segunda-feira, 30 de abril de 2012

Vai uma mãozinha?

A coisa em Portugal está preta. Já todos sabemos disso. Mas, de vez em quando, eis que surgem oportunidades que é preciso agarrar antes que desapareçam sem darmos conta.
Há uns dias, a Princess Pea, uma empresa de ilustração, disponibilizou uma vaga para um ilustrador. Para ficar com a vaga, era necessário enviar uma ilustração para o Facebook da empresa e, de entre todos os participantes (e foram 92...) ser o mais "gostado".
Só havia um problema: tinha que ser uma imagem fofinha... Fui à gaveta, vasculhei, vasculhei e encontrei esta. Dei-lhe uns retoques e enviei.
E é aqui que todos vocês entram. Pois é. Precisava de um "likezito" AQUI. Custa tão pouco e pode ter um efeito tão grande!
Conto convosco para gostarem, e, se não for pedir muito, para partilharem!
Obrigado a todos!

(esta coisa anda-me a deixar tão nervoso que nem me saem piadolas de jeito...)

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Tudo depende da agenda, e do Cristovão...


Há uns dias, fui convidado para ir fazer mais uma reportagem desenhada (é como eu gosto de lhes chamar) a uma peça de teatro play-back (é um tipo de teatro onde a plateia, em plena peça de teatro, é chamada a contar histórias pessoais que, de seguida, são encenadas pelos actores) que decorreu no Teatro Taborda, na Costa do Castelo, em Lisboa, e até teve direito a beberete no final.
Ir desenhar a eventos é sempre uma coisa engraçada. Fica-se a conhecer uma série de pessoas e de sítios e ajuda a combater a timidez. Não a minha, que essa é tramada. Combate é a timidez da Maria, de cada vez que alguém vem meter conversa e eu estou mudo e surdo, no mundo da bonecada.
Mas até por tudo o que se aprende, sempre que me contactam, e desde que tenha disponibilidade para ir, gosto de desenhar em eventos.
Por exemplo, se me contactarem da UEFA para ir desenhar a Final da Liga dos Campeões, ou da Liga Europa, como ainda não tenho nada marcado para esses dias, sou capaz de lhes fazer o jeito. E estou aqui a ver que o jogo do Sporting contra a Briosa também calha num dia em que não tenho nada.
Bem, vou ver se falo com o Paulo Pereira Cristóvão, o vice do Sporting, para me dar umas lições. Se há alguém que consegue impor a sua presença nalgum sítio, é ele.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

"25 de Abril às vezes! 25 de Abril às vezes!"


Ontem estava a ver um daqueles programas da SIC Notícias, onde os telespectadores telefonam para dar a sua opinião, em que o tema era o 25 de Abril. Sim, eu sei. Estive a ver um programa para reformados, mas de outra forma nunca chegaria a saber que a D. Odete é rouca porque já trabalhou na feira e agora é reformada com 156 €.
Ainda antes dos telefonemas, passaram uma reportagem com entrevistas a universitários em que lhes perguntavam se sabiam o que tinha acontecido em 74. Só 10% respondeu certo. Assim que terminou a reportagem, a jornalista pivot pediu um comentário ao convidado em estúdio. "Lá vão outra vez dizer mal dos universitários", pensei eu, mas enganei-me. O que o idiota, perdão, o comentador disse, foi: "É bom sinal que os jovens não saibam o que foi o 25 de Abril. Isso significa que não se identificam com os valores de antes do 25 de Abril, mas sim com os valores de agora." Eu também não conheço muito sobre música clássica, mas não faz mal, porque me identifico com a música de hoje em dia.
Passados alguns segundos, telefona o sr. tenente coronel Inácio, de 62 anos, a dizer que se soubesse o que isto ia dar, tinha ficado quieto no quartel, porque não foi para isto que ele andou a lutar.
Alguns minutos depois, lá telefonou o sr. Humberto, de 58 anos, da Pontinha, reformado por invalidez da construção civil, a dizer que isto era bom era no tempo do Salazar. Para quem não sabe, os reformados tiram à vez quem é que telefona para o programa diariamente a dizer isto.
Ligou a D. Otília, que deu os parabéns pela intervenção da D. Odete, e perguntou à jornalista se ela se lembrava dela. Acrescentou que tinha os dois filhos muito bem no estrangeiro e desligou.
Por fim, telefonou um tipo desempregado, dos seus 30 e poucos, a dizer que no tempo do Salazar é que era bom, e que nunca perdoaria ao Mário Soares a entrada de Portugal na, então, CEE. Fiquei chateado com este telefonema por duas razões. A primeira porque de certeza que ele não foi ao sorteio para saber quem ligava a dizer isto e não respeitou as regras do sorteio (quem ganhou neste dia tinha sido o sr. Humberto) e, depois, porque sendo um gajo novo, é um perfeito idiota. E dois idiotas no mesmo programa torna-se complicado de aguentar. A sorte deles foi que experimentei o "Você na TV" do Goucha e voltei logo com o rabinho entre as pernas.

A mim parece-me que os portugueses nunca souberam lidar muito bem com a Liberdade. A Liberdade dá um trabalho do caraças e uma responsabilidade tremenda. No tempo do Salazar, não havia liberdade mas as pessoas sabiam quem culpar por isso. A culpa estava no ditador. Depois do 25 de Abril, a coisa já passou a ser diferente. As pessoas passaram a ter liberdade mas, com ela veio a responsabilidade sobre os actos praticados. E essa, as pessoas nunca a tinham experimentado e, parece-me que ainda há muita gente que não sabe lidar com ela.
Se há eleições, deve-se ir votar. A abstenção em Portugal chega aos 40%, quase metade e, muitos dos votam fazem a sua escolha por uma questão de simpatia, sem nunca se interessarem pelo programa defendido por cada candidato. Se há Governos corruptos, façam-se manifestações até eles caírem. Se os juros do crédito à habitação forem muito altos, aluga-se casa, se não se pode ter dois filhos, tem-se um, se a televisão plasma for muito cara, vê-se numa mais pequena e não se vai aquelas empresas que cobram 25% de juros sobre o dinheiro emprestado, se não se sabe o dia de amanhã, poupa-se, se a empresa não está bem, não se renova a frota... Não resolvia todos os problemas do país, mas dava uma grande ajuda.
Ultimamente vejo muita gente a culpar o Sócrates por atitudes que, também eles próprios, tiveram nas sua economias domésticas. Gastou mais do que podia. E agora alguém vai ter que pagar.
E chateia-me pensar que, possivelmente, muitos dos que o criticam até o elegeram duas vezes...

sábado, 21 de abril de 2012

Mais uma fichinha, mais uma voltinha


Quando concorri ao concurso das sardinhas, apanhei o gosto aos concursos e resolvi concorrer também ao concurso para a criação da mascote das livrarias Bertrand. Naquela altura deu-me para isso e, apesar de não ter ganho nenhum dos concursos, fico contente por não me ter dado para ir lutar com elefantes ao Jardim Zoológico. O resultado era capaz de ser pior. O rei de Espanha que o diga.
Só espero é que, depois de duas tentivas falhadas, a minha família e os meus amigos comecem a perceber que têm que se mexer para fazerem parte dos júris para ver se começo a ganhar qualquer coisita, que isto de andar a concorrer para nada não tem grande jeito.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Tenho uma lágrima no canto do olho


Este fim-de-semana tive cá em casa o pessoal da faculdade a jantar. Tenho fama de forreta (e talvez, só talvez, um pouquinho de proveito...) mas quando trago amigos a casa, gosto de os servir bem.
O problema é que, quando saio da minha zona de conforto - o forretismo, nunca sei bem como é que as coisas funcionam. Quem me confia a organização de uma refeição, coloca as suas expectativas na zona entre a massa com atum e a massa à bolonhesa, com carne de porco, claro, que é mais barata que a de vaca. Por isso, acabo sempre por sentir uma enorme pressão na hora de deitar as mãos à massa. Não à massa com atum ou carne. À massa, ao trabalho, ao... Acho que já deu para perceber.
Como já estávamos a entrar em stress pré-traumático, eu e a Maria decidimos que a comida do prato principal seria comprada já feita, para termos tempo de organizar tudo: a arrumação da mesa, as entradas, o prato principal e as sobremesas, que a chefe cá de casa não deixa em mãos alheias. Sim, até entradas tivemos, e não estou a falar das entradas das pessoas em casa.
Continuava a faltar a escolha do prato principal. Lembrei-me de frango de churrasco por ser uma coisa prática de comer e resolvi colocar a hipótese à consideração da malta. A resposta foi positiva, mas em todos não pude deixar de notar a recomendação que me deram de comprar muito, em muita quantidade.
Aquilo era, certamente, o medo de passar fome a falar mais alto mas bem, apesar de não ser meu costume, assim fiz. E correu tudo lindamente.

Tão lindamente que, ao querer organizar um jantar, acabei por organizar 5 jantares e 4 almoços. Frango de churrasco é bom, mas 5 dias seguidos, ao almoço e ao jantar é capaz de já não ser grande coisa... Até porque as coxas voaram todas no primeiro dia e o peito de frango, ao 4º dia já parecia pasta de papel. Pasta de papel com geleia de gordura de frango por cima... Hummm!...
Mas hoje, finalmente, após 4 dias de sofrimento, vi novamente a luz (do frigorifico, que o frango escondia) e, por isso, voltarei a perguntar com orgulho e talvez quem sabe, uma lagrimita no canto do olho, de emoção:
"O que é que se faz para o almoço?"

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Vou passar a andar sempre em pé e de capacete


Há um problema muito grave nos transportes públicos, que tem vindo a afectar muita gente, nomeadamente a mim, e sobre o qual não vejo ainda ninguém falar. É um problema que me causa sempre imensas dores de cada vez que uso os ditos transportes, sejam os autocarros, o metro ou outros quaisquer. E não vale a pena andar aqui com rodeios. O que me causa estas dores tão penosas são os velhotes. Sim. Os velhotes.
De cada vez que utilizo os transportes, lá estão eles. Ou melhor, de cada vez que utilizo os transportes públicos sentado. Mal me sento, já sei que na paragem seguinte vai entrar uma série de passageiros com idade superior aos 65 anos. Se for em pé, não entra um único.
Ora, imediatamente após a entrada deles, nas alturas em que vou sentado, começam logo as primeiras dores, mais ou menos na testa, numa zona que eu acho que se chama consciência. Tento olhar para o lado, ler o jornal, olhar para o tecto mas, quanto mais paragens vão passando, mais velhotes vão entrando até que as dores se tornam insuportáveis e tenho que ceder o meu lugar a um deles. E quando me levanto, o maquinista, ou motorista, por estranho que pareça, farta-se de conduzir com suavidade e passa a conduzir aos arranques fazendo com que eu ande aos encontrões a outros passageiros, às paredes ou a outra coisa qualquer. Aqui surgem dores mais variadas, em zonas a que eu chamo pernas, braços, costas ou pés.
Há uns dias, entrei no metro e estava repleto. Respirei fundo de alívio e encostei-me, em pé, a uma porta, todo satisfeito. Na paragem seguinte, entram duas criancinhas acompanhadas pela mãe. As crianças põe-se em pé à minha frente, agarradas a um varão. Umas paragens à frente, uma rapariga da minha idade, levanta-se e pergunta à primeira se não queria o lugar dela. Ela responde que não e a rapariga pergunta à segunda, que estava mesmo à minha frente. Esta fica hesitante e, aí, eu estive quase para lhe implorar que não aceitasse. Felizmente, ela recusou e a rapariga voltou a ocupar o lugar sentada. É que nesse mesmo momento eu percebi o que se estava ali a passar: a rapariga sofria do mesmo problema que eu na vertente de criancinhas, uma vertente mais rara. E caso alguma das miúdas tivesse aceite o lugar, o maquinista iria passar a conduzir de forma menos suave e o mais certo era eu levar com a rapariga em cima.
E nesse dia não levava as caneleiras.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

O meu chefe é pior que o teu


Depois de vários dias a matutar no assunto, e de mais dois a passá-lo ao papel, e de mais trinta à espera do resultado... a coisa não correu como eu gostava. O júri do concurso das Sardinhas da Câmara de Lisboa não apreciou a minha sardinhoca. Tenho pena, que 2500€ vinham mesmo a calhar, mas, infelizmente, é a vida.
Isto de participar em concursos requer uma certa capacidade de encaixe, e de humildade, para perceber que, para além de haver quem seja melhor, os vencedores são, antes de mais, a escolha de um determinado júri. Se o júri fosse diferente, certamente que os vencedores também seriam diferentes. Até aposto que se o júri fosse constituído pela Maria, os meus irmãos e os meus pais, a coisa não me escapava. Talvez tivesse que fazer jantares românticos durante uma semana, lavar a loiça durante um mês, cavar o quintal todo dos meus pais, mas acho que não eram pessoas para me recusar o voto.
Mas há pouco, estava a dar uma visto de olhos pelo Público, e parece que há concorrentes que perderam, mas que já estavam a fazer planos para os prémios monetários do concurso (mesmo antes de saírem os resultados) que não gostaram de saber que o júri não tem um gosto tão refinado, no que toca a sardinhas, como o seu. A notícia dizia que a organização já recebeu um chorrilho de queixas, de concorrentes que perderam, por causa de alegadas irregularidades de algumas sardinhas seleccionadas e porque um dos jurados é director da empresa onde trabalham as três pessoas que desenharam a sardinha que ficou em primeiro lugar.
Sinceramente, não percebo qual é o problema. Toda a gente se queixa dos chefes. Quando há um que faz uma coisa boa pelos seus trabalhadores saltam-lhe todos em cima...

terça-feira, 10 de abril de 2012

Só pelo hall de entrada, já merece a visita


Aqui há uns tempos, fui convidado para ir desenhar a uma feira de trocas ao vivo, no edifício da Cruz Vermelha Portuguesa, ali perto de Alcântara. Geralmente, quando tenho que estar a desenhar ao pé de muitas pessoas, gosto de levar a Maria. Primeiro pela companhia, claro. E depois porque quando ela está ao pé de mim, sempre dá para disfarçar o que estou a fazer e não atrair curiosos. A sensação de ter alguém a olhar quando desenho é a mesma de quando o professor ficava especado ao pé de nós quando tínhamos teste: o cérebro fica em branco, a mão congela e parece que sai tudo mal.
Ora, desta última vez, a Maria não podia ir e eu fiquei sem ninguém para me dar alguma cobertura. E companhia, claro. O principal é a companhia. Resultado: tive que arranjar um plano alternativo: ir desenhar para sítios onde não houvesse gente.
Dei duas voltas ao edificio e lá descobri o hall de entrada, de onde dava para ver a feira, através da porta, e onde não havia ninguém. Era o sítio indicado para um bicho do mato como eu. Quando me estava a instalar num sofá, aproxima-se de mim a dinamizadora da feira, que me tinha convidado:
"Então, estás aqui? Estava à tua procura. Vieste desenhar o hall? É espectacular, não é?"
"Ahhh, pois... pois é. É que é mesmo bonito. É para aí o hall mais bonito que já vi..."
"E lá dentro, já lá foste desenhar?"
Respiro fundo e:
"Estava mesmo a ir para lá!..."
A falta que me faz a Maria. Pela companhia, claro.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Deviam ter detido seis


Não sei se sabem, mas foram detidos cinco jovens na Lousã, por posse de droga.
Os militares da GNR, envolvidos na operação, usavam coletes salva-vidas pretos (daqueles que boiam) e botas 3 números acima (para não apertarem os pés). Um dos jovens presos, cortava a droga no hall de entrada do apartamento com chão de soalho. O aquecimento no apartamento estava desligado, daí o jovem estar de casaco, mas, no corredor do prédio, estava no máximo.
Na verdade, deveriam ter sido presos seis jovens. Cinco por tráfico de droga e um por assassínio de capas de jornal.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Belos tempos


Esta semana, ando a frequentar um workshop na Faculdade de Belas Artes. Uma coisa fina, portanto.
É sempre engraçado voltar a ter aulas e descobrir que, dentro de nós, há sempre mais potencialidades por explorar, por muito que achemos que a coisa não dá para ir além de determinado ponto.
Mas, apesar desta boa sensação, não pude deixar de ficar preocupado com os jovens portugueses, ou melhor, com o futuro dos jovens portugueses. Acho que só faltava mesmo eu e agora, finalmente, já estou.
Está certo que não foi nesta faculdade onde acordei para vida mas, mesmo assim, por incrível que pareça, ainda não vi por lá estudantes a jogar à sueca no bar, a baldarem-se às aulas, a falar sobre o Emerson do Benfica, a andar atrás de miúdas, enfim, coisas próprias da maturidade que os universitários já costumam ter... O que será de uma geração de estudantes portugueses que vão às aulas, passam no corredor, nos intervalos, a falar sobre os trabalhos que têm para fazer e não têm tempo para estar no bar a aperfeiçoar os dotes da batota na sueca?
Eu não sei, mas acho que a Alemanha, a Suécia, o Brasil, Angola, Moçambique, e outros do género, devem estar aí quase a descobrir.