quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Na cabeça dói muito


Muita gente me tem dito que preciso de treinar desenhar as caras das pessoas porque a coisa ainda não me sai muito bem. Decidido a enfrentar esta malapata, fui até a um quiosque que há na Praça Camões, em Lisboa, e pus-me a olhar para as pessoas que passavam, de caderno e lápis na mão, com um certo ar de intelectualóide.
A primeira ideia que me ocorreu foi "Já sei porque é que não costumo desenhar pessoas: elas põe-se a olhar fixamente para mim e fico com medo de ser agredido na via pública. Vou escolher pessoas que não me vejam." Por estúpido que pareça, é nas alturas que queremos que ninguém nos veja que toda a gente olha. Assim, ao fim de um quarto de hora, quando já me estavam a dar cãibras na mão por não fazer nada, decidi mudar de estratégia e estabelecer um plano: se alguém viesse ter comigo e perguntasse "Está a desenhar-me?", a minha reacção seria mostrar o caderno e não dizer nada. Aí, se a pessoa perguntasse com ar alegre: "Este sou eu?" eu confirmaria logo e o aperto passaria. Se a pessoa, pelo contrário, perguntasse chateada "Este sou eu?", a minha resposta seria: "Este? Não, o senhor é muito mais novo e muito mais bonito!" Com um bocadinho de sorte, o aperto também passaria.
Só não consegui elaborar um plano para o caso de, a seguir surgir uma pergunta do género: "É que esse boneco tem um cachecol e uma boina como eu, e também está a fumar!" Para estes casos ainda pensei em explicar à pessoa que, numa cidade como Lisboa, há muitas pessoas parecidas, mas o mais provável seria eu responder qualquer coisa do género:
"Por favor, bata-me devagarinho. E na cabeça não. Que fico maldisposto."

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Sr. Golden e Sra Kika Silva


Este fim-de-semana, quando fomos a casa da minha sogra, os cães dela receberam-nos como de costume: a andar em duas patas e a rir. Eu sei, é incrível dois cães rirem.
Quando se fartaram de nós, sensivelmente 2 minutos depois de chegarmos, foram atasanar o juízo aos gatos, o passatempo preferido deles a seguir a um que não posso aqui dizer...
Depois do almoço, deu-lhes a moleza e foram para o alpendre dormir a sesta, com o sol a bater nas costas. Quando acordaram, estavam tão espevitados que só sossegaram quando lhes prometi que lhes fazia um desenho. Não, tou a gozar. Eles quiseram lá saber do desenho.
Com a energia que tinham, acharam-se uns valentes e tentaram entrar na casa. Levaram com uns olhos da minha Maria, baixaram o focinho e voltaram para o alpendre, ao pé de mim. Armam-se em fortes e depois é assim. Mais calminhos agora, lá se deixaram desenhar. Nada como um castigo para acalmar os miudos, quer dizer, os cães. Ainda se fartaram de me tentar tirar o caderno para ver o desenho, mas logo lhes disse que tinham que ir ao blogue ver e era se queriam.
Quando viemos embora, vieram-se logo despedir. E a tristeza era tal que até vieram ter connosco em 4 patas.
Os cães da minha sogra não são duas pessoas bonitas aprisionadas no corpo de rafeiros. Os cães da minha sogra são duas pessoas bonitas.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Nasceram o Terence Hill e Bud Spencer portugueses


Sendo certo que acarreta muitas injustiças, a greve de hoje foi memorável. Quanto mais não seja, serviu para mostrar que a maior parte do povo está unido, e isso é sempre uma coisa boa.
Para além disso, Portugal viu nascer duas estrelas. Se tivessem menos 40 anos, arriscavam-se a ser os ídolos das adolescentes. Com a idade que têm, acho que têm mais pinta de Terence Hill e Bud Spencer. Sim, um magro e um gordo que, nos filmes americanos, ofereciam porrada da grossa, umas vezes defendendo os mais fracos e outras só porque podiam.
E quem, como eu, viu a conferência de imprensa ao final do dia do Carvalho da Silva e do João Proença, não ficou com qualquer dúvida.
Falaram mais de meia-hora sobre os números da greve, da manipulação do Governo e dos patrões, da importância do protesto, que receberam os parabéns de mais de 60 países e, no fim, disseram com toda a firmeza que se fosse preciso estavam dispostos a endurecer a luta.
Claro que se fosse na América, o Terence Hill teria virado a mesa e o Bud Spencer pegaria no microfone e diria "Pedro, ou defendes os mais fracos ou voltamos a parar esta porra deste país, tás a ouvir, ó c*****o??"
Mas estamos em Portugal e, à escala portuguesa, o que eles fizeram foi exactamente o equivalente a isso.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Mas o que estará este rapaz aqui a fazer com um caderno?


Esta semana fui convidado a ir desenhar uma aula de pintura da Associação de Solidariedade Social dos Professores de Coimbra. E perguntam vocês: "Mas porque é que foste desenhar uma aula de pintura?" E eu respondo: "Porque, sendo uma associação cultural, as pessoas de lá têm gosto em que pessoas de outras áreas apareçam para mostrar aquilo que fazem, demostrando que é possível fazer diversas interpretações do desenho enquanto forma de expressão e comunicação." Isso, ou então por a minha mãe ser uma das alunas. Ainda estou meio indeciso.
Mas a verdade é que foi uma tarde muito bem passada. As alunas, todas elas professoras reformadas, têm um grande sentido de humor e acharam piada a estarem a ser desenhadas. E como estavam concentradas a pintar, pouco se mexiam e acabaram por ser boas modelos.
De facto, a concentração era de tal ordem que a minha mãe só contou às colegas a história de eu fazer desenhos na missa, quando tinha 4 anos, por 17 vezes.
Por tudo isso, obrigado, mãe.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Tudo o que precisamos de saber sobre as mulheres está no IKEA


Hoje fui ao IKEA com a minha lady e, para variar, em vez de estar preocupado com a sobrevivência da nossa conta bancária, resolvi tentar perceber o que é que faz com que seja tamanho sucesso entre as mulheres. Os tipos que criaram o IKEA devem perceber tanto de mulheres que não lhes tinha ficado nada mal darem umas lições à malta. Andamos aqui todos à rasca para as tentar perceber e eles, que enriquecem todos os dias à custa delas, guardam o segredo para eles. O mais certo é serem gordos e cheirarem mal e terem criado o IKEA para se vingarem dos outros (nós, os que não são tão gordos e não cheiram tão mal) mostrando que, ninguém como eles, sabe como se dá prazer a uma mulher...
Adiante. Com a minha aguçada capacidade de observação, consegui chegar a importantes conclusões.
Estou certo de que haverá mais para além das que consegui obter, mas, no essencial, acho que o IKEA é um sucesso porque: está disponível até às 23h00 com todas as funcionalidades (e não a dormir no sofá desde as 22h15, com baba a escorrer da boca...), está sempre arrumadinho, as camas feitas, os sofás com as almofadas e a loiça no sítio certo.
Mas, para mim, aquilo que, acima de tudo, faz com que o IKEA seja um sucesso é que, tem a capacidade de, com apenas um pouco de imaginação, fazer parecer o sítio mais pequenino em algo enorme e atraente, capaz de deixar qualquer mulher espantada.
E, por isso, há que saber dar mérito aos gordos mal cheirosos que o inventaram.

PS: o desenho é da fnac no Chiado, onde até os cortinados são do IKEA. Eu sei porque tenho uns iguais...

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Ora essa, não têm de quê


O apuramento de Portugal para o Euro 2012 foi um daqueles momentos marcantes, para recordar durante bastante tempo, pelo sofrimento que provocou mas sobretudo pela alegria que daí adveio, apenas ao nível das cenas de coiso e tal entre o Marco e a Susana ou mesmo, no limite, da expulsão do Carlos, também ele, um grande rematador.
Mas não posso aqui deixar de dizer que, este apuramento se deve, em grande parte, a mim. Sim, a mim. Sempre que bebi umas cervejolas a ver os jogos da Selecção, Portugal ganhou categoricamente. Isso e cantar o hino. Quando canto o hino antes dos jogos, Portugal também ganha. Ah, e quando digo "Vai vai!" quando os jogadores portugueses estão a atacar também.
Infelizmente, foi preciso chegar a este ponto porque, contra a Dinamarca pensei que tinha cerveja em casa mas não tinha e, na 1ª mão contra a Bósnia, tive até meio do jogo às compras com a minha senhora. Eu preocupo-me com Portugal, sim senhor, mas ter comida em casa também tem a sua importância. No tempo do Queirós, andava tão desanimado com aquilo que me esquecia de cantar o hino.
Mas pronto, o importante é que correu tudo bem e Portugal vai ao Europeu. Pela minha parte não têm nada que agradecer. Mas aviso já: não sei se no Europeu estes meus poderes se vão manter. Os meus poderes variam muito, às vezes até de um jogo para o outro.

sábado, 12 de novembro de 2011

E viva os engenheiros


Fiz uma coisa que estava para fazer há já algum tempo mas que ainda não tinha tido oportunidade: fui a Lisboa passar um dia a desenhar. Este tipo de coisas só se consegue fazer sozinho, por isso, desta vez, não levei a minha senhora.
O dia, em si, foi cheio de imprevistos. Entre ouvir uma senhora aos gritos na rua a dizer que os portugueses estavam todos tramados porque ela ia mudar o nome do país e um rapaz perguntar-me se queria uma "bolota de chocolate" (miudos, esta vão ter que perguntar aos papás o que quer dizer), aconteceu-me de tudo um pouco, de maneiras que me parece que tenho histórias para contar até ao fim do ano.
Aqui, o desenho do Elevador do Carmo, esteve quase para não ser feito. Do outro lado da rua, estava um grupo de 10 trolhas, à boa vida, à espera que chegasse o engenheiro. Mas não eram uns trolhas quaisquer: eram trolhas dignos da capital, daqueles com uma enciclopédia de piropos. E não ter passado nenhuma mulher em mini-saia não os deixou enrascados. Tinham piropos para rapazolas com rastas, para velhotas, para gordos... Com receio que tivessem bocas para pessoas a desenhar na rua, preferi esperar pelo chefe deles, para trabalhar em paz e sossego.
Toda a gente sabe que os engenheiros nunca deixam ninguém ficar mal.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Quem te avisa...


Sogra - "Ô filha, ele nos está desenhando?"
Esposa - "Está, mãe, passa a vida naquilo..."
Sogra - "Achas que me posso mexer? Estou bem assim?"
Esposa - "Ó mãe, não tenhas grandes ilusões. Ele faz-nos sempre mais gordas e mais velhas..."

Cinco minutos mais tarde:
Sogra - "Ah, deixa lá ver!"
Esposa - "Estás a ver, mãe. Eu avisei-te."
Sogra - "Ah... Pois... Não... quer dizer... Essa sou eu?... Pois, não... Ah... Está giro, está... Pois..."
Esposa - "Eu avisei-te!"

Sogra - "Pois... Então, e quando é que vocês vão ter um bebé?"

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Isto é que é qualidade de vida


Fui com a minha cara-metade (desta ninguém estava à espera) com uns amigos a casa de um casal amigo, na Espanha, a quem já estávamos a dever uma visita há bastante tempo.
A viagem foi rapidíssima. Mal tive tempo de dormir 3 horas no carro e, antes que desse conta, estava na Corunha, à porta deles.
No fim-de-semana muito agradável que lá passámos, saltou-nos à vista a excelente qualidade de vida na Espanha. A cidade é muito bonita, tem muitos espaços verdes e a vida social é muito privilegiada. De tal forma que o filho do casal que fomos visitar se dá ao luxo de acordar à hora que quer, comer quando quer e só o que quer.
Claro que haverá sempre quem diga "Mas o filho deles tem 1 mês e 3 dias de vida! É um bebé!" Mas a essas pessoas eu digo "Se com 1 mês e 3 dias de vida, ele já tem esta qualidade de vida, há boas probabilidades de vir a ser Presidente da República."
E que pai não quer o melhor para o seu filho?

PS: Pessoal, já encontrei a carteira e não ficou aí na Corunha. Ficou no nosso carro, à vista, ao pé da manete das mudanças. E nem precisámos de chave para abrir o carro.