tag:blogger.com,1999:blog-70102570873580424502024-03-13T16:42:13.507-07:00Viagens no meu CadernoViajo muito. Do quarto para a sala, da sala para o wc, de casa para o trabalho. Não, a sério, viajo muito. Já fui a vários Continentes mas, às vezes, na loucura, gosto de ir a um bom Pingo Doce. E gosto de registar as minhas viagens no meu Caderno.tiago lealhttp://www.blogger.com/profile/04379131938071304176noreply@blogger.comBlogger214125tag:blogger.com,1999:blog-7010257087358042450.post-37412516766390349702014-08-16T03:24:00.001-07:002014-08-16T03:50:44.069-07:00O curry de lentilhas do Chef Quico é o melhor que já comi<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-3spWw0LHBNg/U-8xZ1j5f7I/AAAAAAAABpA/QwNWY7zZB8k/s1600/cinema.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-3spWw0LHBNg/U-8xZ1j5f7I/AAAAAAAABpA/QwNWY7zZB8k/s1600/cinema.jpg" height="308" width="400" /></a></div>
Uma das coisas boas de passar <strike>montes de</strike> algum tempo no facebook é que, de vez em quando, aparece um passatempo de uma página qualquer onde a única coisa que é preciso fazer para ganhar um prémio (quase sempre da treta) é fazer um comentário num post dessa mesma página.<br />
Num destes dias, no <strike>imenso</strike> pouquíssimo tempo que estive ligado tive a sorte de ver um desses passatempos, que não podia ser mais simples: os primeiros 5 a copiar uma frase do post da página e a colá-la em comentário ganhavam um convite duplo para a ante-estreia do filme "A viagem dos cem passos".<br />
O filme tinha aspecto de ser fraquinho. Ainda por cima, porque carga de água haveria eu de querer ver um filme sobre culinária quando, diariamente, <strike>para ganhar o direito a poder ver futebol</strike> a vontade ver a Maria feliz me fazia sujeitar a 2 horas de MasterChef, Chef's Academy, The Taste, Hell's Kitchen e Pesadelos de Ramsey? A resposta era simples: porque era à borla. Aliás, por este preço, nem que o filme fosse sobre a depressão pós-parto de uma mosca da fruta eu deixaria de concorrer.<br />
Fiz o comentário no post (fui logo o primeiro) e esperei dois segundos. Por estranho que parecesse, não estava a haver uma inundação de comentários. Estranhei mas mandei uma mensagem à minha irmã, que também <strike>passa lá montes de tempo</strike> estava ligada por coincidência, para lá por o comentário e ela também ganhou o bilhete duplo. Horas mais tarde, só 6 pessoas tinham comentado, e todas tinham ganho - até se davam ao luxo de oferecer mais prémios do que o que tinham anunciado... Das duas uma: ou as pessoas tinham ido todas para a praia ou... ou tiveram milhares de imprevistos de última hora que as impossibilitaram de concorrer. Ninguém no seu juízo desperdiça um prémio à borla.<br />
Assim, com as expectativas nos píncaros, lá fomos ver o filme: eu, a Maria e a minha irmã.<br />
À chegada, perguntei onde deveríamos levantar os bilhetes e informaram-me que... nem bilhetes havia. "É só ir para fila e dizer o nome." Bonito. Olhamos para a fila e vemos... 6 pessoas a olhar para o tecto. Espectacular. Nessa altura, o que me consolava é que havia milhares de pessoas a regressar a casa depois de um dia de praia a chorar baba e ranho por não terem visto esta oportunidade única por estarem numa qualquer praia a <strike>divertirem-se</strike> apanharem um escaldão. Bebemos um cafezito para ganhar coragem (e dar tempo à fila de entrar na sala, claro) e lá fomos nós, uns minutos já depois da hora marcada - sim senhor que só concorremos porque foi à borla mas não convém dar um ar de desesperado.<br />
A sala do fime era daquelas em que se entra de costas para a plateia e se tem que percorrer um corredor até ao pé da tela para depois dar meia volta e subir umas escadas até ao lugar. Ao entrarmos, quando já me preparava mentalmente para dormir uma boa soneca, aparece-nos ao fundo do corredor o <a href="https://www.google.pt/search?q=chef+quico&espv=2&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=rDPvU4ebAuq40QW-koH4Ag&ved=0CCYQsAQ&biw=1242&bih=641" target="_blank">Chef Quico</a> (o tipo do Chef's Academy e dono do restaurante O Talho) vestido com a sua jaleca, que, ao ver-nos, se dirige a um funcionário da sala e diz:<br />
- É melhor mais uns minutinhos que ainda há gente a chegar. Já se sabe como os portugueses são...<br />
Passamos pelo homem (eu agradeço-lhe a amabilidade sem saber bem porquê - mas se é famoso agradece-se) e viramo-nos para a plateia para nos sentarmos e é aí que a realidade nos atinge: o raça da sala estava à pinha e o homem estava ali com o seu <strike>ajudante</strike> sous chef para dar uma <strike>aula de cozinha</strike> masterclass antes do filme.<br />
Sentamo-nos na única fila onde ainda cabiam 3 pessoas juntas e, 5 minutos depois, o homem começa a cozinhar <strike>lentilhas picantes com frango</strike> curry de lentilhas com peito de frango e chutney de masala de especiarias, frutos secos e sultanas picadas com pele de frango estaladiça frita numa cozinha improvisada junto à tela. Caramba, uma pessoa esforça-se por ganhar um bilhete de cinema para ter uma noite diferente do normal (sou bombardeado todos os dias com o "nunca fazemos nada diferente...") e, no fim, é tudo igual: o mesmo programa, o mesmo apresentador, as mesmas roupas, as mesmas piadinhas e até os mesmos comentários da plateia ("Ah, viste como ele preparou o chutney? E a masala de especiarias? Que coisa espectacular!"). Ok, talvez não tenha sido bem igual: em casa a única coisa que se engole a ver os programas de cozinha é a própria saliva, aos litros. Ali toda a gente teve direito a um copinho com uma amostra daquilo que o homem estava a cozinhar.<br />
Depois da aula veio o filme. Com a produção da Oprah Winfrey acho que tinha obrigação de ser mais do que uma história em que um pobretana tem um dom para a cozinha e chega ao topo a cozinhar comida que <strike>parece que</strike> dá um orgasmo a quem a come, mas pronto, o copinho de lentilhas deu para aguentar o filme. Quer dizer, deu para aguentar os primeiros 5 minutos. E passar o resto a perguntar à Maria: "Vais comer o teu? Vais comer o teu? Vais comer o teu? Vais comer o teu?"<br />
Não sei como é que ela fez, mas o copinho dela durou 3 dias cá em casa e devia ter sensores de alarme altamente disfarçados porque sempre que me aproximava a menos de 10cm, ela descobria.<br />
<br />
De tudo isto, o mais importante é que, da próxima vez que alguém me pedir uma sugestão para um restaurante, eu vou dizer do alto da minha arrogância (e com um tom de indiferença na voz):<br />
"Já foste ao do Chef Quico? Comi há dias um curry especialmente preparado por ele que estava uma delícia."<br />
(Tenho é que ficar a torcer para que seja alguém que ainda não tenha ido ao restaurante do homem. Porque se me responderem que esse já conhecem, não me parece que sugerir o Mac os impressione, se bem que o novo hambúrguer é bem bom...)tiago lealhttp://www.blogger.com/profile/04379131938071304176noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7010257087358042450.post-71411833301981972192014-08-08T14:35:00.000-07:002014-08-08T14:46:44.479-07:00Desconfiem sempre dos furúnculos que se mexem<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-6j-lB5l1YhY/U-VCYlA2FYI/AAAAAAAABoo/AFfr3eEPhcc/s1600/carra%C3%A7a.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-6j-lB5l1YhY/U-VCYlA2FYI/AAAAAAAABoo/AFfr3eEPhcc/s1600/carra%C3%A7a.jpg" height="308" width="400" /></a></div>
<br />
Eram três da manhã e as dores eram tão insuportáveis que me já impediam de dormir. Ao longo daquela semana, o que começara como uma leve impressão na nádega direita, tinha-se tornado numa dor avassaladora. Aos poucos, tinha deixado de me conseguir sentar direito, deitar-me de lado era impossível e andar já me começava a custar. Até as calças já me doíam só de as vestir.<br />
Eu conhecia bem aquela sensação: furúnculos no rabo foi um petisco que a minha adolescência me reservou durante uns anitos, dia sim, dia sim. Se nos primeiros me tinha apressado a espremê-los, sofrendo ainda mais com isso, não tardou que me habituasse a nem sequer lhes tocar, para não infectarem e passarem mais depressa. Na adolescência eu até entendi a coisa - foi o preço a pagar para me tornar num belo e possante macho latino, capaz de deixar qualquer miúda doida com o seu rabo peludo. Mas aos 32 anos? Aquilo era estranho mas o que é certo é que o hábito de não lhes mexer ficou e, por mais que a dor fosse aumentando, durante uma semana nem lhe toquei.<br />
Mas naquela noite estava a ser demais. Já ia sendo tempo daquela coisa secar e desaparecer. Já em desespero, passo lá a mão para ter noção do vulcão que se estaria ali a preparar. Ao sentir aquele Evereste nos dedos, o primeiro pensamento que me ocorreu foi:<br />
"Que engraçado. Já não tinha borbulhas no rabo há tanto tempo que até já me tinha esquecido que elas se mexem..."<br />
Meio segundo depois, o horror, o desespero, <strike>a maturidade de um puto de 10 anos</strike> apoderam-se de mim. Eu não conseguia ver mas tinha a certeza do que ia gritar aos ouvidos da Maria, que dormia indiferente à tragédia que se estava ali a preparar:<br />
"Tenho uma carraça no rabo! Acorda! ´Tás a ouvir? Teno uma carraça no raabooooo..."<br />
Baixo os boxers e a Maria, meio ensonada, exclama:<br />
- Ahhhhh, tão grande!<br />
- <strike>Eu sei mas preocupa-te agora com a carraça, caneco.</strike> É mesmo uma carraça?<br />
- É e está a entrar para dentro do teu rabo. É como aquelas que se vêem nos cães vadios...<br />
- Não pode ser assim tão grande...<br />
- É é. É enorme!<br />
Se precisarem de alguém que diga umas mentiritas para se sentirem melhor, não chamem a Maria. A sério. À minha cabeça começavam a chegar imagens de um acampamento onde eu tinha estado na semana anterior e onde um miúdo de uns 12 anos tinha apanhado uma nas costas e, após muito escarafunchar com uma pinça, teve que ser levado para o Centro de Saúde onde lhe fizeram um corte a sangue frio para a tirar (que lhe coseram novamente a sangue frio). Se um miúdo com 12 se tinha fartado de chorar, era certinho que eu també...<br />
- Não não, não a tentes tirar directamente com as mãos! Vai buscar uma pinça! Ai meu Deus... estou perdido...<br />
Vinte segundos depois, que pareceram uma eternidade, a Maria voltava com a pinça das sobrancelhas.<br />
- É melhor desinfectar isto. Sabes onde está o álcool?<br />
- Eu não, não faço ideia, procura. Mas despacha-te!<br />
- Já procurei e acho que não temos. Se tivéssemos vodka como nos filmes... Achas que se passar a pinça por Licor Beirão faz o mesmo efeito?<br />
- Ao preço que ele está? Esquece isso. Usa água oxigenada.<br />
De regresso ao quarto já toda equipada, a Maria despeja-me água oxigenada em cima da bicha. Estava a cerrar os dentes a preparar-me para um ardor lancinante quando... nada. Não senti nada. A água oxigenada já estava mais que morta...<br />
- Bem, vou começar a tirá-la.<br />
Depois da Maria ter dito aquilo, tive a sensação do tempo ter parado. Não que eu tivesse deixado de falar aos berros, para a ajudar a concentrar-se para tirar melhor a carraça, claro. Mas a possibilidade de lá ficar a cabeça enfiada, ou uma pata que fosse, e ter que ir ao hospital abrir um buraco (num sítio onde já tinha um que chegava perfeitamente) era assustadora.<br />
Ao fim de dois minutos, o prognóstico:<br />
- Pronto, tirei tudo. Consegui que ela saísse inteira.<br />
- A sério, não ficou lá nada? Olha que se ficar uma pata, infecta. Tiraste mesmo tudo? Tiraste? Tens a certeza? Nem uma orelhita lá ficou? Nada? Contaste as patas? Não contaste as patas! Pode lá ter ficado alguma! Tens a certeza? Não estás muito convincente... Mostra lá o que saiu.<br />
- Dorme! Saiu tudo e não ta vou mostrar. Era enorme.<br />
- Enorme? Enorme mesmo? Enorme como? Ai que caneco. Se calhar tinha mais patas que as outras... Pronto, já estou tramado... Saiu mesmo tudo? Ainda sinto aqui um alto!... Ficou cá alguma coisa. Eu estou a sentir... Devíamos ter usado o Licor Beirão... Pronto, eu sabia.<br />
- Tá inchado. Dorme. Até amanhã.<br />
<br />
Agora a sério, eu não sou assim tão lingrinhas. Só precisei de um mês para deixar de achar que cada comichãozita que sentia era uma carraça. E, depois disto, também só tentei arrancar dois sinais das costas, em duas ocasiões em que estava sozinho em casa, por achar que os sacanas se tinham mexido. Ah, e arranquei também uma crosta de uma ferida que tinha ao pé do rabo, que até me arregalei de dor. Mas essa eu tenho a certeza que se mexeu. De certezinha. Mesmo a gozar comigo. Era uma crosta de uma mordidela do gato, mas mexeu-se.<br />
Ou não fosse eu um macho latino com o rabo cheio de pêlo.tiago lealhttp://www.blogger.com/profile/04379131938071304176noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7010257087358042450.post-66106120600842852452014-03-07T02:50:00.001-08:002014-03-07T02:50:20.225-08:00Não consigo viver a vida ao máximo...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-HZ8Dntfbk0A/UxmkFo__LCI/AAAAAAAABj4/GJFw62_xCCo/s1600/elevador+do+pr%C3%A9dio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-HZ8Dntfbk0A/UxmkFo__LCI/AAAAAAAABj4/GJFw62_xCCo/s1600/elevador+do+pr%C3%A9dio.jpg" height="308" width="400" /></a></div>
<br />
Há dias, estava eu a entrar no meu prédio, carregado com uma botija nova de gás, e o meu vizinho (que em segredo apelido de <i>BetterMan</i> porque está seeeeeempre a cantar essa música dos<i> Pearl Jam</i> no apartamento ao lado do meu), que vinha com o filho de 4 ou 5 anos à minha frente, resolveu esperar por mim dentro do elevador, segurando-me a porta aberta e tudo.<br />
Olhei para a cara dele, olhei para a do puto, ambos dentro do elevador, e a coisa não me cheirou bem. Insisti que subissem que eu iria no próximo, mas como já me estavam a fazer má cara, acabei por entrar.<br />
E não tardou muito para ter a confirmação de que tinha sido má ideia. O <i>BetterMan</i> carrega no botão do 3º piso (onde ambos vivemos) e o elevador não reage. Ficamos ali uns segundos a olhar uns para os outros e, sem que nada o fizesse crer, o homem manda um murro na parede do elevador. "Às vezes é preciso."<br />
Oi? É preciso? Claramente que o elevador não concordava com a ideia, porque nem se mexeu. Quer dizer, não se mexeu logo, porque ao fim do 3º murro lá se decidiu a subir. Também, era isso ou ficava todo amassado.<br />
Depois daquele arranque atribulado, começa-me o puto aos saltos dentro do galinheiro. Aquilo já abanava por todo o lado e o paizinho nada. Até que, com ar de frete, o homem lá diz ao <i>BetterSon</i>: "Pára lá com isso." mas o puto nada. Continua naquele saltitanço constante e eu não me contenho e digo ao homem, disfarçando o pânico que me começava a correr pelas veias: "Pois, sabe, nunca fiando... Era melhor parar..."<br />
O homem vira-se para mim e diz: "O elevador não cai, fique descansado. Eu só me chateia ele estar a saltar porque quando começa já não pára."<br />
Chegamos ao 3º piso. O <i>BetterMan</i> e a papoila saltitante (aos saltos desde o rés do chão e a continuar mesmo depois de sair do elevador) saem para o apartamento ao lado do meu e eu fico uns segundos para trás a sentir-me miseravelmente. Ali estava um homem (com uma péssima voz, é certo) com um filho sem receio de viver a vida ao máximo. Eram aventureiros, conquistadores. Faziam o que lhes dava na real gana sem pensar no perigo que poderiam correr. E eu ali, a um canto, cheio de suores frios. Sempre agarrado a pequenos pormenores que não me deixavam viver a vida na sua plenitude.<br />
Como o pormenor daquela vez em que, dentro daquele mesmo elevador, tive uma viagem que parou a meio do 2º piso porque o elevador não quis subir mais. Ou daquela, em que o elevador me deixou no 8º piso, mesmo tendo carregado no 3º. E, depois de voltar a carregar no 3º me deixou no 5º. E depois no 7º. E depois no 2º. Ou naquela em que, durante uns 10 minutos, o elevador andou entre os 2º e o 4º piso (tipo ping-pong) sem ninguém lhe ter dado ordens para isso e sem nunca parar, com a Maria a gritar do lado de fora "O que é que eu faaaaaçoooooo?"tiago lealhttp://www.blogger.com/profile/04379131938071304176noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-7010257087358042450.post-42799973256210068832014-02-27T07:30:00.000-08:002014-02-28T00:22:14.293-08:00Regresso em grande (mesmo grande)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-EMHoLrTESmQ/Uw9Z6lMoZ9I/AAAAAAAABjU/ysXVVGTWUQ4/s1600/assalto.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-EMHoLrTESmQ/Uw9Z6lMoZ9I/AAAAAAAABjU/ysXVVGTWUQ4/s1600/assalto.jpg" height="313" width="400" /></a></div>
Depois de um período em que tive muito trabalho (que me impediu de ter a paz necessária para escrever aqui), e depois de outro período de algum desânimo em relação ao blogue (<strike>por ter um trabalho desgraçado com isto e não ganhar nada ao fim do mês com esta gaita</strike> acho que muita gente que escreve em blogues passa por isso), decidi que só recomeçaria a escrever aqui quando acontecesse alguma coisa grandiosa na minha vida que merecesse ser contada.<br />
Nestes quase 3 meses que pouco escrevi, várias foram as situações em dei comigo a pensar: será que isto que acabou de acontecer é grandioso o suficiente para escrever no blogue? E, a resposta, era sempre "humm... não...". Ainda fiquei na dúvida se haveria de escrever sobre a vez em que a minha irmã mais nova foi ao "Quem quer ser milionário" e, numa das perguntas, usou a ajuda do telefone para me ligar. Eu, que estava de sobreaviso e tinha todos os sites de cultura geral possíveis e imaginários abertos no pc, não cheguei a conseguir falar com ela porque a chamada do programa me foi posta em espera, enquanto a Manuela Moura Guedes dizia à minha irmã que eu não atendia. Estive quase para escrever sobre isso, mas como, depois de eu ter berrado ao telefone com a telefonista a perguntar como era possível aquilo ter acontecido e ela me ter garantido que era impossível - e eu é que tinha tido algum problema no telefone, fiquei mais descansado.<br />
Até que, na semana passada, me aconteceu uma daquelas coisas em que o meu primeiro pensamento foi: tenho que falar disto no blogue. E costuma ser bom quando isso acontece - ou é uma coisa muito boa ou é uma cromice do catano. E não, o que aí vem não foi uma coisa muito boa...<br />
Então, ora cá vai. Vinha eu de regresso a casa, <strike>de carro</strike> no meu formidável <i>Peugeot 206</i>, e estacionei no parque do prédio. Ao trancar o carro com a chave (quando comprámos o carro só trazia um comando e ficou, claro, para a senhora da casa), reparei que o fecho centralizado não tinha funcionado. Experimentei outra vez e nada. Tentei na porta do pendura e... nada. Entrei novamente no carro, meti a chave na ignição e nem uma luz se acendeu no painel. Aquilo eram problemas na bateria, certamente. O que vale, é que desde os tempos do velhinho <i>AX</i> que eu e a Maria andamos sempre com cabos de ligação da bateria na mala. Tirei-os e chamei-a para ressuscitarmos o <strike>bolinhas</strike> extraordinário veículo automóvel.<br />
Fizemos a ligação a outro carro a trabalhar (já somos pro nessas cenas) e... nada. Nem sequer uma luzinha - nada. Ainda tentei desligar a chave e voltar a ligar o carro (no computador funciona sempre) e nada. Mesmo com os cabos ligados a outro carro a trabalhar em ponto morto, <strike>a carripana</strike> o bólide ficou em completa escuridão e silêncio.<br />
Lembrei-me, então, de ver se os cabos entre os carros estavam bem ligados ao outro carro (a Maria é que estava a olhar para os cabos como uma... burrinha (das fofinhas, vá), a olhar para um palácio) e, ao sair do formidável... veículo, "trák"! A bateria tinha voltado e o fecho centralizado tinha actuado, fechando as portas do carro, com a minha chave na ignição. Olho para a Maria para lhe pedir a chave dela, com um sorriso de vitória na cara, quando a vejo, em desespero a olhar para a mala dela, em cima da porra do banco do pendura da <strike>chocolateira</strike> viatura. Ao que parece, aquilo é uma espécie de dispositivo de segurança. O carro tranca-se se alguém lhe desligar a bateria e voltar a ligar, porque é provável que sejam ladrões. Ali, tinha sido o próprio <strike>ferro-velho</strike> carro a desligar a bateria e a ligá-la novamente, o que só comprova que ele tem vontade própria. Vontade própria e um ego do caraças. Gostava de saber onde é que ele foi desencantar a ideia de que alguém o gostaria de assaltar...<br />
Depois de passar o pânico inicial, a Maria lembrou-se de pedir uma chave do carro de outra pessoa que fosse a passar para abrir o nosso. Aquilo foi claramente uma ideia parva. Se eu me desse ao trabalho de pedir uma outra chave mágica a alguém, o último carro que iria querer abrir era aquele...<br />
A única solução (credível) que nos ocorreu foi, então, ligar à oficina onde costumamos ir. A resposta do mecânico acalmou-me logo. É engraçado como falar com especialistas faz sempre bem:<br />
- Amigo, pode tentar cortar a borracha de uma janela, enfiar um alicate e puxar o coiso para cima para destrancar o carro mas o mais fácil é partir uma janela.<br />
- A sério, é o único conselho que tem para me dar? - teimei.<br />
Depois de uns instantes, o homem, que era um especialista, disse-me:<br />
- Escolha a mais pequena.<br />
Já a desesperar, fui a casa buscar as ferramentas que me pareceram mais adequadas à ocasião - facas e chaves de fendas. Nada de martelos. Queria experimentar primeiro tirar a borracha que fica entre a porta e a carroçaria, seguindo o exemplo do especialista.<br />
Como<strike> a lata com rodas</strike> o automóvel é de 3 portas, as janelas de trás são pequenas e abrem só um bocadinho, com um fecho de compasso. Por isso, lembrei-me de enfiar a chave de fendas entre o vidro de uma dessas janelas e a borracha e fazer pressão para a janela abrir. Enquanto me esforçava, foi tranquilizador ver pessoas a passar ao lado e nenhuma estranhar o que quer que fosse. Às tantas, aquele carro (e seus donos) já são mais conhecidos nas redondezas do que eu pensava...<br />
A janela estava a querer abrir mas faltava uma faca, para conseguir abrir o fecho do compasso da janela através do espaço que a chave de fendas abria. Pedia à Maria que fosse a casa buscar e, quando conseguimos libertar o fecho com a faca da manteiga, pedi-lhe novamente que fosse a casa buscar o alicate para poder enfiar o braço pela janela até ao lugar da frente e puxar o... coiso para cima. Aquilo às tantas já parecia uma cena da Anatomia de Grey, onde eu era o McDreamy (claro) e a Maria era a enfermeira instrumentista. A única diferença é que na Anatomia de Grey, a instrumentista é mais rápida a dar as ferramentas ao McDreamy. Tirando isso, era tal e qual.<br />
Quando, finalmente, a Maria trouxe o alicate, arregacei a manga e enfiei o braço pela janela de trás até ao coiso da porta da frente. Tentei, tentei, tentei mas... não consegui lá chegar. Tanto esforço parecia começar a não compensar. Até que, num rasgo de intelectualidade sem precedentes, a <strike>enfermeira instrumentista</strike> Maria desata a correr até casa e regressa, munida com a solução para o nosso problema - um boião XXL de creme hidratante. Esfregou-me o braço todo com aquela mistelanga e foi ver o braço deslizar pelo carro a dentro até ao coiso, entalado entre a janela mal aberta e a borracha. Destranquei o... num instante.<br />
Com o carro, por fim, aberto, fizemos o que se impunha - chamámos o reboque para irmos à oficina, a mesma onde nos mandaram partir a janela. (as outras são muito longe...) O tipo do reboque, que tinha um ar de... tipo dos reboques, sacou do seu "Super Booster" e, entre mastigadelas da sua pastilha elástica, disse-me que aquilo era canja. E, de facto, lá nos pôs o carro a trabalhar. Garantiu-me que ele não iria abaixo e que podia ir à vontade no carro até à oficina e pôs-se ao fresco, que as cervejolas não se bebem sozinhas e o patrão só devia estar a contar com ele uma hora mais tarde.<br />
Já na oficina, pude comprovar que quando se trabalha com técnicos especializados, tudo é mais simples. Só demoraram uma hora a descobrir que um dos cabos que ligava à bateria estava partido. E descobriram só depois de me terem tentado impingir uma bateria nova e terem percebido que ela ainda estava na garantia... deles.<br />
Depois de tudo isto, fiquei a acreditar muito mais na bondade das pessoas. Ok, que são boas ou então que não têm creme hidratante em casa. É que passámos três dias com a janela de trás aberta e o <strike>fantástico veículo</strike> carroça não desapareceu.tiago lealhttp://www.blogger.com/profile/04379131938071304176noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-7010257087358042450.post-42821780508178013562013-12-31T08:29:00.000-08:002013-12-31T08:29:04.809-08:00Que 2014 tenha o que realmente for importante!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-zqgiHO_wBrI/UsLeGvk7JYI/AAAAAAAABgY/LIWRW-AX-MA/s1600/loureshopping.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-zqgiHO_wBrI/UsLeGvk7JYI/AAAAAAAABgY/LIWRW-AX-MA/s1600/loureshopping.jpg" height="313" width="400" /></a></div>
Apesar de ser o último dia do ano, hoje coube-me levar a família do meu irmão (ele, a minha cunhada e os dois filhos - a princesa cor-de-rosa de 9 anos e o monstrinho ternuro-frenético de 6) à estação dos autocarros. No Natal a família junta-se sempre em casa dos avós (dos miúdos) mas, à alegria dos reencontros contrapõe-se sempre a tristeza dos regressos às casas de cada um. Depois do meu irmão e família saírem, também eu e a Maria sairemos, e, depois de nós, as minhas irmãs farão o mesmo, deixando a casa novamente livre para os meus pais <strike>fazerem as loucuras que quiserem e que nós não queremos nem imaginar</strike>.<br />
Os miúdos, que por viverem a uns milhares de quilómetros de distância já vão estando habituados a estas circunstâncias da vida, são os que melhor sabem lidar com elas. A tristeza só tem permissão de se sentir mesmo na hora da despedida. Até lá, é aproveitar, que o tempo é curto e é preciso abusar da paciência: eles da dos tios e dos avós e os tios e os avós da deles, que o reencontro só é possível no Verão.<br />
Na sala de espera da estação dos autocarros, ao ver passar um velhote de barbas brancas e compridas, o meu sobrinho ficou de queixo caído. Percebi logo que o miúdo tinha reconhecido o Pai Natal mas, o que faria ali o homem, ainda por cima de roupa normal e sem as renas?<br />
Por isso, apressei-me a tirar-lhe as dúvidas: "É o Pai Natal, mas agora que acabou o trabalho vai passear, e deu férias aos empregados dele. Ah, e vem sem a roupa normal para ninguém o reconhecer!"<br />
Meio aparvalhado, o miúdo olhou para o velhote e voltou a olhar para mim com ar de dúvida. Disse-lhe "É é!" e o miúdo, matutando naquele meu segundo argumento, voltou a olhar para o velhote. Demorou uns instantes e foi então que, de sorriso rasgado, se virou para mim e me disse: "Tio tio, tenho um segredo para ti! Olha que a mamã até tem o número de telefone dele!"<br />
A princesa cor-de-rosa partiu-se a rir, pelo menos até ao pequeno monstrinho lhe roubar metade do croissant e todo a estação ficou a saber. E num instante, o maldito autocarro apareceu. Aí foi a altura de, por coincidência, lhes entrar "uma coisita" para os olhos, que se encheram instantaneamente.<br />
"Tio, dizes-nos adeus do lado de fora do autocarro?"<br />
Digo, pois. Digo adeus e até para o ano, que as saudades já começaram a apertar.<br />
<br />
Um bom ano a todos, recheado daquilo que é mais importante!tiago lealhttp://www.blogger.com/profile/04379131938071304176noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7010257087358042450.post-16436522015478196832013-12-11T02:03:00.001-08:002013-12-11T02:03:52.946-08:0030 dias de solidão<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-H5ot0k2lO04/Uqg3LbNTC6I/AAAAAAAABfc/fvaG36kWMs8/s1600/fundo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-H5ot0k2lO04/Uqg3LbNTC6I/AAAAAAAABfc/fvaG36kWMs8/s1600/fundo.jpg" height="290" width="400" /></a></div>
Este último mês que passou foi especialmente complicado para mim. Tive em mãos um trabalho gigantesco, que me obrigou a estar 55 minutos por hora, 14 horas por dia, 7 dias por semana, 4 semanas por mês em frente ao computador. A tal ponto que cheguei a ponderar ir à farmácia comprar fraldas para rentabilizar mais o tempo - parecendo que não, 6 idas por dia à casa de banho ainda roubam 28 minutos ao trabalho (demoro 7 minutos em assuntos demorados, 3 em assuntos rápidos). E até já tinha a estratégia preparada - só tinha que pedir fraldas à farmacêutica e dizer que eram para a minha avó. Mas depois de ponderar bem as coisas, acabei por não ir. O mais certo era a mulher perguntar-me o tamanho das fraldas e eu descair-me e olhar para a etiqueta das minhas calças antes de responder: "Das fraldas não sei, mas as calças são tamanho 40..."<br />
O trabalho consistiu em ilustrar e paginar um <a href="https://www.facebook.com/events/261048224049819/" target="_blank">livro de dicas e truques para o dia-a-dia</a> em casa. Fiquei a saber coisas tão interessantes como o facto de que, acender um fósforo na casa de banho depois de uma evacuação radioactiva (<i>if you know what I mean</i>), faz o cheiro da descarga desaparecer por completo. Ou que segurar o prego junto à parede com uma mola da roupa antes de martelar diminui as probabilidades de dar uma martelada na mão.<br />
Ainda assim, e tendo em conta a minha experiência de longos períodos em casa, acho que ficaram algumas dicas e truques essenciais fora do livro. Por exemplo, se fosse eu o escritor, começaria logo o livro com:<br />
"Se estiver constipado e se assoar muitas vezes em casa, assoe-se e deixe o lenço ranhoso no sítio onde se assoou. No dia seguinte, ao passar novamente por esse sítio, vai ver que o lenço está seco e já o pode usar novamente. Vai deixar de ter que se preocupar em andar com lenços atrás."<br />
Não não, já sei. Se fosse eu, começava era o livro com:<br />
"Se for passar o fim de semana a casa de familiares, deixe a loiça toda lavada. A menos que esteja suja de queijo. Aí vai ser bom voltar a casa, com um queijinho gourmet cheio de bolor a perfumar a casa à sua espera."<br />
Não, esta também não. Tinha que ser uma mesmo útil. Ah, já sei:<br />
"Se estiver a ver aqueles programas de debates de futebol com gajos fanáticos e doentes, não ponha a televisão mais alto para perceber o que é que eles estão a dizer. Não vai perceber à mesma e a vizinha do lado vai começar a dar palmadas na parede por causa do barulho e, quando lhe for pedir desculpa, ela ainda lhe vai responder que aquela hora não é a mais indicada para fazer festas com os amigos em casa."<br />
Caramba, mas porque é que ninguém me pede conselhos...tiago lealhttp://www.blogger.com/profile/04379131938071304176noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7010257087358042450.post-84513424536924734592013-11-21T05:33:00.000-08:002013-11-21T05:39:56.119-08:00Tenho um arbusto a nascer debaixo dos azulejos (ou então a casa está a ruir, prontos)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-12tgGy--LMc/Uo4J_S8ZMzI/AAAAAAAABcM/sUMacmT7Evc/s1600/cozinha.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-12tgGy--LMc/Uo4J_S8ZMzI/AAAAAAAABcM/sUMacmT7Evc/s1600/cozinha.jpg" height="313" width="400" /></a></div>
<br />
Ontem à noite, estava eu com a Maria a arrumar a loiça na cozinha depois de jantar, quando começamos a ouvir o chão a ranger. Primeiro devagarinho, depois mais alto e mais e mais.<br />
Olhámos um para o outro aparvalhados. Aquilo não era normal. Se a laje fosse de madeira, seria normal que rangesse (ui, as vezes que me custou a adormecer em casa da minha avó porque o chão não se calava e não havia quem me tirasse da ideia que era o homem do saco que lá vinha - e não estou a falar do Pai Natal...), mas aqui não era (supostamente) esse o caso.<br />
Procurámos com os olhos pelo sítio da laje de onde vinham os ruídos mas não precisámos de nos esforçar muito - os azulejos começavam a soltar-se do chão, formando um alto mesmo no meio da cozinha. Aquilo mais parecia que estava a crescer um arbusto mutante debaixo dos azulejos. Uma pessoa não limpa o chão como deve ser e depois é o que dá.<br />
A Maria, consciente de que tinha chegado o dia do juízo final, saltou por cima dos azulejos saltitantes em direcção à porta da saída e gritou-me para fazer o mesmo. Parecia uma cena daqueles filmes em que uma das personagens salta por cima de um precipício e grita à outra para fazer o mesmo, só que a outra está tão aparvalhada que não tem reacção. Ok, talvez não tenha ajudado a acalmar os ânimos eu ter dito "Esta merda está toda a ruir!...". Agora que penso nisso, foram 30 segundos mesmo engraçados.<br />
Quando os azulejos, finalmente, sossegaram, fui ao apartamento de baixo ver se do tecto dos meus vizinhos se teria soltado alguma pedra. Mal me abriram a porta, percebi logo que não - depois de ter deixado sair a fumaça toda, vi que que por lá havia muita pedra, mas nenhuma que tivesse caído do tecto.<br />
"Estávamos a fumar, ouvimos uns barulhos vindos do tecto e pensámos - devem ter deixado cair algum electrodoméstico, ah ah ah!" disse-me a minha vizinha, abanando a mão à frente da cara para me conseguir ver através do nevoeiro e rindo à parva do assunto como se o facto de os azulejos da minha cozinha terem vida própria fosse engraçado.<br />
Voltei para casa convencido que, fosse lá o que fosse, o apartamento não ia desabar e que, no dia seguinte, haveria tempo de chatear o senhorio. A Maria é que não se deu por convencida e passou a noite a perguntar-me se estaríamos seguros. Ao fim da 57ª vez que lhe respondi que sim, desistiu e foi para a net à procura de uma razão para os azulejos ganharem vida. Ao que parece, de acordo com a net, aquilo aconteceu por causa do calor intenso, da humidade e da casa não ter sido arejada há meses. Por acaso, ontem foi dos dias mais quentes que tenho memória... Ainda bem que temos sempre a net para nos ajudar.<br />
Mesmo assim, continuo a achar que foi por ter nascido um arbusto mutante debaixo dos azulejos. A carne hoje em dia vem cheia de hormonas, não sei se as pessoas sabem disso. E quando se cozinha, as hormonas passam para o ar e acabam em cima dos azulejos. Depois juntam-se a pedaços de legumes e dá nisto. Parece-me mais credível. Foi isso, de certeza.<br />
<br />
Ah, é verdade: o senhorio já cá veio. Fez aquele ar de frete que só os senhorios sabem fazer e disse-me: "Vou ver quando é que posso mandar aqui o homem para tratar disso." E nem tentou por-me as culpas daquilo em cima. Foi uma sorte não se ter lembrado dos arbustos mutantes... Ufas.tiago lealhttp://www.blogger.com/profile/04379131938071304176noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7010257087358042450.post-54543712478146598682013-11-05T10:46:00.000-08:002013-11-05T10:48:56.677-08:00O meu Capuchinho Vermelho<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-XuI_X3vYzNY/Unke41UlMmI/AAAAAAAABZI/3d4XQsfNsV0/s1600/classic+tales.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-XuI_X3vYzNY/Unke41UlMmI/AAAAAAAABZI/3d4XQsfNsV0/s1600/classic+tales.jpg" height="308" width="400" /></a></div>
Aqui há uns meses, fui à apresentação de um projecto de uns tipos cheios de ideias. Daqueles que falam sem parar e acreditam tanto nas ideias que têm que conseguem contagiar quem os ouve. Ao princípio ainda achei que fossem só mais uns Miguéis Gonçalves desta vida mas, como nunca me mandaram bater punho e ainda diziam que os ganhos eram partilhados por todos os intervenientes no projecto, comecei a prestar atenção ao que diziam.<br />
No fundo, a ideia era bastante simples: eles sabiam fazer <i>apps</i> para <i>tablets</i> e<i> smartphones</i> e, por entre as linhas de programação que devem debitar todos os dias, lembraram-se que era capaz de ser giro vender histórias infantis, daquelas que toda a gente conhece menos os putos. Deram o nome de <i><a href="http://killerbee.webeffect.pt/livros/classic-tales/capuchinho-vermelho" target="_blank">Classic Tales</a></i> ao projecto e chamaram a malta dos bonecos para dar corpo à ideia.<br />
Acabei por ficar bastante entusiasmado, ainda para mais quando pude escolher o Capuchinho Vermelho para ilustrar. O mais difícil foi arranjar tempo para fazer o trabalho. Isso e escolher um final para a minha versão da história. Descobri milhares de versões diferentes, cada uma mais<i> hardcore</i> que a outra.<br />
Depois de adiar até ao limite do prazo (sou um português convicto), não tive outra hipótese senão fazer as ilustrações nas férias de Verão - duas semanas a levantar-me às 5h30 da manhã para desenhar para depois estar livre para ir para a praia a partir das 11h, quando a Maria se levantava. Tirando o facto de não conseguir acompanhar o que ela dizia a partir das <strike>23h</strike> <strike>22h</strike> <strike>21h</strike> 20h, acho que até correram bem.<br />
Agora, ao fim de uns meses, a minha história e outras cinco de outros tantos talentosos ilustradores estão à venda na <a href="https://itunes.apple.com/pt/app/capuchinho-vermelho-classic/id717413927?l=en&mt=8" target="_blank"><i>appstore</i></a>, desde ontem. Já há mais um grupo de histórias a entrar num futuro próximo, o que augura um bom futuro para este projecto. Oxalá assim seja. A malta bem que agradece.<br />
Só espero ganhar o suficiente para as próximas férias de Verão. É que posso ter que voltar a trabalhar nessa altura e vou precisar de um bom argumento.<br />
<br />
PS - pus um vidro estalado na imagem para o meu sobrinho ver como a história vai aparecer no<i> iPad</i> do pai dele. Ele ainda é pequenito e podia estranhar ver aqui um desenho sem rachas e depois aparecer diferente no <i>iPad</i> <strike>que ele pisou e rachou, levando o pai às lágrimas de emoção...</strike> Pois, isso.tiago lealhttp://www.blogger.com/profile/04379131938071304176noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7010257087358042450.post-25318662241426974522013-10-29T07:48:00.000-07:002013-10-29T07:52:28.673-07:00O novo Código do Animal de Companhia<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-9GjWrHm599s/Um_KTr88myI/AAAAAAAABYk/5vgQTfjIHpY/s1600/simba.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-9GjWrHm599s/Um_KTr88myI/AAAAAAAABYk/5vgQTfjIHpY/s1600/simba.jpg" height="311" width="400" /></a></div>
<br />
Desde que acolhemos um pequeno monstro devorador de seres humanos - como carinhosamente gostamos de o ver - cá em casa que olho para os animais domésticos com outros olhos.<br />
Em casa dos meus pais sempre tivemos animais com fartura, mas estando eles no quintal, a afeição que sentia por eles era muito menor do que tenho por esta bola de pêlo cujo único interesse na vida é arrancar-nos os olhos, espetando neles uma garra de cada vez. Lá, a interacção não ia muito além de algumas festas<strike> e de fita-cola nas patas</strike>. Aqui é diferente. Especialmente porque aqui, quem manda é o animal. Quem, como eu, viu o filme do Rei Leão sabe que o animal que se empoleira no ponto mais alto da selva é o que manda nos outros.<br />
Por isso fiquei curioso com o novo regime jurídico sobre os animais de companhia. Que diabo, por cá não há só a crise. Tinha esperança que os direitos dos animais viessem reforçados, mas parece-me que se perdeu uma boa oportunidade. Nada de novo, por estas bandas.<br />
Limita-se o número de animais por casa e apartamento, como se todos os apartamentos fossem iguais e como se todos os animais fossem iguais. (E como se todos os vizinhos fossem iguais.) Mas deixam-se de fora os criadores de animais, porque, claro, neste caso a economia sobrepõe-se ao incómodo que os bichos possam fazer. Quando se tenta passar aquilo que é do bom senso para lei, geralmente dá asneira. Em relação à eutanásia para os bichos, parece-me uma boa medida para aqueles casos em que a doença é terminal e gera um sofrimento atroz ao animal. Mas mesmo aqui, pelo que parece daquilo que li <a href="http://www.publico.pt/portugal/jornal/assuncao-cristas-nao-quer-portugueses-com-mais-de-dois-caes-por-apartamento-27319425?fb_action_ids=10151821329289830&fb_action_types=og.recommends&fb_source=other_multiline&action_object_map=%7B%2210151821329289830%22%3A648769621812812%7D&action_type_map=%7B%2210151821329289830%22%3A%22og.recommends%22%7D&action_ref_map=%5B%5D" target="_blank">aqui</a>, vai ser possível praticar eutanásia em animais doentes (cuja doença possa ser transmitida às pessoas), mesmo que a sua doença seja curável. Ou seja, se o animal estiver doente, o dono leva-o ao veterinário. E depois escolhe o tratamento - um que dá umas chatices de ter que dar medicamentos e tratamentos cuidados mas que demora algum tempo a fazer efeito ou outro que faz efeito imediato e não dá nenhuma chatice. Esquisito.<br />
Mais esquisito ainda é que muitas das associações que recolhem animais das ruas nem sequer foram ouvidas mas aquelas que criam animais com fins económicos até "ajudaram" a criar a nova lei. Acho que nem é preciso dizer mais nada.<br />
É pena que se perca esta oportunidade para legislar em defesa dos animais. Tinha esperança que a lei fosse verdadeiramente mais à frente e que defendesse aquilo que é mais importante e que, de uma vez por todas, retirasse os animais do sofrimento por que muitos passam.<br />
Desde logo, era essencial uma lei que proibisse vestir roupinhas aos bichos e que impedisse que se fizessem penteados com caracóis ou de pêlo esticado. E que proibisse redondamente que, de 30 em 30 segundos, houvesse alguém a pôr uma foto do seu animal no facebook.<br />
E, ah, falta a mais importante - uma lei que proibisse a atribuição de nomes de pessoas <strike>casadas comigo</strike> a animais. Esta devia ser mesmo punível com pena de prisão de alta segurança.<br />
No outro dia, ia a passar pelo parque quando oiço uma velhota aos berros:<br />
"Ó Dalila, pára com isso! Já te disse, Dalila! DALILAAAA!!!"<br />
Bolas, a pobre da caniche não merecia aquilo. Nem eu.<br />
Olhar de repente para uma velhota aos berros a apontar para alguém na relva, que não se consegue ver à primeira vista quem era, por ter feito as suas necessidades na relva e cujo nome é o mesmo da minha Maria, pode ter um efeito traumatizante numa pessoa.<br />
Já não bastava a outra actriz que faz sempre dela própria ter o nome da minha Maria, agora tenho que levar com a besta da vizinha.tiago lealhttp://www.blogger.com/profile/04379131938071304176noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7010257087358042450.post-29835883584359387432013-10-21T07:29:00.000-07:002013-10-21T07:29:05.463-07:00Venham de lá esses armários suecos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-IguRQnqS5Fg/UmU6IZV9WGI/AAAAAAAABYI/QCb_e0LtAvY/s1600/mesa+sala.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-IguRQnqS5Fg/UmU6IZV9WGI/AAAAAAAABYI/QCb_e0LtAvY/s1600/mesa+sala.jpg" height="311" width="400" /></a></div>
<br />
A semana passada fui com um colega ver o jogo da Selecção contra Israel no Estádio de Alvalade. Nunca tinha visto o Ronaldo jogar e, na altura, pareceu-nos boa ideia...<br />
Chegámos mais cedo ao estádio para termos tempo de ir à rulote do Rei das Bifanas, mas ainda nem tínhamos tirado a mostarda dos cantos da boca, quando uma rapariga se chegou ao pé de nós para nos fazer um inquérito sobre telecomunicações. O meu colega ofereceu-se logo (nem sei porquê - o decote dela não era assim tão grande) mas eu já só pensava em ir para o estádio. A rapariga sacou do inquérito e começou por querer saber quantos canais ele tinha em casa e a velocidade da internet. Ao fim de 10 minutos, já queria saber qual era o clube dele, se ele ia muito ou pouco ao cinema, o número de telefone, a morada e o nome completo. Já vi técnicas de engate melhores mas, mesmo assim, não estava nada mal. No fim, a rapariga virou-se para mim e perguntou-me se eu também queria. Recusei o convite educadamente. Ainda há coisas em que sou muito conservador.<br />
Entretanto entrámos para procurar os nossos lugares. Quando se tem bilhetes para lugares quase no meio das nuvens, convém ir com algum tempo de antecedência. Encontrei os lugares ao fim de muitos degraus mas o meu colega preveniu-me que os nossos eram na fila 27 e não 21, como me tinha parecido. Olhei para as escadas mas faltou-me a coragem. E então combinámos que se alguém reclamasse os lugares, sairíamos prontamente e iríamos para os nossos, mesmo que para isso ficássemos a bater com a cabeça na cobertura do estádio e o Moutinho, visto de lá, ficasse a parecer da mesma altura que o Ronaldo.<br />
O jogo lá começou e ao meu lado sentou-se um casal de namorados. O tipo devia ter algum problema no pescoço, porque nunca virava a cabeça para o meu lado. Tentei meter conversa, dizendo que o Hugo Almeida é que devia ser o treinador, porque passava o tempo a ver os colegas a jogar, mas o tipo nada. Voltei a mandar umas bacoradas sobre o Nani estar a jogar com chuteiras de betão e por o São Patrício ter deixado a auréola em casa mas nada. Nem para me mandar calar o tipo abriu a boca. Estranhei. A verdade é que eu e o meu colega também estávamos a ficar chateados. Não tínhamos planeado ver um jogo solteiros vs casados, mas pronto. Quando o intervalo chegou, levantámo-nos e passámos por eles para irmos ao wc (em qualidade de wc's o Sporting dá 10-0 ao meu Benfas...). Ao passarmos pelo casalinho, dei conta da namorada estar a azucrinar a cabeça ao homem porque ele não foi capaz de nos dizer que estávamos mal sentados. Eu sei que pareço uma pessoa super inacessível, especialmente quando digo coisas do calibre cultural de "Ruben Micael, és tão mau que nem a <a href="http://www.novagente.pt/7c1120a/mod_artigos_obj_moda.aspx?sid=8b13baf0-6750-48c4-9e6e-cc2eea8d94d9&cntx=X6ZIp8Uh5gPZETK7PrtjboKDTQ3etP3CaogBZ%2F95HwUIFSJGmVW7xHHJV4DqGDHI" target="_blank">Sofia Ribeiro</a> te queria, pá!", ou algo mais sofisticado como "Ó Ronaldo, vai masé pó c******!", mas caramba, sou uma pessoa sensível e bem educada. E aquilo mexeu com os meus sentimentos.<br />
Tanto que depois do intervalo não voltámos àqueles lugares, nem aos nossos que, por aquela altura, já estavam ocupados. Preferimos ficar nas escadas ao fundo da bancada. Não se via grande coisa mas pelo menos ninguém teve cãibras nas pernas - escalar uma bancada não é para qualquer um.<br />
E só tive pena que não desse mesmo para ver nada. Mas bem, o golo de Israel a 5 minutos do fim teve os seus pontos positivos: deu para acordar o pessoal das bancadas (se não fosse aquilo, os seguranças do estádio iam ter que andar de banco em banco no fim do jogo a acordar as pessoas) e fez com que o Rui Patrício pudesse pronunciar as suas palavras imortais, no fim do jogo:<br />
"Bem, agora o que é preciso é levantar a cabeça."<br />
E agora venha de lá o Ibrahimovic, desculpem, a Suécia. Se não adormecermos, até os comemos.tiago lealhttp://www.blogger.com/profile/04379131938071304176noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7010257087358042450.post-90272898402030374632013-10-14T02:16:00.002-07:002013-10-14T02:16:42.105-07:00Para sobreviver às reuniões de trabalho<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-NbFYkkaHzes/Ulu2SZq4qTI/AAAAAAAABX0/HBQ6k4MaRg4/s1600/reuni%C3%A3o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-NbFYkkaHzes/Ulu2SZq4qTI/AAAAAAAABX0/HBQ6k4MaRg4/s1600/reuni%C3%A3o.jpg" height="311" width="400" /></a></div>
<br />
Longe vão os tempos em que tive a minha primeira reunião de trabalho. Mas, curiosamente, lembro-me como se tivesse sido hoje - estava eu e a minha chefe com dois clientes e levei um pontapé dela debaixo da mesa daqueles que, por mais que tente, não consigo esquecer. E eu bem que preciso de espaço no cérebro para coisas mais interessantes.<br />
Diz-se que os primeiros ensinamentos são os que ficam para sempre. Com aquele pontapé, aprendi num instante que não se deve desenhar as pessoas que estão à nossa frente, especialmente quando temos o caderno poisado sobre a mesa e toda a gente está a topar. Mesmo que (e isto é importante) o que se estiver a dizer não seja importante e os tipos tenham uns óculos e um bigode que estejam mesmo a pedir um boneco no caderno.<br />
Desde esse dia, muito em mim mudou. Sou uma pessoa com mais experiência e com outra forma de estar. Posso dizer, com toda a firmeza, que evoluí muito e não sou mais o irresponsável que era.<br />
Agora desenho as pessoas com o caderno levantado para mim, de maneira a que ninguém veja o que estou a fazer. E se alguém olhar com reprovação, achando que estou, infantilmente, a fazer uns bonecos, basta parar um pouco, olhar a pessoa nos olhos, abanar a cabeça três vezes (como se estivéssemos a concordar com aquilo que está a ser dito na reunião) e tudo volta ao normal, com toda a gente convencida que estávamos era a tirar apontamentos.<br />
E se, porventura, alguém perguntar se apontámos uma determinada informação dada na reunião, o procedimento a tomar também é simples. Mas tem que ser feito com naturalidade, senão a coisa não pega. É só responder:<br />
- Olha, que curioso. Ia mesmo para te perguntar isso. É que também, logo por azar, não consegui tirar apontamentos sobre essa parte.tiago lealhttp://www.blogger.com/profile/04379131938071304176noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7010257087358042450.post-26772297143022977432013-10-07T03:38:00.000-07:002013-10-07T03:38:21.299-07:00Ups, I did it again...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-4dojFDyr2FY/UlKMb4T4lTI/AAAAAAAABXg/1fx0xOAKOSE/s1600/bel%C3%A9m.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-4dojFDyr2FY/UlKMb4T4lTI/AAAAAAAABXg/1fx0xOAKOSE/s1600/bel%C3%A9m.jpg" height="312" width="400" /></a></div>
<br />
A caminho do jantar com a patroa e colegas de trabalho da Maria:<br />
Maria - Olha, agora no jantar com a minha patroa, como tu não a conheces, nem os meus colegas do trabalho, queria-te pedir se podias ter cuidado com as palermices que dizes.<br />
Eu - Palermices, eu? Fogo, tu é que arranjas sempre colegas sem sentido de humor.<br />
Maria - A sério. Eu estou a falar a sério. Não me envergonhes, pode ser?<br />
Eu - Poxa, fica descansada. Eu sei-me comportar. Vou estar sério toda a noite.<br />
Maria - Fazes isso por mim?<br />
Eu - Faço, claro.... Mas sabes que às vezes é preciso alguém que corte os momentos de silêncio pesado. E uma piadola fica sempre...<br />
Maria - Olha, deixa estar. De qualquer das maneiras eu já lhes pedi desculpa por aquilo que provavelmente vais dizer durante o jantar.<br />
<br />
A caminho de casa, depois do jantar:<br />
Maria - XIÇA, EU NÃO TE TINHA PEDIDO PARA NÃO ME ENVERGONHARES?<br />
Eu - <span style="font-size: x-small;">Desculpa... Às vezes não tenho tempo de ensaiar as piadas e elas saem-me mal... É que parecia mesmo que ia ter piada...</span>tiago lealhttp://www.blogger.com/profile/04379131938071304176noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7010257087358042450.post-52423830436847543602013-09-26T10:03:00.002-07:002013-09-26T10:03:41.691-07:00Ser gajo é mais difícil do que parece<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-BKu3qHoLpL0/UkRo3mCyiAI/AAAAAAAABWo/itHx-ypiPyM/s1600/escadas+rossio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-BKu3qHoLpL0/UkRo3mCyiAI/AAAAAAAABWo/itHx-ypiPyM/s1600/escadas+rossio.jpg" height="307" width="400" /></a></div>
<br />
A semana passada, vinha eu com a minha irmã alegremente a descer umas escadas, em direcção à praceta da estação do Rossio, quando nos apercebemos de que algo não batia certo.<br />
Um tipo de chinelos, e aspecto de quem tem uma dívida maior que a da república para com o chuveiro, atravessa a praceta a correr desenfreadamente em direcção às escadas, por onde descíamos. Ainda pensei que o tipo estivesse a acabar de acordar e com medo de perder o comboio. Mas depressa percebi que não, e não foi por ele estar a correr no sentido oposto ao da estação. (quem nunca adormeceu e acordou de repente e começou a correr para a primeira direcção que apareceu à frente? vá lá, não me deixem sozinho nisto...) O tipo estava era a fugir de dois gorilas que vinham a correr atrás dele e que gritavam a plenos pulmões para alguém agarrar o Usain Bolt de chinelos, que, de imediato, atirou ao chão uma mochila que trazia.<br />
Quando percebi o que se estava a passar, fiquei logo chateado. Esta é uma daquelas situações em que é extremamente complicado ser homem. Quer dizer, homem não. Gajo. É mesmo difícil ser gajo nestes casos. Ser mulher não, isso é extremamente simples. Basta encolherem-se para o lado e ficarem assustadas e mais nada. A minha irmã teve um desempenho de mulher impecável. Mas para um gajo é muito mais complicado.<br />
Ora vamos lá ver. Se eu tentasse agarrar o tipo, arriscava-me a levar uma pêra bem servida, o tipo fugia e ficaria tudo a olhar para mim com pena. Se eu o agarrasse com eficácia e o entregasse aos gandulos, podia estar a entregá-lo a uns tipos piores do que ele (eu não fazia ideia se os tipos que o perseguiam eram polícias ou não), e ficava tudo a olhar para mim fazendo-me sentir um paspalho. Se eu não fizesse nada, ficava tudo a olhar para mim com reprovação, fazendo-me sentir um coninhas. Parecia um beco sem saída.<br />
Felizmente, o meu cérebro tem <strike>idiotices</strike> ideias muito rapidamente e, graças a isso, encontrei a solução ideal. O tipo ia a passar por mim e eu... dei-lhe um encontrão. O tipo tropeçou nos degraus, insultou-me e, com isso, perdeu tempo e os tipos que vinham atrás, e que eram mesmo polícias, apanharam-no. Se não fossem polícias, ninguém me podia fazer sentir mal, porque eu não o tinha agarrado. Mas, como eram, senti-me um verdadeiro herói.<br />
E o melhor foi que tive, logo ali, a recompensa que tanto queria: ninguém olhou para mim.<br />
Até fiquei emocionado.tiago lealhttp://www.blogger.com/profile/04379131938071304176noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-7010257087358042450.post-59049760210895202592013-09-23T05:22:00.000-07:002013-09-23T05:22:13.012-07:00A vantagem das farmácias é não terem taxas moderadoras<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-AqiWonxpUSk/UkAcoHDNvII/AAAAAAAABWQ/TBbqABJC9CU/s1600/medicamentos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-AqiWonxpUSk/UkAcoHDNvII/AAAAAAAABWQ/TBbqABJC9CU/s1600/medicamentos.jpg" height="310" width="400" /></a></div>
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Depois de duas semanas de dores de corpo, de garganta, de ranho constante e de ouvidos tapados (que davam a sensação espectacular de viver debaixo do mar) perdi, por fim, a batalha. Não para o ranho, que enquanto houver papel higiénico com fantasmas a quem eu possa vestir uma roupinha pegajosa cá estarei para o fazer. Perdi a batalha foi para a Maria que se fartou das minhas lamúrias e lá acabei por ceder e ir com ela à farmácia. Quer dizer, na prática, não foi bem uma derrota. Ela queria-me levar ao Centro de Saúde mas, após algumas negociações (que envolveram a garantia de fazer algumas tarefas domésticas que envolvem sanitas e piassabas - mas ainda não estou pronto para falar sobre isso...) lá consegui que a coisa se ficasse pela farmácia. Os Centros de Saúde são para pessoas realmente doentes. E eu não estava. Agora que penso nisso, acho que nem nunca estive.<br />
O problema foi que a Maria não me deixou ir sozinho. E eu até já tinha tudo pensado: entrava na farmácia, cumprimentava a senhora, pedia pelo amor de Deus para não me por na rua durante 5 minutos e depois voltava a dizer que não me tinham receitado nada. Era simples, eficaz e livrava-me da sanita.<br />
Mas não. A menina também tinha ir. Mal entrámos, não consegui dizer uma palavra. A Maria agarrou-se de tal maneira à farmacêutica a implorar que me desse alguma coisa para não<strike> me aturar</strike> temer pela minha saúde que a única coisa credível que eu poderia dizer à farmacêutica é que estava a ser raptado e que precisava que ela chamasse a polícia. Só não o fiz porque, da maneira que estava, precisa de alguém que levasse o carro para casa. E do jeito que eu estava, achei por bem não arriscar.<br />
A verdade é que vim de lá rendido à farmacêutica e à sua genialidade. Tenho uns comprimidos que me deixam completamente zen (e que, pelo menos na perspectiva da Maria, são espectaculares - está-me sempre a perguntar se já os tomei) mas a verdadeira maravilha é o vaporizador de água do mar.<br />
Dantes, sentia que vivia debaixo do mar apenas por ter os ouvidos tapados. E isso, claramente, era um problema e a senhora percebeu isso. Agora, sim. Sinto que vivo debaixo do mar por ter os ouvidos tapados e por ver tudo mais clarinho e aguado. Pelo menos de cada vez que vaporizo aquele esguicho assassino pelo nariz acima. Consigo ver o esguicho a passar dentro dos olhos e, depois, fico numa choradeira toda a tarde.<br />
A expressão "peixe fora de água" nunca fez tanto sentido como agora...tiago lealhttp://www.blogger.com/profile/04379131938071304176noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7010257087358042450.post-53342219582214047482013-09-10T02:07:00.002-07:002013-09-10T02:07:49.859-07:00A motivação é o mais importante<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-BAkL8QCScww/Ui7hT8SGX2I/AAAAAAAABVY/BnvXw3IuR44/s1600/pia+lava+loi%C3%A7a.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-BAkL8QCScww/Ui7hT8SGX2I/AAAAAAAABVY/BnvXw3IuR44/s1600/pia+lava+loi%C3%A7a.jpg" height="307" width="400" /></a></div>
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Há muito por aqui quem diga que, em termos de tarefas domésticas, se não fossem as mulheres, os homens estariam bem tramados, já que as suas capacidades dentro de casa se resumem a saber abrir frascos e a ligar <strike>e desligar</strike> a televisão.<br />
Como tudo isto não passa - obviamente - de uma cabala do sexo feminino, é preciso esclarecer de uma vez por todas este assunto. E, mais uma vez, parece que vou ter que ser eu.<br />
De uma vez por todas - os homens são tão bons como as mulheres a fazer as tarefas domésticas. A diferença está só na motivação. E é aqui que as mulheres ganham vantagem. Vêm a motivação com muito mais facilidade.<br />
Mas vamos a exemplos.<br />
Esta semana que passou, a minha Maria saiu todos os dias antes do galo cantar e chegou já à hora do jantar a casa. Coube-me a mim, por isso, gerir o ninho durante estes dias. E foi aqui que começaram os meus problemas. Tive alguma dificuldade em encontrar motivação para as tarefas domésticas. Não é que eu não as saiba fazer, atenção.<br />
Mas vejam: a gaveta da roupa interior tinha abastecimento para uma semana; na pia da loiça cabia imensa loiça suja até ser preciso alguma lavada; no corredor, junto à porta de casa, havia espaço para ir acumulando os sacos do lixo até ser mesmo preciso levá-los para o contentor; o chão da cozinha, com manchas de comida até se torna mais seguro porque não escorrega tanto... Acho que já deu para entender.<br />
Agora, como eu sabia que ela chegava cansada todos os dias, encontrei aí a minha motivação para fazer eu o jantar. Sim, sim, todos os dias lhe fiz um petisco dos meus. Fosse massa com atum, arroz com atum, ovos mexidos com atum, piza do MiniPreço ou piza do Pingo Doce, não houve dia em que não a tivesse maravilhado com as minhas habilidades culinárias.<br />
E a coisa estava a correr tão bem que eu até me estava a convencer de que era bom a gerir a casa. O problema foi que, a meio da semana, não consegui encaixar mais loiça suja na pia (encaixar pratos sujos uns nos outros sem tirar os talheres entre eles é uma arte) e a pilha começou a subir muito. Para além disso, esqueci-me de me certificar se a gaveta da roupa interior da Maria estava ainda abastecida... O que vale foi que consegui encontrar logo a motivação para tratar daquilo num instante.<br />
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- Ai de ti que logo à noite a casa não esteja um brinco. <strike>Não fazes nada, caneco. Tenho que estar sempre a pedir? Quando não sou eu a fazer, também não fazes nada, xiça. Pelo menos agora que chego tarde podias ajudar mais, não achas?</strike><br />
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Só queria que as pessoas vissem. Dava para comer no chão e tudo. O brilho da casa via-se a quilómetros. É o que eu digo. A motivação é que importa. E eu nunca gostei muito de dormir no sofá da sala.tiago lealhttp://www.blogger.com/profile/04379131938071304176noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7010257087358042450.post-11312171363006342162013-09-02T02:26:00.001-07:002013-09-02T02:32:25.439-07:00Verão, está na altura de cada um seguir o seu caminho<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-nStpfsoA3U4/UiRPrKuCNiI/AAAAAAAABU8/8UsGPCMLhak/s1600/placa+fotogr%C3%A1fica.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-nStpfsoA3U4/UiRPrKuCNiI/AAAAAAAABU8/8UsGPCMLhak/s1600/placa+fotogr%C3%A1fica.jpg" height="320" width="400" /></a></div>
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Verão, não me leves a mal, mas esta relação já deu o que tinha a dar. Temos que ser realistas e ver que isto já não tem futuro. A culpa não é tua. Tu fizeste o que eu faria no teu lugar. O problema não és tu - sou eu. Diz-me sinceramente - quando olhas para o futuro, o que é que vês? Pois, aí é que está. Eu sinto que esta relação vai arrefecer com o tempo. E continuar não seria justo para ti. (se me tiver esquecido de algum lugar comum, avisem-me)<br />
Eu dei tudo o que tinha, a sério. Já não tenho mais nada para dar. E tu sabes disso.<br />
Eu aguentei os programas da tarde da televisão cheios de música pimba e de apresentadores a falar aos berros. Aguentei as repetições infindáveis dos programas da rádio de manhã. Até aguentei um mês inteiro sem debates políticos de jeito e as propostas da treta como a do Bloco de Esquerda para acabar com os piropos. (se é para dar cabo dos traços mais importantes da cultura de todo um povo e de uma nação, também podiam ter pedido o fim do Fado, sei lá)<br />
Aguentei o cheiro das sardinhas assadas todos os dias no meu prédio e os putos com a música aos berros à noite no pátio.<br />
Ouve, eu até fiz um poster para a festa na praia, quer dizer, a <i>Sunset Beach Party</i> que a minha irmã organizou para os anos dela, daqueles que servem para a malta tirar fotografias que tu te encarregaste de estragar. Sim sim, sabes bem que fechaste tudo o que era centros de cópias de impressão de grandes formatos em Agosto.<br />
Olha, eu nem era para falar nisto, mas também sabes que aguentei a Maria todo o santo dia a implorar para ir à praia. E as hipotermias que eu apanhei? Disso não falas tu. Se, depois disto, eu não puder procriar, espero que isso te fique na consciência. E as horas que joguei "às raquetes" com ela na praia, mesmo que ela não se mexesse um bocadinho para o lado para acertar na bola? Pois é.<br />
E as miúdas que tu puseste a passar à minha frente na praia? Sempre a atentar-me o juízo. O que vale é que eu não ligo nada a isso. Sou um tipo sério. Nunca reparei se os bikinis eram curtos ou se mais pareciam uma fralda, se elas saíam do mar com frio... E qual foi a necessidade de as fazeres apertar as margaridas de cada vez que saíam da água? Havia alguma necessidade? A sério...<br />
E não penses que me esqueço quando me fizeste deixar cair a aliança de casado na areia, que se enterrou de imediato. Meia hora a esfregar a areia à procura. O que vale é que a Maria pensou que eu estava preocupado por a encontrar e não por ficar a parecer mal com um bocado do dedo sem estar bronzeado. Foi por um triz. Mas agora não dá mais.<br />
Espero que compreendas esta minha decisão. Não quero é que fiques chateado comigo. Gostava que ficássemos amigos, sem ressentimentos.<br />
Olha, para o ano procura-me outra vez. Está bem?<br />
Então vá.tiago lealhttp://www.blogger.com/profile/04379131938071304176noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7010257087358042450.post-60778646236422284822013-08-23T01:48:00.000-07:002013-08-23T01:48:06.333-07:00Vivo numa creche<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-8SuN7ouM1Xw/Uhchfx-FDuI/AAAAAAAABUk/D9_oJr7CU-w/s1600/in%C3%AAs.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-8SuN7ouM1Xw/Uhchfx-FDuI/AAAAAAAABUk/D9_oJr7CU-w/s1600/in%C3%AAs.jpg" height="400" width="302" /></a></div>
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No espaço de pouco mais que uma semana, nasceram duas bebés de amigos meus. Uma verdadeira alegria. Cada uma delas é filha de casais que não se conhecem entre si, por isso estou bastante certo de que não devem ter combinado entre eles. Isto para não falar de mais uns amigos que já encomendaram o deles, outros que estão a tratar do assunto (<i>if you know what I mean...</i>) e outros três casais com filhos na casa dos 12 meses (só a partir dos 2 anos é que se começa a contar a idade em anos, certo?).<br />
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Esta sensação de viver numa creche, tem-me feito reflectir muito em questões essenciais. Qual é a nossa missão na vida? Qual o caminho para a felicidade? Como que raio se pega num recém nascido sem o desmanchar aos bocados? Parecem questões de resposta fácil, mas não é bem assim.</div>
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A semana passada, fomos visitar uma das bebés, com a bonita idade de 8 dias. Agora que penso nisso, eu tenho 11423 dias de idade, e sinto que ainda não fiz nada de jeito... Bem, adiante.</div>
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Comprámos o belo do patinho de borracha para o banho para oferecer (que não cabe sequer na mini banheira para bebés que eles têm, mas isso não interessa nada) e lá fomos nós.</div>
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Foi uma tarde bem passada a olhar para um bonito pedaço de esperança no futuro da Humanidade, que enchia os pais de orgulho. Incrível como há quem pense que a esperança num mundo melhor esteja na diminuição dos juros da dívida ou no aumento do PIB. Enfim.</div>
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A conversa foi muito agradável, apesar de, por mais que me esforçasse, não conseguir intervir. Nunca ninguém quer saber a minha opinião acerca de rebentamento de águas, dilatações (descobri que se mede em dedos... de médico), dores, injecções, mamilos doridos e mamadas. Estranho.</div>
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Para o fim estava reservado o momento alto. O equivalente à sobremesa quando se vai almoçar a casa de alguém ou ao charuto, quando se vai a um casamento. Pegar no bebé. Primeiro foi a Maria. Um desempenho notável. Chorou um bocadito mas com umas palmaditas no rabiosque ficou toda satisfeita. Estou a falar da bebé.</div>
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Depois foi a minha vez. Eu já tinha pegado em recém nascidos. Peguei muita vez na minha irmã mais nova mas, caramba, há 20 anos os miúdos andavam cheios de roupa. Pareciam os bonecos da <i>Michellin</i> - se caíssem (e acreditem que sei do que falo...), rebolavam e nada de mal acontecia. Desta vez, tinha ali uma bebé só com a fralda. Quando lhe peguei, senti uns toques no chão (a choradeira era tal que deve ter acordado a vizinha de baixo). Abanei-a um bocadinho e consegui que se acalmasse durante 2 segundos, antes de retomar o exercício pulmonar. Dois segundos inteirinhos! Ah pois é! Quem sabe não esquece.</div>
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Para a semana há mais, com uma bebé diferente. O objectivo é 4 segundos sem chorar. Três, vá. É melhor ir com calma.</div>
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É uma sensação muito engraçada. E se com um bebé de outros já o é, imagino com um nosso...</div>
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Calma mãe. Calma dona Sogra. Foi só um pensamento.</div>
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PS - O desenho é da minha sobrinha, que apesar de não ser bem uma bebé, também não é com 3086 dias que se pode dizer que seja muito crescida. Eu só dei uma ajudita na pintura.</div>
tiago lealhttp://www.blogger.com/profile/04379131938071304176noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7010257087358042450.post-16399047983806441542013-08-14T07:13:00.003-07:002013-08-14T07:13:21.355-07:00Brincar aos pobretanas<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-p1OZh19y9z0/UguQMn9bg7I/AAAAAAAABTw/WOn32cGxk9k/s1600/praia+fluvial.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-p1OZh19y9z0/UguQMn9bg7I/AAAAAAAABTw/WOn32cGxk9k/s1600/praia+fluvial.jpg" height="307" width="400" /></a></div>
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Aqui há dias, fui passar a tarde com a Maria, e a família dela, a brincar aos pobretanas numa praia fluvial. Bem que gostava de ter ido brincar aos pobrezinhos para uma praia tipo, agora assim de repente, sei lá, Comporta mas, os dias não estão para grandes loucuras e acabámos por ir à fluvial.<br />
E não devemos ter sido os únicos a não querer praticar insanidades, porque o parque de estacionamento estava à pinha. Não era um parque de estacionamento minúsculo pavimentado nem tinha parquímetros caríssimos, como aquele onde se deixa o carro para ir à praia dos <a href="http://www.publico.pt/local/noticia/estacionamento-em-tres-praias-de-grandola-tera-sido-cobrado-ilegalmente-durante-sete-anos-1551659" target="_blank">pobrezinhos</a>, mas, como era o que havia, tivemos que nos contentar.<br />
O areal confirmava a lotação do estacionamento, a tal ponto que só conseguimos estender as toalhas fora da zona vigiada. A sorte foi que a maré estava baixa e não havia muita ondulação. Tivemos direito a bandeira verde toda a tarde, de maneiras que deu para tomar banho até fartar. Incrível. A água pareceu-me foi um bocadito amarela mas, como leio o <a href="http://expresso.sapo.pt/fazer-xixi-no-mar-e-melhor-do-que-se-pensa=f825096" target="_blank">Expresso</a>, não me preocupei.<br />
Depois do banho, ao cair da tarde, deu-nos a vontade de ir ao bar da praia beber uma cervejola e comer o <a href="http://fama.sapo.pt/noticia/marisco-deusebio-e-mesmo-camarao-2" target="_blank">marisco preferido do Eusébio</a> (no tempo em que ele ainda tinha a conta bancária como a minha - pobretana, claro), que é como quem diz - tremoços.<br />
No bar, cheio até não poder mais de gente a refastelar-se com marisco, estava um simpático cavalheiro, cuja estrutura física fazia lembrar um guarda-fato de casal, que se sentiu incomodado pela forma como a empregada do balcão o atendeu. Tenho-me dado conta que, quanto maior é o físico, maior também fica a sensibilidade. Na opinião do senhor extremamente sensível, a empregada que o atendeu não tinha formação nem apresentação. Por acaso também achei. As empregadas sem olheiras, de bikini e com meio quilo de silicone de cada lado atendem sempre muito melhor. Podem não saber contar o troco, mas isso também não interessa nada. A senhora ripostou que estava lá era para atender e não era para conversar e o ambiente subiu de tom, com o homem a pedir o livro de reclamações e os colegas da empregada a fazerem uma rodinha à volta dele. Se a coisa desse para a pancadaria, eu era incapaz de dizer que ganharia porque as coisas estavam muito equilibradas - os colegas da mulher todos juntos pesavam tanto como o homem sozinho. O que valeu foi que alguém telefonou imediatamente para a GNR. Nunca tinha visto um telefonema fazer tanto efeito. A malta deve ter pensado que ia para lá o Corpo de Intervenção e desapareceram num instante. E foi uma sorte porque esse corpo deve andar nalguma praia de pobrezinhos porque ali, e só meia hora depois, é que chegou um enfezado militar sozinho, com ar de novato e a olhar para o chão, com ar de não-olhem-para-mim-por-amor-de-Deus-que-hoje-não-me-calha-nada-bem-andar-à-batatada.<br />
Como o espectáculo já tinha acabado, contámos os trocos e chegámos à conclusão que ainda dava para mais meio fino para cada um e um pratinho de marisco da terra. Há dias em que uma pessoa só se contenta com o melhor - depois do marisco do Eusébio, o pratinho de caracóis da praxe. Despachada a iguaria e limpo o queixo (está comprovado que é impossível comer caracóis sem ficar com o queixo a brilhar - quando o Expresso escrever sobre isto, eu ponho o link), voltámos à toalha, mesmo antes da Maria começar com vómitos. Nunca percebi muito bem o nojo dela por animais viscosos cheios de nhanha e que quando se tiram da casca ainda vêm com o número 2 agarrado ao corpo. Enfim. Manias. Antes do regresso a casa, mais uma banhoca e o desenho da praxe.<br />
Gosto cada vez mais de brincar aos pobretanas. Na próxima, vou tentar brincar aos remediados, a ver se também é giro. Mas um dia, quando estiver na loucura, ainda hei-de brincar aos pobrezinhos. Duvido é que tenha tanta piada.tiago lealhttp://www.blogger.com/profile/04379131938071304176noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7010257087358042450.post-9603347311808228262013-08-06T02:39:00.000-07:002013-08-06T02:39:12.898-07:00O Saramago nem sabe o bem que já me fez<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-5Efyi08fWR8/UgDEB0NY8_I/AAAAAAAABTQ/89bxCSuGC6k/s1600/pal%C3%A1cio+galveias.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-5Efyi08fWR8/UgDEB0NY8_I/AAAAAAAABTQ/89bxCSuGC6k/s1600/pal%C3%A1cio+galveias.jpg" height="307" width="400" /></a></div>
<br />
É nestas coisas que vejo que, se não sou o tipo mais ingénuo do mundo, ando lá perto.<br />
Há dias, tinha uma reunião a seguir ao almoço. A menina Maria, nesse mesmo dia, tinha um almocinho com uma amiga num centro comercial gigantesco, daqueles cheios de restaurantes e lojas de roupa e perfumes e mais não sei quê, perto de mim. E eu achei por bem aceitar trazê-la de volta de carro para casa, convencido de que o seu "almocinho rápido" iria durar tanto ou "ainda menos" que a minha reunião.<br />
Resultado - 3 horas à espera de S. Exa.<br />
Ainda por cima, tinha o carro estacionado ao sol e, dormir lá dentro não estava fácil (E acreditem que tentei arduamente. O melhor que consegui foi meia horita, mas fiquei a suar como os bebés na nuca e acabei por acordar. Como é que será que os sacanas conseguem aguentar? O que é que eles sabem que eu não sei?...). Acabei por ir para a biblioteca e agora, à conta da menina, tenho cá em casa um livro do Saramago para ler.<br />
Para me armar em intelectual é do melhor. Nisso o Saramago fez um bom trabalho. Um livro dele debaixo do braço dá o poder a qualquer pessoa de olhar com desdém e superioridade para alguém que passou 5 horas a ver montras de roupa ou que queira ver o <i>Jersey Shore</i> à noite na televisão. Já para ler...quer dizer... Se ao menos estivesse escrito em português de Portugal, caramba. E como se não bastasse, trouxe logo um de tamanho pequeno que nem um Patinhas consigo encaixar dentro dele.<br />
Só espero que este livro não seja só mais um <i>Objecto Quase</i> lido da minha estante cá de casa. Xiiiii. Perceberam? Esta é só para o circulo restrito de pessoas de nível intelectual superior (ao qual eu agora pertenço, claro) que lêem Saramago. E que trabalham em livrarias. E bibliotecas. E que se são casadas com gente com a mania que é intelectualóide, vá.tiago lealhttp://www.blogger.com/profile/04379131938071304176noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7010257087358042450.post-86605605112236572892013-07-30T04:09:00.001-07:002013-07-30T04:09:42.223-07:00O meu "outro" estaminé<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://tiagoleal-illustration.weebly.com/" target="_blank"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-rlKXJ4PJS8c/UfeejMjJYVI/AAAAAAAABSs/vRwwUuxzJ8w/s1600/Tiago+Leal.JPG" height="192" width="400" /></a></div>
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De vez em quando, recebo um ou outro mail de pessoas que vêm aqui ler as idiotices que escrevo. Se isso por si só já é esquisito, ainda mais esquisito é não serem mails de pessoas a pedirem-me conselhos sobre relações amorosas. Caramba, tenho vindo a deixar pérolas de sabedoria sobre o meu relacionamento e ninguém me pede conselhos. É mesmo frustrante. Eu sei que não é problema meu, porque eu percebo bastante sobre o assunto e tenho uma sensibilidade acima da média, mas pronto. Tenho que esperar que o Quintino e o Machado Vaz se reformem, é o que é.<div>
Em vez disso, as pessoas escrevem-me a perguntar se faço ilustrações profissionalmente, e não apenas uns rabiscos num caderno preto, que depois servem para por no blogue. Estranho. Umas perguntam se faço convites de casamento, outras se faço headers para blogues, outras querem livros infantis. Mas não há uma que queira saber se passar a tarde a lavar a loiça é mesmo afrodisíaco ou se foi uma valente peta que a nossa mulher nos enfiou. </div>
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De qualquer das formas, para mostrar que sou um tipo atencioso e extremamente sensível, dediquei-me a fazer um site novinho em folha com o meu trabalho, para esclarecer os mais distraídos. Está em inglês porque parece que lá fora vive mais gente do que aqui, mas também só tem 3 ou 4 linhas de texto, vá. Se não perceberem alguma coisa, podem perguntar.</div>
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O link vai ficar ali ao lado. (porque tem muito espaço vazio e tinha que lá por alguma coisa)</div>
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Sejam todos bem vindos <a href="http://tiagoleal-illustration.weebly.com/" target="_blank">aqui</a>.</div>
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PS - no separador "Contacts" há um formulário de contacto. Se quiserem mesmo saber se vale a pena irem ao Chinês jantar nhanha com a vossa Maria porque ela adora e vocês acham que isso vos vai trazer algum dividendo (para além da dor de barriga, claro), não hesitem em contactar.</div>
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tiago lealhttp://www.blogger.com/profile/04379131938071304176noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-7010257087358042450.post-31191266029344617012013-07-28T07:05:00.001-07:002013-07-28T07:05:29.449-07:00Descobri o meu super-poder<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-u-anyVOFqik/UfUjZ1CaFoI/AAAAAAAABSY/RSBRLVSz1AI/s1600/sapatos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-u-anyVOFqik/UfUjZ1CaFoI/AAAAAAAABSY/RSBRLVSz1AI/s1600/sapatos.jpg" height="307" width="400" /></a></div>
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Agora que terminou a época de casamentos 2012/2013, é altura de fazer o respectivo balanço. De entre as várias conclusões a que cheguei, a mais importante que tirei é que, quando vou a casamentos de amigos com a Maria acontece sempre uma coisa extraordinária. Ok, talvez duas, se contar com o facto de duas pessoas unirem as suas vidas para sempre, com um amor eterno que torna o mundo num sítio melhor e permite ter esperança na Humanidade.<br />
A coisa extraordinária de que estou a falar é que, tanto eu como a Maria, nos transformamos numa espécie de super-heróis. É verdade. Acontece sem darmos conta, por isso acredito que os nossos super-poderes ainda devem estar a despontar, mas dá-me a ideia de que vão crescer no futuro. Até já escolhi os nossos nomes - a Maria vai ser simplesmente a <i>Princesa</i> e eu vou ser o <i>Mordomo que Percebe de Moda Feminina Especialmente Aquela que a Maria Veste</i>. Só pelos nomes dá logo para ver o poder que nos rodeia e, por aquilo que vejo nestes dias, não devemos ser os únicos com estes poderes.<br />
Senão, vejam. Nestes dias, a Maria veste o seu melhor vestido, pinta as unhas, arranja o cabelo, põe maquilhagem, calça sapatos com um salto tão grande que fico sem perceber como é que não anda tombada para a frente e usa uma carteirinha onde só cabe o telemóvel (se for eu a fechar a dita,os óculos escuros também cabem). Passa o dia inteiro sem se conseguir mexer muito, a não ser, talvez com a língua, claro.<br />
Já eu, levanto-me 3 horas antes da boda para... ir lavar o carro. Em mais nenhum dia eu o faria. Se tivesse uma reunião de trabalho com um tipo importante e levasse o carro, nunca o lavaria. Em vez disso, o mais certo seria desculpar-me com a sujidade exterior do carro dizendo que um camião de porcos se tinha despistado à minha frente a caminho da reunião e com a sujidade interior dizendo que a Maria tinha andado com o carro sem eu saber. Mas nos dias de casamento, não sei porquê, vou lavar o carro e nem me queixo à Maria de ter que tirar as 2 toneladas de lixo que ela lá deixa nem nada. Estranho.<br />
Depois, chego a casa e faço a barba. Esta é tão estranha que nem vou comentar. A seguir visto um fato, com a gravata de cor igual à da <i>Princesa</i>. Este pormenor é importante. Tenho visto nos casamentos mais casais que aparentam ter os mesmos super-poderes que nós. Por isso é importante que cada <i>Princesa</i> distinga bem o seu <i>Mordomo</i>.<br />
Finalmente, pego na mãozinha da <i>Princesa</i> e vamos para o carro. Oiço duas bocas acerca da falta de limpeza no<i> tablier</i> e na ausência de um perfumezinho, repondo 10 vezes afirmativamente à pergunta: "Estou bem? Vê lá? Estou mesmo bem? A sério, vê lá se estou bem.", ligo o carro e seguimos para a festa.<br />
Já na festa, anoto os pedidos de canapés e bebidas para a Maria e vou buscar. Geralmente vou ao bar com outros <i>Mordomos</i> e aproveitamos para beber qualquer coisa. Não convém que a Maria saiba porque, já se sabe, quem conduz não bebe e a qualquer hora posso ter que ir a casa buscar os sapatinhos rasos que ela lá deixou esquecidos.<br />
Outra das minhas ocupações, durante a comezaina, é responder sempre negativamente às perguntas "Estás a olhar para o decote daquela? Está mais bem vestida do que eu? Está, não está? Nota-se muito que fiz aqui uma nódoa no vestido com uma azeitona?" e afirmativamente a "Estou bem? Mesmo? Não olhaste para mim quando respondeste." Aqui até parece fácil, mas não aconselho a quem não tiver prática. Um simples pestanejar pode deitar tudo a perder. Ser <i>Mordomo</i> não é para meninos.<br />
E a quem acha que isto não são super-poderes, eu pergunto que outro motivo me faria aguentar (quase) tanto tempo a dançar como a Maria, no bailarico da festa. Sim, porque quando saímos à noite num dia normal, o mais que consigo fazer é bater com o pé no chão e ficar a ver a Maria a dançar.<br />
No final do dia, outra das obrigações do <i>Mordomo</i> é ceder o casaco à <i>Princesa</i> já que, por estranho que possa parecer, a "<i>echarpe</i> não aquece o suficiente". Esquisito. Aquilo tem um ar tão quentinho...<br />
O dia termina com a viagem de regresso a casa, onde trago sempre o carro com suavidade, como um bom <i>Mordomo</i> o faz. A <i>Princesa</i> está cansada e precisa de descansar.<br />
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Por fim, deixo só aqui um conselho a quem só agora descobriu o seu super-poder: se, eventualmente, <strike>o vosso teor alcoólico for elevado e conduzirem aos arranques até casa</strike> passarem por cima de um buraco na estrada, olhem a vossa Maria nos olhos e digam com convicção:<br />
"Este foi giro mas o nosso casamento foi (ou vai ser) muito mais bonito!"<br />
Se for com convicção, podem ir em primeira até casa sem problema nenhum.<br />
À confiança.tiago lealhttp://www.blogger.com/profile/04379131938071304176noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-7010257087358042450.post-58151944447561178752013-07-17T02:07:00.001-07:002013-07-17T02:24:01.942-07:00Um calor selectivo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-Ip5h8aW55GY/UeZesO0pJhI/AAAAAAAABR8/t3IMJa5r9-Y/s1600/santo+amaro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-Ip5h8aW55GY/UeZesO0pJhI/AAAAAAAABR8/t3IMJa5r9-Y/s1600/santo+amaro.jpg" height="310" width="400" /></a></div>
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Um tipo passa o ano inteiro a dormir de pelota para conseguir aguentar os 5 cobertores e o edredão que a Maria precisa para se sentir "quentinha" de noite, a suar que nem um porco, sujeito a ser acusado de ainda fazer xixi na cama.<br />
Um tipo tem que aguentar as viagens de carro, o ano todo, a conduzir de t-shirt (em tronco nu parece que é proibido) porque a <i>chauffage</i>, quer dizer, a sofagem (esqueço-me sempre que é uma palavra derivada de sofá) vai sempre no máximo, para S. Exa. Maria não ter frio, porque o calor, esse malandro, só aparece acima dos 30º.<br />
Um tipo não pode, em altura nenhuma do ano, arrumar o aquecedor de casa, porque nunca se sabe quando é que a temperatura vai baixar e, nestas coisas, já se sabe, "uma pessoa gosta de se sentir confortável na sua própria casa, não achas?"<br />
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Um tipo tem que disfarçar a cara de palerma com que fica quando, ano após ano, no primeiro dia em que vai à praia e a água do mar está <i>completamente</i> gelada, a Maria entra pelo mar adentro como se estivesse numa sauna, a gritar "Está tão booooaaaa! Anda lá, não sejas totóóó!". E o pior é que um gajo não consegue reagir porque os pés acabaram de congelar ao tocar naquela mesma água e, andar para a frente, mesmo que se quisesse, torna-se impossível porque se deixou de sentir o que quer que exista dos tornozelos para baixo. E responder também é melhor não, já que o tom de voz nestas situações poderia levar alguém a pensar que alguma parte do meu corpo poderia ter sido, vamos lá, amputada.<br />
Mas ainda não perdi a esperança de um dia conseguir perceber porque é que alguém com 15º de temperatura ambiente tem que vestir uma samarra, mas com 15º de temperatura no mar, um bikini chega perfeitamente. É que não consigo mesmo perceb... Oi. Espera lá. Será que os bikinis aquecem? Às tantas é isso. Tu queres ver... Tenho que experimentar isso. Só para perceber se é daí, claro.<br />
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(Eu acho piada aqueles tipos que dizem que vão ao banho ao mar porque adoram e é espectacular e mais não sei quê. Eu, pelo menos, não tenho problemas de admitir que vou ao banho por causa do meu estúpido orgulho masculino. Se a Maria vai, eu também tenho de ir. Se a Maria vai e se putos de 8 anos ficam a olhar para um gajo com aquele ar pensativo de quem está a tentar perceber que problema é que um gajo tem para não ir à água. Não fosse isso e ninguém me arrancava da toalha.)tiago lealhttp://www.blogger.com/profile/04379131938071304176noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-7010257087358042450.post-53360078508831251812013-07-12T03:32:00.001-07:002013-07-12T03:32:04.246-07:00O incómodo de andar de metro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-GCERXW1MtS0/Ud_abPrG4xI/AAAAAAAABRk/8C9fCML3Ngg/s1600/le+monde.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-GCERXW1MtS0/Ud_abPrG4xI/AAAAAAAABRk/8C9fCML3Ngg/s1600/le+monde.jpg" height="305" width="400" /></a></div>
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Há dias, vinha eu no metro, quando se senta um cavalheiro francês ao meu lado. O senhor já era frequentador da 3a idade e trazia consigo o <i>"Le Monde"</i>, que lhe atestava a nacionalidade e o grau superior de inteligência.<br />
O culto senhor senta-se, abre o jornal e, nem dois segundos depois, olha para mim muito sério, passa a mão entre a perna dele e a minha (que se tinha encostado involuntariamente) várias vezes seguidas, e exlama, com um ar meio <i>creepy</i>:<br />
<i>- Regardez!</i><br />
Completamente aparvalhado, fiquei ali uns segundos a tentar perceber o que é que se tinha passado e cheguei à conclusão que só podia ser uma de 3 coisas:<br />
1) O meu odor corporal estava a incomodar o senhor e ele queria que eu me afastasse para o mais longe possível.<br />
2) O homem achava que eu era panisgas e que me estava a fazer ao piso por ter a minha perna encostada à dele e quis mostrar que não estava interessado.<br />
3) Aquilo tinha sido fruto de algum delírio meu, que, com tanto calor, imaginei coisas que não tinham acontecido.<br />
Apesar de estar mais inclinado para a 3a hipótese, apertei os braços contra o corpo para fechar bem a sovaqueira e pus a mão com aliança de casado no colo. Entretanto percebi que estava a ser estúpido e parei com aquilo. Afinal de contas, tinha posto desodorizante e o casamento gay já é legal há uns tempos.<br />
Tentei não pensar mais no assunto mas, quando o metro parou na estação seguinte, o homem levantou-se de imediato e foi para os lugares da frente, que tinham ficado vagos. Ao virar-se, mandou-me duas faíscas com os olhos que até fiquei a bater mal.<br />
Se a coisa estava a ser surreal, ainda mais ficou quando, na paragem seguinte, entrou um senhor com os seus calções e sandálias com meias brancas e se sentou ao pé do homofóbico. Aquilo que eu já estava a ficar certo de ter sido imaginação voltou a repetir-se: a mesma mão a afastar a perna do homem e a mesma expressão <i>creepy</i>. A única diferença foi que, desta vez, a exclamação aziada foi: "<i>Attention!</i>" Uma coisa era certa - o homem tinha bastante vocabulário.<br />
Ao olhar para o homem que ia ao lado dele, fiquei com a ideia de me estar a ver uns instantes atrás tal foi a expressão de aparvalhamento na cara dele. A única diferença foi que ele não deve ter tido tempo para acreditar que aquilo estava mesmo a acontecer porque, naquela altura, chegámos a uma estação onde entrou uma rebanhada de gente que, ao passar pelo superior francês, lhe tocava involuntariamente nos braços, nos pés e nas pernas fazendo a cabeça do homem rodar que nem um pião, tentando perceber quem se atrevia a perturbar a sua leitura. Foi o suficiente para o fazer sair na estação seguinte.<br />
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Agora a sério: eu compreendo bem o homem e sei bem o que ele estava a sofrer. Há dias, no mesmo metro, completamente cheio de gente e com um calor desgraçado, iam umas moçoilas bem constituídas de bikini em pé ao meu lado (certamente a caminho da praia), sempre a tocar-me por causa dos balanços da carruagem e aquilo também já me estava a deixar incomodado.<br />
A minha sorte foi ainda não estar na 3a idade. Senão também teria saído na estação seguinte.tiago lealhttp://www.blogger.com/profile/04379131938071304176noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7010257087358042450.post-9188924339156170512013-07-08T13:33:00.001-07:002013-07-08T13:33:08.764-07:00É nestas alturas que gosto de ter pouco pêlo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-JiDdL7UkL_I/Udsh8tmrjPI/AAAAAAAABQ8/kccI6cKj9EY/s1600/gato+no+frigorifico.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-JiDdL7UkL_I/Udsh8tmrjPI/AAAAAAAABQ8/kccI6cKj9EY/s1600/gato+no+frigorifico.jpg" height="302" width="400" /></a></div>
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Há pessoas que só lhes dão da comida mais cara.<br />
Há pessoas que lhes passam creme hidratante.<br />
Há pessoas que lhes limpam o rabo depois das necessidades.<br />
Há pessoas que lhes dão banho todos os dias.<br />
Há pessoas que os escovam dia sim dia não, mesmo que eles lhes risquem o cromado todo.<br />
Há pessoas que os levam todas as semanas ao veterinário.<br />
Há pessoas que os enchem de beijos. (Maria, como é que é possível?)<br />
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Eu abro a porta do frigorífico ao meu gato para ele se refrescar.<br />
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E acho que estamos conversados quanto a quem toma melhor conta do seu animal de estimação.tiago lealhttp://www.blogger.com/profile/04379131938071304176noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-7010257087358042450.post-9605752502395725472013-07-06T02:56:00.002-07:002013-07-06T02:56:40.762-07:00Portas, nós cá nos arranjamos sem ti, a sério<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-0PLdVcXEvP0/UdfprSsqMaI/AAAAAAAABQI/EmjWpnNoHlE/s1600/loja+do+cidad%C3%A3o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-0PLdVcXEvP0/UdfprSsqMaI/AAAAAAAABQI/EmjWpnNoHlE/s1600/loja+do+cidad%C3%A3o.jpg" height="307" width="400" /></a></div>
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Aqui há uns dias, no dia 2 de Julho para ser mais preciso, fui com uma das minhas irmãs à Loja do Cidadão. Tínhamos umas dúvidas sobre descontos para esclarecer no balcão das Finanças e, como o Gaspar se tinha demitido de véspera, não perdemos tempo e fomos lá. Se o tipo que aumentou os impostos sai (e toda a gente, alguns até no próprio Governo, dizia que era contra esse "enorme" aumento), os impostos descem, certo? Certinho direitinho. E antes que arranjassem outro fantoche da troika para lá porem, não havia um minuto a perder.<br />
Para além do mais, mesmo que ainda não houvessem boas notícias, havia sempre a possibilidade de por o sono em dia. As pessoas que estão a atender são muito atenciosas - chegam ao ponto de trabalhar mais <strike>devagar</strike> silenciosamente só para não fazerem barulho e não acordarem quem está a repousar.<br />
À chegada, tirámos a senha e tivemos logo ali uma boa notícia - só estavam 44 pessoas à nossa frente. A demissão do Gaspar devia ter passado despercebida a muita gente, mas ainda bem para nós. Aquilo ia passar num instante. Demos a volta ao pé do balcão e uma segunda boa notícia - em 7 mesas de atendimento, estavam 2 pessoas a atender. Espectacular. Ora bem, 44 pessoas para 2 mesas, dava 22 pessoas por mesa. Se cada uma demorasse 5 minutos, só tínhamos que esperar 110 minutos - 1h50m! Isto sem contar com as desistências, claro. O mais certo seria esperar só 1h40m. Era, claramente, o nosso dia de sorte.<br />
Ficámos por ali uns minutos, só para analisar a taxa de desistências e medir o tempo médio de atendimento, e fomos beber um café. O segurança informou-nos que já não tinham máquinas automáticas mas que havia um café muito bom mesmo ao lado da loja. Ia eu para agradecer a amabilidade ao homem quando ele se senta e continua a preencher uma lista de nomes enorme. Já tinha reparado que muitos seguranças nas Lojas do Cidadão o faziam. Mas só desta vez é que se fez luz na minha cabeça - era uma lista de pessoas que ele já tinha mandado para o café do lado para ir lá entregar ao dono no fim do dia. A vida está difícil e todos temos que fazer por ela. Compreendo perfeitamente e se fosse eu, acho que até uma carta de menus do café lá teria comigo para mostrar às pessoas.<br />
No café estava um ambiente muito animado. O dono olhou para mim e deve ter visto a senha da Loja do Cidadão que eu ainda trazia na mão, porque fez logo um sorrisinho. Fizemos o pedido e olhei em volta para ver a razão daquele ambiente. Na televisão ao canto, passava a confirmação de que estava a ser um dia de sorte daqueles que aparecem uma vez em cada 31 anos - o Portas tinha-se demitido e havia já comentadores que previam a queda do Governo ou, pelo menos, a demissão dos restantes ministros do CDS.<br />
Voltámos para a Loja e pumbas, nova boa notícia - a malta deve ter saído para festejar e fomos atendidos apenas 1h35m depois de termos chegado. Pronto, ok. Deve ter sido só uma pessoa. As outras duas tinham desistido mesmo.<br />
A senhora que nos atendeu foi muito simpática mas explicou-nos que teríamos que ir resolver o nosso problema à Segurança Social e não ali. Para mim, descontos são descontos e às vezes tenho alguma dificuldade em distinguir o ministério que me engole os rendimentos.<br />
Àquela hora já não havia senhas para a Segurança Social mas não me preocupei. Com a saída do Portas, o mais certo seria o ministro Mota Soares, do CDS, também se demitir no dia seguinte. E depois, já se sabe. Se o tipo que aumentou as contribuições para a Segurança Social sai, os descontos diminuem, certo?<br />
O problema é que, depois de uma semana em stress, à espera a qualquer momento da saída do CDS, sem saber que dia planear para ir à Loja do Cidadão, parece que afinal o CDS fica no Governo e o Portas também.<br />
Este pessoal ainda não percebeu que os portugueses precisam de saber com o que contam para poderem planear a sua vida. E se nem o dia em que se tem que voltar à Loja do Cidadão se consegue prever, já pouco ou nada lá estarão a fazer e mais valia que fossem embora.<br />
Só pedia era que fossem embora numa 3a feira. Às 2as, a Loja do Cidadão está que não se pode.tiago lealhttp://www.blogger.com/profile/04379131938071304176noreply@blogger.com0