a que horas vais chegar a casa.
Regressas à casa de banho para os retoques finais, perguntas-me 8 vezes se estás bem vestida e fazes-me as tuas recomendações.
Segues para o trabalho sem fazeres a menor ideia de quão bem me fazes. Do quanto enches a minha vida. De alegria, de magia, de amor, de carinho, de responsabilidade, de aventura. E de sonhos.
Enches a minha vida de sonhos.
Por tudo isso, e porque hoje fazes 29 anos, muitos parabéns! Tudo o que hoje posso desejar, é poder continuar a merecer-te por muitos e longos anos.
Amo-te, pequena. E muito.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

No final, podemos sempre contar com os filmes!


Este fim-de-semana, fui acantonar com 10 miudos com idades entre os 10 e os 14 anos.
A estratégia que estava montada era bastante simples e resume-se a isto: cansar os putos o mais possível durante o dia para os crescidos poderem dormir alguma coisa durante a noite. Aliás, acho que esta frase podia perfeitamente passar a ser o lema do Escutismo. "Sempre Alerta" já é bocado século XX.
Mas enfim, começámos logo por pôr os miudos a descascar batatas e cenouras no sábado de manhã, só para ficarem meio atordoados. Depois, espetámos com uma caminhada a pé a metade deles, e de bicicleta à outra metade.
Antes do almoço, pusemo-los a arranjar lenha para a fogueira e, a seguir ao almoço, tiveram que fazer nós e amarrações. A seguir a tudo isto, mais um passeiozinho a pé e de bicicleta.
Depois do lanche, demos-lhes um tempinho para eles. Era infalível: depois daquelas actividades todas, dava-se um tempo aos miúdos sem nada para fazer e era certo e sabido que iriam andar a subir às árvores, a correr uns atrás dos outros, a jogar à bola, a lutar com paus. O que é que é que poderia estragar este plano para os cansar ainda mais e conseguir passar uma noite descansada?
Os telemóveis... Dá-se um tempo aos miudos e eles correm para os telemóveis. Durante um fim-de-semana inteiro, não vi um único puxão de soutien, um estalo, um miudo a cair de uma árvore, uma aranha posta na boca de algum dorminhoco. Nem sequer um penso rápido tive que por num dedo de um miudo entalado numa porta.
Eu ainda tentei agitar as coisas e fazer uns arranjinhos, mas o jeito não é muito. E para além disso, é dificil as miudas olharem para um rapaz que nem sequer penteado à Justin Bieber tem. E hoje em dia, esse é o padrão minimo.
Com este tempo onde a actividade foi só ao nível dos dedos, os miudos recuperarm do cansaço e, no fim, não tivemos outro remédio senão recorrer ao plano B para podermos dormir qualquer coisa: ver um filme de desenhos animados, cheio de moral.
Quer dizer, eu acho que eles dormiram qualquer coisita. E digo "acho" porque eu cá mal passei do genérico.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Eu tomo banho todos os dias, a sério


Fui ao Chiado, aqui há tempos, para desenhar pessoas e, como estava à procura de uma que não se mexesse muito, desenhei este pessoa, quer dizer, Pessoa, que costuma estar na esplanada do café "A Brasileira". O problema foi que, como me sentei a alguma distância, havia sempre gente a passar entre mim e o dito a tal ponto que, às tantas, tive que desistir e voltar mais tarde para o acabar.
Ao fim da tarde, quando lá voltei para lhe desenhar as pernas, estavam lá dois tipos a tocar guitarra e a cantar, com as roupas meio rasgadas e apecto de quem tem alergia a água e gel de duche. Como eu estava de frente para a esplanada, vieram-se por ao pé de mim. Quando acabaram a música, que mais parecia uma homenagem ao Zé Cabra, sacaram do chapeuzinho e puseram-se a pedinchar a toda a gente que por ali estava.
Estava eu, nesse momento, a pensar que desculpa iria inventar para não lhes dar nada quando me viessem chatear, quando, subitamente, acabam o peditório e se vão embora. Das pessoas todas que ali estavam, fui o único a quem não pediram. Das duas uma: ou não me quiseram perturbar o trabalho ou, olharam para mim e pensaram: "Não vamos pedir aqui ao colega..."
Ainda estive para dizer alto: "Que pena só ter notas de 100 euros no bolso. Se tivesse de 20 ainda contribuia..." Mas em vez disso, despachei o desenho e, pelo sim pelo não, tapei o buraco nas calças com a mochila.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Os postais do Viagens



Aqui há já algum tempo, lembrei-me de fazer postais com os desenhos que aqui vou pondo. É certo que talvez tenha sido uma daquelas ideias que aparece quando não se tem mais nada em que pensar, mas, ainda assim, acalentei a ideia, a ponto de experimentar publicitá-los num grupo do Facebook. Se a coisa corresse mal, a vergonha não seria geral, se corresse bem, ficava rico em menos de nada.
Ora, sucede que o grupo onde os publiquei era da mesma pessoa que organizou o evento "Beli€ve", do qual falei nos post anterior, e que já me tinha convidado para ir lá desenhar. Ao ver a ideia dos postais, acabou por também me convidar a expo-los no local do evento. A transformação da minha conta bancária numa das maiores do Mundo estava a começar.
Até que, em resposta à simples pergunta: "Quantos tens para expor?" respondi com orgulho: "Mais de 20!" Eu sou um gajo tão optimista que respondo sempre aquilo que espero que seja a verdade, quando não faço a menor ideia da resposta. Quando fui confirmar ao computador os desenhos menos maus que poderiam ascender à categoria de "Postal", não consegui contar mais de 8... Convenhamos que os cães da minha sogra ou a minha irmã sentada no sofá não serão propriamente aquilo que um turista procura numa loja. Escusado será dizer que passei as duas semanas antes do evento a desenhar monumentos de enfiada.
Fiz a parte de trás dos postais como se fosse a capa de um caderno, e, no dia do evento lá os expus. Levei, ainda, mais uns pouquitos repetidos, para o caso de alguém os querer trocar por alguma coisa, já que no fim do evento ia haver uma feira de trocas. Consegui trocar um.
Como não tinha plano B para os pouquiiinhos postais que pudessem sobrar, tenho que pensar depressa num plano de negócio para cumprir o objectivo inicial da engorda da minha conta. Se não me lembrar de nada de jeito, vai haver gente a receber um postalinho como prenda de Natal.
Uma ou duas pessoas. Ou 49, vá.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Os meus 3 segundos de fama na TVI

Este Domingo, fui convidado a ir desenhar o lançamento do projecto Beli€ve, que aconteceu na Fábrica de Braço de Prata, em Lisboa. É o projecto de Andresa Salgueiro, que, basicamente, vai viver um ano só com 1111€. Para além deste valor, vai recorrer a trocas de produtos e serviços, num esforço para mostrar que é possível viver à margem do consumismo que nos consome. (xiça, com esta fiquei exausto...)
O convite que me foi feito também consistiu numa troca: ao ir lá desenhar, recebi em troca a divulgação dos bonecos que faço. E que troca: tive direito a expor durante o evento, numa parede só para mim, os meus desenhos (em forma de postais) e tive, ainda, direito a 3 segundos de fama, no noticiário da TVI! Meu Deus, hoje 3 segundos, amanhã, quem sabe, 4! O desenho que aqui vai é o que estava a fazer quando a senhora da TVI me disse que não me podia levantar...
O que acho mais estranho é que hoje, quando saí à rua, não estavam paparazzi à espera à porta do meu prédio nem ninguém me pediu autógrafos.
Humm, deve ser porque as pessoas são tímidas, claro.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Em Portugal sou um Zé Ninguém, mas na Argentina não posso sair à rua


Fui convidado por uns tipos na Argentina, que têm um site de ilustração e arte, a colaborar com eles com um desenho. É das coisas mais engraçadas que tem o Facebook: um dia estamos em Mirando do Corvo, alapados no sofá da casa dos pais a ver a Casa dos Segredos, com baba a escorrer pela boca, e no outro estamos a trabalhar para o outro lado do Mundo.
Como tinha que ser sobre o tema "Nascimento", enviei-lhes um desenho da capital ao nascer do sol. No site, o desenho ficou um bocado esticado, mas com os milhares de quilómetros que ele viajou, não lhe posso levar a mal.
O site, de nome Seis Dedos, tem a colaboração de ilustradores de vários países, mas aqui deste cantinho, fui o único. Quando vi o meu desenho no site, com a minha nacionalidade à frente, comecei instantaneamente a ouvir o hino nacional e a ver bandeiras portuguesas a esvoaçar. Foi muito bonito.
Agora a sério, vou só ali limpar as lágrimas e depois tenho que ir estudar castelhano, porque os rapazes de lá, para entenderem português, tiveram que traduzir o mail que lhes mandei. Como também traduziram o meu nome, para eles passei a a ser o James. Quando lhes expliquei que o nome é mesmo Tiago, responderam-me "Ok, Thiago." Pronto, pelo menos soa igual. Não se pode querer passar por cima de séculos de influência das telenovelas brasileiras, não é, Thiago Lacerda?... (é o único que conheço...)
Ah, é verdade, o dito site está AQUI! Se tiverem paciência, carreguem no "Me gusta", valé?
Adiós, Tios! Pero si, como nó? Gracias!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Quanto é a bandeirada?


Sempre me intrigou o carro que está estacionado na Rua do Carmo, em Lisboa, e que funciona como loja de discos de fado. A coisa até dá um certo toque castiço à rua, mas para quem lá tem que trabalhar todo o dia não deve ser grande coisa.
Mas também, quem é que lembraria de ter um emprego onde se tem que estar sentado dentro de um carro verde todo o dia e a ouvir fado constantemente, com o volume no máximo? E onde a única coisa que se pode fazer quando não há clientes é ler o jornal? E onde se tem que ter um ar de dono da estrada, porque, basicamente, não podem lá passar mais carros? E onde, apesar de se estar dentro de um carro, não se usa o cinto de segurança?
Ah, já sei. Os taxistas.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Já sei porque é que não costumo ir ao Santa Cruz


Há dias fui com a minha senhora ao café Santa Cruz, em Coimbra, e, ao entrar num café tão histórico e tão bonito da cidade como aquele, lembrei-me do raro que era irmos ali.
Como levei o caderno, pensei em desenhar a praça do lado de fora do café, mas o lugar à janela já estava ocupado por um senhor. Sentámo-nos na mesa mais perto e, por entre goles de café, fui fazendo o boneco. Como o senhor estava com um ar petrificado, acabei por arriscar e desenhá-lo também.
Durante o tempo que lá estivemos, o senhor não se mexeu um milímetro. Já começava a ser intrigante.
O que é certo é que o tempo que demorámos a perceber o porquê de ele ter aquela cara foi o mesmo que demorámos a pedir a conta, altura em que ficámos com a mesma expressão, mas apenas durante alguns segundos.
É que nós só bebemos um café mas o senhor tinha um pequeno almoço continental na mesa.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Sei que tem a ver com Filipinos, mas não são bolachas


Sinceramente, acho bem que o 1 de Dezembro vá deixar de ser feriado. Primeiro, porque ninguém sabe bem ao certo o motivo de ser feriado e em segundo, porque a fila de espera nos Pastéis de Belém é tal que se perde a paciência. Chega quase ao ponto de fazer uma pessoa desistir de apoiar a economia nacional.
De qualquer das formas, fiquei mais descansado quando vi na televisão que o critério para anular feriados foi escolhendo os que não são festejados. Se alguém se lembrasse de anular feriados consoante os portugueses soubessem o porquê dessas datas serem feriado, ficávamos reduzidos ao Natal, Ano Novo e Carnaval.
Já agora, deixa lá ver, acho que o 1 de Dezembro é sobre qualquer coisa que nos faz ter orgulho em nós, portugueses. Só não me lembro o que é...

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Pornografia, kuduro e cultura


Há dias fui à biblioteca, na tentativa de pôr os neurónios a trabalhar. Sentei-me numa mesa sem ninguém e, por estranho que pareça, até estava a conseguir fazer alguma coisa de jeito.
Ao fim de 5 minutos de trabalho árduo, que me pareceram 5 horas, sentou-se na mesa à minha frente, um senhor dos seus 60 anos. Ligou o seu computador e pôs os seus phones. Até aqui tudo bem.
O pior foi quando, aparentemente, o senhor se fartou de ouvir música pelos phones e, sem os tirar das orelhas, começou a ouvir música de discoteca em plena biblioteca. E quando digo música de discoteca, isso inclui o volume em que a costumamos ouvir... numa discoteca.
Confiante de que alguém o iria mandar parar com aquilo, respirei fundo e deixei-me estar.
O pior foi quando o senhor, de aspecto respeitável, começou a ouvir kuduro. Eu não tenho nada contra o kuduro mas o kuduro tem qualquer coisa contra mim, especialmente quando me tento concentrar.
Olhei em redor e ninguém parecia estar incomodado com aquilo. Mentalizado que teria que ser eu a falar com o senhor, levantei-me e lá fui eu.
A primeira dificuldade que tive foi que o senhor ouvisse o que lhe estava a pedir. A segunda foi que ele acreditasse que a música não estava a sair pelos phones. O senhor lá me pediu desculpa e eu segui com a minha vidinha.
Quando o meu cérebro começou a dar sinais de cansaço, arrumei as coisas para ir embora. Ao passar pelo senhor, não resisti e dei uma espreitadela ao computador dele e não quis acreditar no que vi...
Fiquei mesmo a sentir-me culpado. Se eu não tivesse pedido ao senhor para pôr o som nos phones, toda a biblioteca poderia ter tido um momento de prazer.
Caramba, sou mesmo um empata f****...

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Na cabeça dói muito


Muita gente me tem dito que preciso de treinar desenhar as caras das pessoas porque a coisa ainda não me sai muito bem. Decidido a enfrentar esta malapata, fui até a um quiosque que há na Praça Camões, em Lisboa, e pus-me a olhar para as pessoas que passavam, de caderno e lápis na mão, com um certo ar de intelectualóide.
A primeira ideia que me ocorreu foi "Já sei porque é que não costumo desenhar pessoas: elas põe-se a olhar fixamente para mim e fico com medo de ser agredido na via pública. Vou escolher pessoas que não me vejam." Por estúpido que pareça, é nas alturas que queremos que ninguém nos veja que toda a gente olha. Assim, ao fim de um quarto de hora, quando já me estavam a dar cãibras na mão por não fazer nada, decidi mudar de estratégia e estabelecer um plano: se alguém viesse ter comigo e perguntasse "Está a desenhar-me?", a minha reacção seria mostrar o caderno e não dizer nada. Aí, se a pessoa perguntasse com ar alegre: "Este sou eu?" eu confirmaria logo e o aperto passaria. Se a pessoa, pelo contrário, perguntasse chateada "Este sou eu?", a minha resposta seria: "Este? Não, o senhor é muito mais novo e muito mais bonito!" Com um bocadinho de sorte, o aperto também passaria.
Só não consegui elaborar um plano para o caso de, a seguir surgir uma pergunta do género: "É que esse boneco tem um cachecol e uma boina como eu, e também está a fumar!" Para estes casos ainda pensei em explicar à pessoa que, numa cidade como Lisboa, há muitas pessoas parecidas, mas o mais provável seria eu responder qualquer coisa do género:
"Por favor, bata-me devagarinho. E na cabeça não. Que fico maldisposto."

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Sr. Golden e Sra Kika Silva


Este fim-de-semana, quando fomos a casa da minha sogra, os cães dela receberam-nos como de costume: a andar em duas patas e a rir. Eu sei, é incrível dois cães rirem.
Quando se fartaram de nós, sensivelmente 2 minutos depois de chegarmos, foram atasanar o juízo aos gatos, o passatempo preferido deles a seguir a um que não posso aqui dizer...
Depois do almoço, deu-lhes a moleza e foram para o alpendre dormir a sesta, com o sol a bater nas costas. Quando acordaram, estavam tão espevitados que só sossegaram quando lhes prometi que lhes fazia um desenho. Não, tou a gozar. Eles quiseram lá saber do desenho.
Com a energia que tinham, acharam-se uns valentes e tentaram entrar na casa. Levaram com uns olhos da minha Maria, baixaram o focinho e voltaram para o alpendre, ao pé de mim. Armam-se em fortes e depois é assim. Mais calminhos agora, lá se deixaram desenhar. Nada como um castigo para acalmar os miudos, quer dizer, os cães. Ainda se fartaram de me tentar tirar o caderno para ver o desenho, mas logo lhes disse que tinham que ir ao blogue ver e era se queriam.
Quando viemos embora, vieram-se logo despedir. E a tristeza era tal que até vieram ter connosco em 4 patas.
Os cães da minha sogra não são duas pessoas bonitas aprisionadas no corpo de rafeiros. Os cães da minha sogra são duas pessoas bonitas.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Nasceram o Terence Hill e Bud Spencer portugueses


Sendo certo que acarreta muitas injustiças, a greve de hoje foi memorável. Quanto mais não seja, serviu para mostrar que a maior parte do povo está unido, e isso é sempre uma coisa boa.
Para além disso, Portugal viu nascer duas estrelas. Se tivessem menos 40 anos, arriscavam-se a ser os ídolos das adolescentes. Com a idade que têm, acho que têm mais pinta de Terence Hill e Bud Spencer. Sim, um magro e um gordo que, nos filmes americanos, ofereciam porrada da grossa, umas vezes defendendo os mais fracos e outras só porque podiam.
E quem, como eu, viu a conferência de imprensa ao final do dia do Carvalho da Silva e do João Proença, não ficou com qualquer dúvida.
Falaram mais de meia-hora sobre os números da greve, da manipulação do Governo e dos patrões, da importância do protesto, que receberam os parabéns de mais de 60 países e, no fim, disseram com toda a firmeza que se fosse preciso estavam dispostos a endurecer a luta.
Claro que se fosse na América, o Terence Hill teria virado a mesa e o Bud Spencer pegaria no microfone e diria "Pedro, ou defendes os mais fracos ou voltamos a parar esta porra deste país, tás a ouvir, ó c*****o??"
Mas estamos em Portugal e, à escala portuguesa, o que eles fizeram foi exactamente o equivalente a isso.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Mas o que estará este rapaz aqui a fazer com um caderno?


Esta semana fui convidado a ir desenhar uma aula de pintura da Associação de Solidariedade Social dos Professores de Coimbra. E perguntam vocês: "Mas porque é que foste desenhar uma aula de pintura?" E eu respondo: "Porque, sendo uma associação cultural, as pessoas de lá têm gosto em que pessoas de outras áreas apareçam para mostrar aquilo que fazem, demostrando que é possível fazer diversas interpretações do desenho enquanto forma de expressão e comunicação." Isso, ou então por a minha mãe ser uma das alunas. Ainda estou meio indeciso.
Mas a verdade é que foi uma tarde muito bem passada. As alunas, todas elas professoras reformadas, têm um grande sentido de humor e acharam piada a estarem a ser desenhadas. E como estavam concentradas a pintar, pouco se mexiam e acabaram por ser boas modelos.
De facto, a concentração era de tal ordem que a minha mãe só contou às colegas a história de eu fazer desenhos na missa, quando tinha 4 anos, por 17 vezes.
Por tudo isso, obrigado, mãe.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Tudo o que precisamos de saber sobre as mulheres está no IKEA


Hoje fui ao IKEA com a minha lady e, para variar, em vez de estar preocupado com a sobrevivência da nossa conta bancária, resolvi tentar perceber o que é que faz com que seja tamanho sucesso entre as mulheres. Os tipos que criaram o IKEA devem perceber tanto de mulheres que não lhes tinha ficado nada mal darem umas lições à malta. Andamos aqui todos à rasca para as tentar perceber e eles, que enriquecem todos os dias à custa delas, guardam o segredo para eles. O mais certo é serem gordos e cheirarem mal e terem criado o IKEA para se vingarem dos outros (nós, os que não são tão gordos e não cheiram tão mal) mostrando que, ninguém como eles, sabe como se dá prazer a uma mulher...
Adiante. Com a minha aguçada capacidade de observação, consegui chegar a importantes conclusões.
Estou certo de que haverá mais para além das que consegui obter, mas, no essencial, acho que o IKEA é um sucesso porque: está disponível até às 23h00 com todas as funcionalidades (e não a dormir no sofá desde as 22h15, com baba a escorrer da boca...), está sempre arrumadinho, as camas feitas, os sofás com as almofadas e a loiça no sítio certo.
Mas, para mim, aquilo que, acima de tudo, faz com que o IKEA seja um sucesso é que, tem a capacidade de, com apenas um pouco de imaginação, fazer parecer o sítio mais pequenino em algo enorme e atraente, capaz de deixar qualquer mulher espantada.
E, por isso, há que saber dar mérito aos gordos mal cheirosos que o inventaram.

PS: o desenho é da fnac no Chiado, onde até os cortinados são do IKEA. Eu sei porque tenho uns iguais...

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Ora essa, não têm de quê


O apuramento de Portugal para o Euro 2012 foi um daqueles momentos marcantes, para recordar durante bastante tempo, pelo sofrimento que provocou mas sobretudo pela alegria que daí adveio, apenas ao nível das cenas de coiso e tal entre o Marco e a Susana ou mesmo, no limite, da expulsão do Carlos, também ele, um grande rematador.
Mas não posso aqui deixar de dizer que, este apuramento se deve, em grande parte, a mim. Sim, a mim. Sempre que bebi umas cervejolas a ver os jogos da Selecção, Portugal ganhou categoricamente. Isso e cantar o hino. Quando canto o hino antes dos jogos, Portugal também ganha. Ah, e quando digo "Vai vai!" quando os jogadores portugueses estão a atacar também.
Infelizmente, foi preciso chegar a este ponto porque, contra a Dinamarca pensei que tinha cerveja em casa mas não tinha e, na 1ª mão contra a Bósnia, tive até meio do jogo às compras com a minha senhora. Eu preocupo-me com Portugal, sim senhor, mas ter comida em casa também tem a sua importância. No tempo do Queirós, andava tão desanimado com aquilo que me esquecia de cantar o hino.
Mas pronto, o importante é que correu tudo bem e Portugal vai ao Europeu. Pela minha parte não têm nada que agradecer. Mas aviso já: não sei se no Europeu estes meus poderes se vão manter. Os meus poderes variam muito, às vezes até de um jogo para o outro.

sábado, 12 de novembro de 2011

E viva os engenheiros


Fiz uma coisa que estava para fazer há já algum tempo mas que ainda não tinha tido oportunidade: fui a Lisboa passar um dia a desenhar. Este tipo de coisas só se consegue fazer sozinho, por isso, desta vez, não levei a minha senhora.
O dia, em si, foi cheio de imprevistos. Entre ouvir uma senhora aos gritos na rua a dizer que os portugueses estavam todos tramados porque ela ia mudar o nome do país e um rapaz perguntar-me se queria uma "bolota de chocolate" (miudos, esta vão ter que perguntar aos papás o que quer dizer), aconteceu-me de tudo um pouco, de maneiras que me parece que tenho histórias para contar até ao fim do ano.
Aqui, o desenho do Elevador do Carmo, esteve quase para não ser feito. Do outro lado da rua, estava um grupo de 10 trolhas, à boa vida, à espera que chegasse o engenheiro. Mas não eram uns trolhas quaisquer: eram trolhas dignos da capital, daqueles com uma enciclopédia de piropos. E não ter passado nenhuma mulher em mini-saia não os deixou enrascados. Tinham piropos para rapazolas com rastas, para velhotas, para gordos... Com receio que tivessem bocas para pessoas a desenhar na rua, preferi esperar pelo chefe deles, para trabalhar em paz e sossego.
Toda a gente sabe que os engenheiros nunca deixam ninguém ficar mal.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Quem te avisa...


Sogra - "Ô filha, ele nos está desenhando?"
Esposa - "Está, mãe, passa a vida naquilo..."
Sogra - "Achas que me posso mexer? Estou bem assim?"
Esposa - "Ó mãe, não tenhas grandes ilusões. Ele faz-nos sempre mais gordas e mais velhas..."

Cinco minutos mais tarde:
Sogra - "Ah, deixa lá ver!"
Esposa - "Estás a ver, mãe. Eu avisei-te."
Sogra - "Ah... Pois... Não... quer dizer... Essa sou eu?... Pois, não... Ah... Está giro, está... Pois..."
Esposa - "Eu avisei-te!"

Sogra - "Pois... Então, e quando é que vocês vão ter um bebé?"

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Isto é que é qualidade de vida


Fui com a minha cara-metade (desta ninguém estava à espera) com uns amigos a casa de um casal amigo, na Espanha, a quem já estávamos a dever uma visita há bastante tempo.
A viagem foi rapidíssima. Mal tive tempo de dormir 3 horas no carro e, antes que desse conta, estava na Corunha, à porta deles.
No fim-de-semana muito agradável que lá passámos, saltou-nos à vista a excelente qualidade de vida na Espanha. A cidade é muito bonita, tem muitos espaços verdes e a vida social é muito privilegiada. De tal forma que o filho do casal que fomos visitar se dá ao luxo de acordar à hora que quer, comer quando quer e só o que quer.
Claro que haverá sempre quem diga "Mas o filho deles tem 1 mês e 3 dias de vida! É um bebé!" Mas a essas pessoas eu digo "Se com 1 mês e 3 dias de vida, ele já tem esta qualidade de vida, há boas probabilidades de vir a ser Presidente da República."
E que pai não quer o melhor para o seu filho?

PS: Pessoal, já encontrei a carteira e não ficou aí na Corunha. Ficou no nosso carro, à vista, ao pé da manete das mudanças. E nem precisámos de chave para abrir o carro.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

E de repente, voltei a ter 4 anos

No cumprimento dos meus deveres de marido, fui a um jantar de curso dos colegas da minha Maria. Dias antes do jantar, descontraidamente, disse-lhe que estava a pensar levar o caderno para o jantar. Nem precisei de resposta - os olhos dela disseram tudo o que precisava de saber. E quando chegou a hora, o caderninho lá ficou em casa.
O jantar correu muito bem. Foi bom voltar a beber vinho em copos de plástico, cantar canções de 20 palavras e 30 palavrões e ver como é que a Maria era com menos 10 anos, nos cerca de 53 quilos de fotografias que os colegas dela se encarregaram de levar.
A seguir ao jantar fomos beber um copo a uma casa de fados, em Coimbra. Sinais da idade. Quando tínhamos 18, íamos às tascas. Quando passámos dos 20, íamos a discotecas. Agora, quase nos 30 anos, ou se fica em casa, ou se vai a casas de fados.
Inevitabilidade: às 2h00 fiquei com uma soneira que já nem via 2 palmos à minha frente. Presumo até, que havia pessoas a falar comigo, mas no estado em que estava não posso garantir esta informação.
Até que, num gesto desesperado para me acordar, a minha conjuge pede a uma colega que me deixe fazer um desenho num pedaço de papel de mesa de restaurante e, numa voz entre a esperança e o desespero, me diz: "Faz um desenho para ver se acordas!"
E pronto: num estalar de dedos eu estava de volta aos meus 4 anos, quando a minha mãe me dava um papel na missa para eu desenhar e ao mesmo tempo ficar acordado e sossegado. A minha Maria demorou só 8 anos a descobrir aquilo que a minha mãe sempre soube.
E pensar que tanto sofrimento se poderia ter evitado, com uma simples pergunta, entre nora e sogra.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Obrigado pelo banquinho, senhores do Mude


Este post é uma singela homenagem a todos esses homens que sofrem em silêncio, que vivem a sua vida com sacrifício, que lutam todos os dias, porque, tal como eu, têm um relacionamento com uma mulher que não pode passar mais de meia hora sem ir à casa de banho.
Quando se está em casa, nem se dá por ela. Tudo bem que às vezes ficamos a falar para o boneco, mas isso não nos obriga a sair do sofá.
Agora, quando estamos na rua é que as coisas se complicam. Passeios têm que ser em sítios onde haja casas de banho, porque se não houver, a probabilidade de termos que ir procurar uma atrás de árvore é bastante grande. E ter acabado de sair de um café e dar-lhes a vontade não pode ser mal entendido. A bexiga delas tem vida própria e não pode ser forçada. Até porque, se ela (a bexiga) estiver chateada, de nada vale a ida ao wc. E se o passeio for de carro pode acabar a alta velocidade à procura de um café ou, lá está, de uma árvore. Neste caso, penso que o excesso de velocidade não deve dar multa desde que bem explicado ao agente da autoridade. Aliás, o mais certo é estarmos a falar com alguém que padece do mesmo mal.
Uma das minhas últimas experiências neste campo foi no museu MUDE, em Lisboa. À partida, qualquer um pensaria: "Para que serve um banco no hall de entrada de um museu virado para a rua, com o wc mesmo ao lado?" Depois deste post, acho que já toda a gente percebeu. Os homens também têm direitos e um deles é o de esperarem sentados a ver o que se passa na rua.

PS: o senhor da fatiota devia ser o segurança lá do sítio. Esteve sempre a olhar para mim enquanto fazia o boneco e quando saquei do telefone para tirar uma fotografia para depois o pintar, ia-me saltando em cima... "Fotografias não!"

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A magia do Escutismo


Este último fim-de-semana, fui acampar (se é que dormir debaixo de um toldo se pode chamar acampar) a um sítio na Serra da Lousã apelidado de "Umbigo do Mundo". O sítio chama-se assim porque, basicamente, é um pedaço de rochedo sobre um penhasco com um riacho a correr lá em baixo e rodeado pela Serra. Para se lá chegar é preciso andar uns 4 ou 5km num passadiço sobre as encostas da Serra, com não mais que 40cm de largura.
Foi uma actividade escutista muito bem passada: 5 gajos no meio da Serra, a andar com mochilas às costas de noite, a reflectir sobre a vida, acompanhados de boa comida, boa bebida e um cenário incrível.
A dormida esteve, até à última da hora, para não ser ali. A ideia era dormir nas ruínas de uma casa abandonada, um pouco mais abaixo. O problema é que, nas ruínas estava pendurado um cobertor, recipientes de comida e havia sacos de plástico que indicavam que alguém deveria andar perto. Ao vermos aquele cenário, todos, sem excepção, comentámos: "Que raio de pessoa é que sai do seu conforto e vem aqui para o meio da Serra dormir numas ruínas, com uns sacos, cobertores e comida em taças? Por amor de Deus..." Há pessoas que realmente...
Assim, voltámos para o Umbigo do Mundo, tirámos as nossas taças de comida, os nossos cobertores, os nossos sacos das mochilas e passámos uma noite espectacular!
Para desintoxicar do dia-a-dia não há melhor.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

As obras em Portugal correm sempre bem


Já andava para lá ir há uns tempos e hoje acabou por acontecer. Fui ao parque de Loures desenhar a réplica da catedral de Macau que lá está, em tamanho real. Bem, não é propriamente a réplica da catedral, é mais da fachada. Sim, porque atrás da fachada está uma galeria de arte municipal num edifício vermelho de aço e vidro.
O que é que uma coisa tem a ver com a outra? Não faço ideia. Mas cá para mim, devem ter começado a obra pelo jardim e, quando deram conta já não tinham espaço para fazer a catedral e a galeria de arte, e a solução foi fazer só a fachada da catedral e chamar à galeria Pavilhão de Macau.
Não, não deve ter sido isso... coisas desse género nunca acontecem nas obras...

domingo, 16 de outubro de 2011

Obrigadinho, Dr. Passos Coelho


Tenho notado ao longo dos últimos dias que o nosso Primeiro, o Doutor Passos Coelho, tem sido muito atacado. Pois bem, já que ninguém o faz, aqui venho eu defender o homem, dando a minha preciosa ajuda para dar a conhecer as suas medidas de estímulo à economia, nomeadamente à criação de emprego e ao pequeno comércio tradicional.
A semana passada fui ao Centro de Emprego, por motivos bem alheios à minha vontade. Cheguei por volta das 9h30 da manhã e fui tirar a minha senha. Aberto a apenas meia-hora e já tinha 60 pessoas à minha frente. Fiz umas contas rápidas: se cada pessoa demorasse 5 minutos, tinha ali 5 horas antes de chegar a minha vez. Aproveitei, então, para conhecer aquela parte do subúrbio da cidade. Conheci o pequeno jardim, que desenhei, e uma série de prédios mesmo bonitos. Após uma hora, fui ver como estava a correr o atendimento. Fiquei logo mais animado: em vez dos normais 5 minutos, a média estava agora em 4min30' por pessoa. A espera de 5 horas seria reduzida para 4h e 40 minutos! E bem, fui acabar de ler o livro que levei, já a contar com a eventualidade de ter que esperar, para o jardim, onde estava já um homem a dormir num banco com uma senha igual à minha na mão. E ainda dizem que o Governo não promove a Cultura...
Depois de ler o livro 2 vezes (era de BD, confesso), lá voltei ao Centro. Estava mais ou menos na média esperada. Por volta das 14h30 deveria estar a chegar a minha vez. Às 11h30, apenas duas horas depois de ter chegado, consegui lugar sentado na sala de espera. Só duas horas! Daí até às 13h45, hora em que fui chamado, foi um pulinho. Nem dei pelo tempo a passar. E reparem: 45 minutos antes da hora média a que deveria ter sido chamado!
Quando me chamaram, perguntaram-me o nome e porque estava ali. Lá respondi e mandaram-me esperar. Perguntei: "Desculpe, esperei este tempo todo só para lhe dar o meu nome?" E a senhora, muito amavelmente, respondeu: "Sim, agora tem que esperar que o chamem lá de dentro."
Esperei apenas mais 1h30 e fui logo chamado. Quando comecei a dar os meus dados pessoais, fui interrompido pela senhora que me estava a atender: "O sistema foi abaixo e vai demorar cerca de 45 minutos a reiniciar. Se ainda não almoçou pode ir agora." "Aí está", pensei eu, o apoio à economia local de que tanto fala o Governo. Com esta simples medida, o Governo prestava um apoio enorme aos cafés da zona. Procurei o café mais perto e comi qualquer coisa num instante, para não perder a minha vez.
Quando voltei ao Centro, as coisas foram mais rápidas. Dei os meus dados e a senhora conseguiu ouvir-me apesar do choros da rapariga ao meu lado e dos berros da técnica que a atendia dizendo que não podia chorar porque só piora as coisas.
No final, depois de registados os meus dados, perguntei que apoios existiam à criação de empresas e ao trabalho no estrangeiro. A resposta pronta: "Isso está tudo no nosso site. Eu já lhe dou o endereço. O que precisa de saber neste momento é que tem que cá voltar não sei quantas vezes...."
Às 16h30, quando finalmente me despachei, pude reflectir sobre aquele dia tão bem passado, e a conclusão a que cheguei foi óbvia: para além do apoio à Economia local e à Cultura, o Governo estava a fomentar nas pessoas a vontade de saírem dali e desenvencilharem-se sozinhas para criarem o seu próprio emprego ou a sua própria empresa. Está mais que visto que o Estado só estorva as boas iniciativas de empreendedorismo. Então, nada melhor do que tornar isso mesmo ainda mais óbvio para as pessoas de forma a que elas percebam que estão mesmo sozinhas nessa batalha!
Por tudo isto, obrigado Dr. Passos Coelho! E desculpe lá aquelas pessoas que não têm a capacidade de perceber as suas medidas.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Não se preocupem que não mostro os desenhos a ninguém


Já tinha percebido que fazer desenhos em reuniões onde eu estivesse a participar era algo que não se devia fazer, por razões óbvias. O que ainda não tinha percebido é que também não se deve fazer desenhos em reuniões onde não se está a participar, por razões não tão óbvias. Especialmente em reuniões de mulheres. Mas a razão é muito simples: as pessoas são vaidosas como o caraças.
E nem que seja num desenho num cadernito, querem ficar sempre bem. Assim que damos conta, estão a olhar para nós com aquele olhar de quem diz "Não me faças gorda como no desenho anterior!", "Tem atenção às minhas feições!" ou então "Nesta posição estou bem?"
O assunto da reunião pode ser da maior gravidade, que nada lhes faz alterar a expressão até que o desenho termine.
Quando era pequenito cheguei a querer ser o tipo que está nos julgamentos dos tribunais a desenhar as pessoas. Graças a Deus que não fui por aí. Só de imaginar o juiz a condenar um réu por um atentado qualquer contra a humanidade com prisão perpétua e o réu ser levado pela polícia a esbracejar e a gritar "Sim senhor, a prisão perpétua tudo bem, não tem problema. Agora desenharem uma pessoa com um nariz assim é que não se admite. Eu não merecia isto!..." perco logo o sono.
E se o gajo sair mais cedo da prisão e ainda se lembrar e quiser vingança? Este é o tipo de coisas em que é preciso pensar antes de escolher a profissão. Ah pois é.

domingo, 9 de outubro de 2011

Passei o dia na Sé de Lisboa em Coimbra


Ora aqui está o resultado de um Domingo bem passado de volta da Sé de Lisboa. O Domingo em que lá fomos também não foi mau mas o de hoje, fechado toda a tarde a pintar o desenho, foi espectacular.
E só levou cerca de 7 horas, 3 cãimbras na mão, 11 dores de pescoço, 1 queda do computador ao chão, 2 horas da minha sogra especada a ver-me a pintar, 23 "Ainda não acabaste isso?!" e uns 42 "Que boa maneira de passar um Domingo..."
E amanhã já começa outra semana...

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Pronto, já desenhei nos transportes públicos


Fui passear com a minha cônjuge (estes termos dão logo um ar mais sério a este post) a Lisboa. Como estava bom tempo e não apetecia conduzir a nenhum dos dois, fomos de Metro. Como não podia deixar de ser, levei o meu caderninho. Primeiro pelo estilo, e em segundo porque há muitos bons desenhadores que se gabam de desenhar nos transportes públicos. Onde houver alguém a gabar-se de alguma coisa, o meu orgulho masculino empurra-me para lá, pensando ele que assim faz com que não fique atrás de ninguém. Já passei umas boas vergonhas à conta do meu orgulho e desta vez, voltou a levar a melhor. Mal me sentei no metro pus-me a desenhar.
A principio estava tudo a correr bem. O metro estava praticamente vazio. A meio da viagem sentam-se duas senhoras muito faladoras ao nosso lado. Enquanto estavam a conversar sobre madeixas e cabeleireiras tudo bem. O pior foi quando se calaram e começaram a trocar sorrisinhos... "Até está parecido, não achas?" Ao que a amiga respondeu: "Ih ih ih ih ih!" Não querendo ficar atrás, a primeira ripostou: "Eh eh eh eh eh!" E assim foram o resto da viagem...
E o que é que uma pessoa faz numa situação destas? Fecha o caderno? Continua a desenhar? E se começar a ficar mal? Aqui o esperto, achando melhor não estragar o que já estava feito (no desenho e na boa impressão das senhoras), passou a fingir que estava a continuar o desenho. Felizmente a viagem acabou depressa. Tão depressa não me volto a meter numa destas, mas se alguém me vier com a conversa de que desenhar nos transportes públicos é que é bom, já posso falar. O meu orgulho só quer o meu bem.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Descobri o que as mulheres procuram num homem


Após um fim-de-semana de intenso convívio com as três figuras de estilo do desenho, posso afirmar com toda a certeza de que já sei o que as mulheres (pelo menos as que têm entre 17 e 19 anos) procuram num homem. O mundo não será o mesmo depois de reveladas as minhas conclusões porque entretanto já terão gasto 10 minutos a ler isto.
Ora bem, então sem mais delongas cá vai bomba:
Os homens querem-se fofinhos e queridos, mas também másculos. Brutos não. Mas também não podem ser muito fofinhos nem muito queridos porque senão ficam abixanados. 
É bom terem um curso superior. Pode até nem ser o que queriam, mas convém que seja um curso de homem. Se não estiverem a tirar um curso mas forem fofinhos e queridinhos também dá.
Não convém convidarem a mulher para conhecer os amigos e os pais muito cedo. Mas muito tarde também mostra desinteresse. Já o que é cedo e tarde, sinceramente, acho que nem elas sabem o que é.
Se organizarem em segredo uma festa de anos para ela com os pais dela, ganham pontos. Mas se não for em segredo, então é melhor estarem quietos. Não é fixe.
Se elas tiverem saído para se divertir com outros amigos, telefonar-lhe não é fixe. Elas querem divertir-se sem estarem a ser incomodadas. Mas se quiserem mandar sms, aí elas têm todo o tempo do mundo. Mandar sms só ocupa os dedos, o que permite que se continue a conversar com os outros amigos.
Ser bonitão é importante e um bocadinho convencido também. Mas se não forem bonitos, esqueçam ser convencidos. Tudo tem uma ordem.
Uma coisa é certa: para elas todo o tacho tem um testo (é o que aqui se chama à tampa). O que não quer dizer que, daqui a uns tempos seja o mesmo. Daí que nunca se pode perder a esperança.
Rapazes, digam lá que não estão muito mais esclarecidos? :D 

terça-feira, 20 de setembro de 2011

A partir de hoje, o estaminé está mais enfeitado


Dantes eu era um simples Desenhador Urbano. Era uma pessoa simples e gostava da vida que levava. No fundo, era feliz. A partir de hoje, tudo vai ser diferente. Vou deixar de ser Desenhador Urbano e vou passar a ser Urban Sketcher. A diferença? Um é em português e o outro é em inglês. Para além disso, faço parte da Comunidade Mundial de cromos que, como eu, fazem bonecos em caderninhos pretos. Sim, é uma espécie de seita que tem o mérito de ter tornado este passatempo numa coisa decente.
E a partir de hoje, eu faço parte.
Se tiverem curiosidade, espreitem aqui, ou no desenho na barra lateral. O meu nome aparece lá e tudo. (Eh eh!)

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Os Centros Comerciais são o melhor que Portimão tem


Na Páscoa fui com a minha senhora a Portimão. Por todo o lado chovia copiosamente, mas como nós nunca tínhamos ido a Portimão, as pessoas de lá tinham a obrigação de tratar de arranjar sol para esses dias. E o problema deve ter sido mesmo esse: as pessoas tiveram que ir procurar o sol demasiado longe e não chegaram a tempo.
Mas ainda bem. Passámos uns agradáveis dias a conhecer os dois Centros Comerciais de Portimão. Se alguém quiser saber quantos azulejos têm, ou quantas casas de banho têm os Centros Comerciais nós sabemos.
Se tivesse estado bom tempo, nunca me teria apercebido que Oysho de Portimão tem uma colecção diferente das outras lojas ou que a Zara não tem a mesma qualidade ou ainda que os biquinis são como não se vê no resto do país. E nem toda a gente se pode gabar de saber isso.


domingo, 18 de setembro de 2011

Ainda bem que concorri numa semana em que mais ninguém deve ter concorrido


Então e não é que ganhei mesmo o concurso do Fugas? Apareceu o meu desenho no suplemento do Público e no site do Fugas, mais precisamente aqui.
Bem, agora tenho que ir à net descobrir como lidar com a fama, com os jornalistas e com os paparazzis. Vai ser complicado, mas tenho que perceber que a vida não é só rosas.

sábado, 17 de setembro de 2011

Levei uma coça do meu pai


Este fim de semana vim com a Maria à casa dos meus pais. Em perspectiva tinha um fim de semana sentado no sofá a ver televisão e, sinceramente, vinha mesmo a calhar. Estava a precisar de descansar, e não há melhor sítio para descansar que a casa dos meus pais, certo? Errado.
O meu pai tinha planos ousados para a minha visita. Mal chegámos, preveniu-me que tínhamos que ir ao terreno que tem numa aldeia lá perto. A meio da tarde, preparei-me - calções e sapatilhas, e lá fomos os dois. Quando chegámos deu-me a tarefa: roçar silvas. Comecei cheio de vontade enquanto ele acartava lenha. Aos poucos comecei a sentir dores numa mão mas não quis dar parte de fraco e continuei. Fiz um fole na mão, mas continuei. De vez em quando olhava para ele, mas dele nenhum sinal de cansaço. O fole da mão rebentou e, não querendo dar parte de fraco, perguntei-lhe se ainda queria ficar muito mais tempo. Disse-me que não. Nesta fase ele já tinha acartado toda a lenha, roçado silvas e podado uma oliveira. Rocei mais algumas silvas e sentei-me quando praticamente o obriguei a achar que já estava bom.
Como ele lá disse que o trabalho estava bom, pus-me a desenhar. Ele ainda foi apanhar tomates, regar os morangueiros, arrancar umas ervas daninhas e arrumar a ferramenta.
O meu pai é um jovem e eu já não tenho idade para o acompanhar.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Está crescido, o miudo



Esta coisa dos diários gráficos tem a sua piada. Quando vasculho nos meus caderninhos os desenhos menos maus para pôr no blogue, descubro que, invariavelmente acabo a desenhar várias vezes a mesma coisa. E com o passar do tempo, isso acaba por ter uma certa piada. Faz-me pensar que quando oiço "Tu nunca mudas!" talvez haja, de facto, razão de ser nisso.
Desta vez pareceu-me bem pôr aqui dois desenhos separados de 5 anos do meu irmãozinho mais novo (que por mero acaso é uma rapariga) que comprovam que, por vezes, as pessoas mudam. Mudam da cadeira para o sofá.

domingo, 11 de setembro de 2011

Foi no Fugas


Descobri, por acaso, um concurso de um jornal (que não posso dizer qual para não ser desqualificado, e tenho que ter em conta que este blog é altamente famoso) que consistia basicamente em enviar uma sugestão acerca do sitio onde passámos férias e acompanhar essa dica com uma foto. Como tenho a mania que tenho que ser diferente, mandei este desenho devidamente pintado e uma sugestão à forreta: se forem a Maiorca utilizem os transportes públicos, que são bem bons e baratos.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Obrigado, IRS, por seres quem és


Este ano, eu e a minha senhora estabelecemos que as férias seriam onde o reembolso do IRS nos deixasse ir. Ora, como o reembolso até foi um gajo simpático e a minha senhora é mais obstinada que eu sei lá, arranjou-nos maneira de irmos até Palma de Maiorca. E digo-vos uma coisa: aquilo é sim senhor. Água quentinha (essencial para manter a minha Maria na água enquanto desenhava), pessoas (mais ou menos) simpáticas e paisagens deslumbrantes.
Tinha outra coisa, também, muito engraçada: as zonas da ilha estavam divididas por nacionalidade de turistas. Visitámos a zona alemã (cheia de discotecas), a zona inglesa (do desenho - mais snob) e a zona italiana, onde ficámos (já viram alguma vez o Jersey Shore? Era tal e qual, Guidos por todo o lado!).

sábado, 3 de setembro de 2011

Actividade Escutista em Mira


Fui, a 26 de Abril de 2008 (esta memória!) com a minha senhora a Mira, participar numa actividade escutista da Região de Coimbra. Tínhamos que passar o dia no parque de rulotes à espera de miudos para fazermos jogos com eles. O problema é que entre cada equipa de miudos tínhamos que ficar mais de meia hora à espera... Nem tudo foi mau. Rendeu-me uns bons desenhos no caderno. Quer dizer, às tantas até a garrafa de água eu desenhei, tal foi o desespero.

Viagem ao sofá


Certo Domingo, viajei até à sala da casa dos meus pais. Lá encontrei um sofá e um aquecedor debaixo de um cobertor. E encontrei uma senhora que, estranhamente, me passou a roupinha a ferro sem se queixar.
Realmente, a melhor maneira de sabermos se estamos preparados para ser pais é perceber se seríamos capazes de aturar um filho como nós próprios. Xiça.

O Caderno

Primeiro, quando mal sabemos falar, entregam-nos folhas brancas para riscalharmos. Quando entramos para a escola passamos a riscalhar no caderno da escola ou nos livros (quando a professora não está a olhar). E bem, esta inovação, no meu caso, durou até ao final do curso... O problema está mesmo quando se começa a trabalhar e se tem que ter um ar sério. Ainda insisti em desenhar no caderno do trabalho mas após uma reunião com um cliente, onde a minha chefe, disfarçadamente, me deu uma joelhada debaixo da mesa para parar de caricaturar o homem à minha frente e tentar ouvir o que ele estava a dizer, percebi que tinha que mudar. E só precisei de fazer uma pesquisa na net para ver que havia mais como eu. E a solução era tão simples: bastava arranjar um caderninho com capas em pele preta e canalizar os desenhos para lá. Passei a ter um sitio próprio para desenhar e as pessoas passaram a olhar-me de lado por ter um caderno cheio de estilo. Este objecto, não só dá dignidade ao simples facto de se fazerem uns rabiscos como também dá um estilo tremendo a quem anda com ele. Chego a andar com ele na mão só para me sentir no topo do mundo. A minha mulher fica doida quando me vê com ele. "Vais levar o caderno na viagem? Ainda vou dar em doida com o tempo que tenho que esperar que acabes os desenhos...", diz-me ela com uma ternura gritante.