terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O pequeno-almoço mais mitico do universo


Nas primeiras vezes que fui ao IKEA, foi com a preocupação de comprar móveis. Sim, eu era um ignorante. E comecei a perceber que devia andar a perder alguma coisa de especial quando, de cada vez que dizia a alguém que lá tinha ido, me falavam nos pequenos-almoços que lá serviam.
Quando, por fim, tive oportunidade de lá ir com o intuito de javardar nos aclamados pequenos-almoços, não pude ficar mais decepcionado: tinham acabado, pelo menos conforme mos tinham descrito. Logo quando eu tive um tempinho para lá ir, o IKEA resolve fazer uma versão etíope do seu famoso pequeno-almoço, passando nessa altura, a ter, apenas, dois bolos, um sumo e um café.
Escusado será dizer que, os pequenos-almoços originais passaram a ter o estatuto de lenda. Eu cá para mim, aquilo, às tantas, nem nunca existiu. Mas se, quando supostamente eles existiam, as pessoas me diziam para eu ir ao IKEA porque eles tinham uns pequenos-almoços com 17 bolos, 8 sumos, 2 ovos, bacon e café, quando eu lhes dizia que esses já não existiam, elas desabafavam sempre: "Caramba, nunca mais vais poder experimentar aqueles pequenos almoços com 23 bolos, 12 sumos, 3 ovos, bacon e 3 cafés. Ou seriam 4?" Os ingredientes aumentavam sempre de cada vez que a conversa vinha à baila, fazendo o estatuto de lenda da coisa aumentar de cada vez que se falava no assunto.
Ora, aqui há dias, fui lá com a Maria tomar o pequeno-almoço. Não tínhamos nenhuma expectativa especial - era só mesmo para comer dois bolos, um sumo e um café. E, qual não é o nosso espanto quando vemos que, o pequeno-almoço, agora incluía dois bolos, um pão, um ovo, um sumo e um café.
Quando já estava a esfregar as mãos e a fazer planos na minha cabeça para, finalmente, dizer a toda a gente que, também eu já tinha experimentado o lendário, o mítico, o fabuloso pequeno-almoço do IKEA e libertar-me da maldição de ouvir dizer a toda a gente que dantes é que os pequenos-almoços é que eram bons, a Maria interrompeu-me, e trouxe-me de volta à realidade:
"Oh, esquece. Continua a não ser o tal. Por esta altura só se tivesse 32 bolos, 16 sumos, 5 ovos, bacon e 1 litro de café é que nos podíamos gabar..."

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Passeio, ranho e febre


Aqui há dias fui com a Maria, a convite de uns amigos, fazer um caminho pedestre, ali para os arredores da zona da Santa Terrinha, a bela Miranda do Corvo. Para quem não está a ver onde é Miranda, posso dizer que o percurso foi entre Vila Nova e a Sra. da Piedade de Tábuas, passando por Barbéns, claro.
Quando nos convidaram, fizeram questão de deixar claro que o caminho que iríamos percorrer não tinha qualquer dificuldade de maior, nem qualquer obstáculo mais difícil de transpor.
A Maria acreditou mas eu fiquei céptico. Já tinha visto aquele filme várias vezes e não era com duas balelas que me convenciam.
E, por muito que me custe ter razão, assim foi. No dia e na hora combinada, as dificuldades começaram logo. E não sei se eram dificuldades ou se seriam mesmo obstáculos, quase, intransponíveis.
A sério, nunca mais acredito nas pessoas quando me disserem "Ai e tal, vais ver que vai ser mesmo fácil, é que não vai custar mesmo nada!"...
Eu gostava era de ver essas pessoas a tirar a Maria da cama às 8h30, num dia que não é de trabalho, e com a temperatura a rondar os 8ºC...
Se isso não é uma dificuldade, então não sei o que será.

PS: Estou cá convencido que foi à conta desta brincadeira que passei a semana constipado e ontem não consegui sair do sofá, tal era a febre que tinha, que, inclusivamente, me obrigou a faltar ao jantar de anos de um amigo (fiz dieta e tudo para conseguir comer mais na festa e depois acontece-me isto...)
Mas nem tudo foi mau. A Maria viu na nossa enciclópedia médica (vulgo "net") que a febre é uma reacção do corpo para eliminar o problema. No meu caso, o problema é que o papel higiénico se estava a consumir a uma velocidade avassaladora devido à corrente imparável de ranho que saía do meu nariz, fazendo ponderar, a certa altura, ter que voltar aos tempos do papel de jornal para limpar, vamos lá, outras partes... Com a febre, o ranho começou a evaporar e o nariz secou, voltando o jornal para a sala. A nossa enciclopédia nunca se engana.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A solidariedade masculina sabe sempre bem, mesmo que por pena


Maria - "Não te vais por com isso agora! Caneco, sempre que vamos a um café é a mesma coisa..."
Cunhado - "Vá lá, não sejas assim. Até é giro."
Maria - "É que põe-se naquilo e não faz companhia nenhuma. Para isso ficávamos em casa."
Cunhado - "Tem calma. Olha, achas que assim fico bem?"

5 minutos mais tarde:
Eu - "Olhem lá! Digam lá se não ficaram os dois mesmo parecidos?"
Maria - "Eu não fiquei nada, mas já estou habituada."
Eu - "Sim, mas tu, diz lá que não ficaste! É que tás igual!"
Cunhado - "Ah... Pois... Estou, acho que sim. Mas mesmo assim acho que ela ainda está mais."
Eu - "Estás a ver? Eh eh! Tenho que começar a trazer-te no bolso."

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Trata-o com cuidado, miuda


Quando tinha 19 anos, ir à missa ganhou toda uma nova dimensão: tirei a carta e, como que por indulto patriarcal, passei a ter o privilégio de conduzir o carro da família até à igreja. Eram só 2 ou 3 quilómetros mas era o suficiente para que, à chegada, todos os membros da família tivessem muitos mais motivos para agradecer a Deus o facto de estarem ali.
Agora, mais de 10 anos volvidos e umas boas centenas de milhares de quilómetros conduzidos, a minha irmã mais nova, também ela com 19 anos, já tem carta.
E é incrível como a história se repete. A mesma idade. A mesma azelhice. O mesmo co-piloto (certo, pai?). E o mesmo mundo novo que se abre perante os olhos, pelo simples facto de já não se depender mais dos transportes públicos ou do pai para a ir buscar depois de uma saída à noite.
Só espero que ela seja meiguinha com o carro dos meus pais. Caneco, ele bem merece. Aqui há uns anos teve um nabo a conduzi-lo que lhe meteu uma roda para dentro. E que lhe mudou a forma a um pára-choques. E que lhe fez uns risquitos, e...
Ok, é melhor ficar por aqui.

É verdade, mana. Não penses que por voltares de carro da night podes enganar os pais sobre a hora a que chegas a casa. Eles topam tudo. A sério. Nem vale a pena tentares.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Não venham tarde


Há dias, cheguei a casa meio em baixo, não sei se por se terem acabado as gomas ou por ser a minha vez de lavar a casa-de-banho... Sentei-me no computador e, quando fui espreitar as visitas que tinha tido aqui no estaminé, reparei que tinha umas quantas de um blog chamado Não Venhas Tarde, um blog (muito muito bom) que pretende ser uma espécie de revista cultural.
Fui lá espreitar e, não é que, nesse blog não só está um artigo relativo aqui ao estaminé como ainda tratam o respectivo proprietário por "Artista"?
É mesmo o tipo de coisa que anima uma pessoa. Mais. É o tipo de coisa que faz uma pessoa não se importar de lavar a casa-de-banho durante um mês. Quer dizer... esperem lá. Acho que a Maria ainda lê isto. Se calhar, estiquei-me...

Mas o que eu queria mesmo era agradecer aos tipos do Não Venhas Tarde e, ao mesmo tempo, pedir-lhes desculpa, caso venham a perder a audiência e a credibilidade por arriscarem tanto, num artigo sobre o estaminé.

Bem, acho que tenho que ir à casa-de-banho...

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Só arriscando as relações se tornam mais fortes


Neste dia dos namorados, eu e a Maria decidimos arriscar. Deixámos de lado a nossa zona de conforto e lançámo-nos na aventura. Que Diabo, a vida não volta atrás e tem que ser vivida todos os dias.
Imbuídos neste espírito aventureiro, respirámos fundo e... fomos ao cinema ver um filmezinho fofinho.
Sim, eu avisei que tínhamos ido na loucura. E o que haverá de mais louco em ir ao cinema no dia dos namorados e, aqui vai bomba, tentar ver mesmo o filme? Muito pouca coisa, digo eu...
À chegada à sala, tivemos que pedir gentilmente a um casal, que só deve ter comprado um bilhete, para pararem de se comer literalmente um ao outro, para alcançarmos os nossos lugares. Ela ainda me olhou com uma cara de indignada e eu fiquei a sentir-me mal porque, no fundo, quem estava no sitio certo no dia errado éramos nós.
Sentámo-nos e, em segredo, rezei para que o filme começasse o quanto antes. Como a coisa estava demorada, pus-me a fazer um desenho. E, apesar de não ter conseguido deixar de ouvir as lambusadelas do casal que ficou ao meu lado, estar a desenhar teve a vantagem de os fazer parar com aquilo de 10 em 10 segundos, de cada vez que o cavalheiro espreitava o desenho para ver se ia aparecer...
Mas bem, o filme lá começou e o casal do meu lado parou com aquilo. Até ao intervalo, aguentou-se bem. (não me posso queixar das pessoas a comerem pipocas de boca aberta porque isso já passou a ter o estatuto de banal...)
O pior foi na segunda parte. A Maria já não tinha posição para estar e pediu-me para trocar de lugar. Até aqui tudo bem. O pior foi quando começaram as cenas fofinhas, que, basicamente, aconteciam de 5 em 5 segundos. De cada vez que algum actor ou actriz dizia alguma coisa mais lamechas, a menina que estava ao meu lado exclamava "Ohhhhh..." e atirava-se literalmente para cima do namorado, já com a língua de fora, pronta para o lamber mais uma vez. Agora que penso nisso, a minha sogra tem um cão que também faz isso. Enfim.
O que importa é que no final todos os casalinhos tinham um ar feliz. Elas porque viram um filme lamechas. Eles porque sentiram que, após o sacrifício, iriam ser recompensados...
E nós porque superámos uma prova do mais radical que há. Qual bungee jumping qual quê.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Piegas ou nabos?


O que estava em pé gesticulava, punha-se de pé, esbracejava, fingia que chutava, falava alto, sentava-se, trincava a sandes, voltava a fazer que chutava, bebia leite... O sentado, só acenava que sim com a cabeça. Mas verdade seja dita. Ele tentava. Chegava a conseguir dizer uma ou duas sílabas, mas o amigo não lhe dava grande hipótese.
Eu estava a mais de 50 metros e não consegui ouvir a conversa. Mas perante tamanha demonstração do poderio da irritação de um verdadeiro português, só vejo duas opções para o conteúdo da conversa:

Opção A
- Nabos! Eu digo-te que são uns nabos... Aquilo era só pontapear a bola lá para dentro e ganhávamos... Que porra. Já não há paciência.
- Hum hum.
- É que já nem os consigo ver a jogar. Parecem uns coitadinhos.
- Hum hum. Eu tam...
- Dá dó. Nham Nham. Era só chutar, caraças. Glup glup.

Opção B
- Piegas! Eu digo-lhe quem é que é piegas... Aquilo era só pontapear o rabo dele lá para fora e expulsávamo-lo... Que porra. Já não há paciência.
- Hum hum.
- É que já o consigo ver a governar. Faz de nós uns coitainhos.
- Hum hum. Eu ach...
- Dá dó. Nham nham. Era só chutar, caraças. Glup glup.

Eu aposto na opção A. Tudo bem que irmos perder a independência é chato. Mas o Sporting está a fazer um bom serviço para nos fazer esquecer isso.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Tenho um paladar requintado


Quando vou comer fora, só vou a sítios típicos. Já experimentei ir a outros mas correu mal. É que não consigo mesmo. A sério. Não contem comigo para comer porcarias e prejudicar a minha saúde. Nos restaurantes típicos é que me sinto bem.
É que só nestes sítios se sente a verdadeira cultura de um país. É nestes sítios que se sente, a cada dentada ou a cada golada, todo o histórico esforço de um povo. Que defendeu a sua cozinha como parte integrante da sua cultura e fez dela uma bandeira.
Sente-se o esforço dos agricultores no cultivo, que arduamente, e de sol a sol, trabalham para nos fazer chegar à mesa os melhores ingredientes, dos cozinheiros na confecção metódica das refeições e na própria reinvenção da cultura gastronómica. E de todos os outros de quem ninguém fala, como os transportadores, os empregados de mesa, os empregados de limpeza e todos aqueles que não descansam para que até nós, apenas chegue o melhor do melhor.
E o mundo tem tantas culturas diferentes, tantos países, tantos povos, tantas formas diferentes de ver a comida, que seria um autêntico desperdício limitar as escolhas de restaurantes tipicos ao país A ou B.
O meu paladar requintado, por exemplo, tem um fraquinho pelos restaurantes típicos dos Estados Unidos.

Não há nem Mac, nem PizzaHut nem Starbucks que me escapem.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

E o pintinho piu, e o galo corócócó e a galinha có...


Quando já se sabem todos os anúncios da rádio de cor, quando já se consegue adivinhar a música que vai dar a seguir (e também se sabe de cor, mesmo que seja da Britney Spears...), quando já se ouviu o arquivo inteiro dos Cromos do site da Comercial e do Bruno Nogueira do site da TSF, quando os vídeos do Facebook já aparecem pela vigésima vez e partilhados sempre por alguém diferente, e quando (ó meu Deus...) por estúpido que pareça, se começa a achar piada ao clip do "Pintinho Piu" cantado em play back por um miudo super irritante, sim, é porque está na altura de desanuviar, nem que seja com uma ida ao parque mais próximo.
Quando, no parque mais próximo, ao fim de se lá estar há 5 minutos, dois velhotes começam a olhar, com olhos de mafiosos, como se alguém tivesse entrado em casa deles sem pedir autorização, e estivesse a estragar algum negócio secreto, e se olha em volta para lhes mostrar que está lá mais gente mas só se veêm mesmo dois homens do lixo a limpar as folhas secas caídas, é porque está na altura de voltar ao trabalho.
Não tem nada que enganar.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Guiné Conacri, hummm...


Fui, há dias, a um novo tipo de agência de viagens, que se está a popularizar muito no nosso país. É um novo conceito, com argumentos claramente vencedores. De facto, o conceito deve ser mesmo bom, porque a dita agência esta sediada num prédio de luxo no centro de Lisboa.
Mas vamos aos argumentos.
Em primeiro lugar, têm uma recepcionista jeitosa. Pronto, agora que já arranjei maneira de dormir no sofá durante duas semanas, vamos aos que realmente importam:
Recebem os clientes numa sala de reuniões, à porta fechada (a recepcionista não tem nada que saber para onde vamos... já está, três semanas no sofá...) por um doutor todo engravatado. Só isso transmite logo uma sensação de importância ao cliente.
Depois perguntam a história da vida toda ao cliente. Pode parecer intromissão na intimidade mas não é. Eles querem mesmo é perceber qual o país que melhor nos assenta.
Por fim apresentam-nos os destinos que acham que nos ficam melhor. Curiosamente, a mim era a Guiné Conacri. Por estranho que pareça, fui com um colega a quem receitaram o mesmo. Deve ser um país muito eclético, a Guiné.
De resto, parece que África, de uma forma geral está a sair muito bem. O Brasil também está a começar a sair mas o que está a ficar na moda é o Médio Oriente.
Mas aquilo que realmente torna este negócio em algo de revolucionário é que esta agência de viagens arranja forma dos clientes receberem dinheiro por viajar. É verdade.
Quer dizer, fiquei com a ideia de que no país de destino é preciso trabalhar um bocadito. Ah, e as viagens têm que durar 6 meses. E depois da primeira viagem, pode-se vir a casa uma semanita e depois tem que se voltar a viajar para o mesmo país durante mais 6 meses. Ui, e levar a família é altamente desaconselhado, porque reduz as possibilidades de arranjar um bom destino. Toda a gente sabe que a Guiné Conacri é bonita de visitar sem a familia a chatear.
Mas a viagem é paga e ainda dão um valor para despesas, mensalmente. Sim, só podem dar um pequeno valor porque lá me informaram que "o paradigma mudou". Não sei bem o que é que isso quer dizer, mas há tanta gente a dizer isso que o mais certo é isso não querer dizer absolutamente nada.
Agora, o que realmente realmente é de génio, é o nome que arranjaram para este tipo de agências. Deve ter sido alguém muito inteligente para, nos dias que correm, se ter lembrado deste nome. É que só o nome já garante o sucesso destas agências.
Agências de Emprego. É de génio ou não é?

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O Viagens chegou ao P3!


O site do P3, suplemento digital do jornal Público dedicado aos jovens, publicou hoje um artigo de extrema qualidade jornalística. É um artigo que dignifica o jornalismo português e explora todas as vertentes dessa arte que conjuga a divulgação de acontecimentos com a mais fina literatura, numa profundidade dramática...
Oh, esqueçam. Não é nada disso. É um artigo aqui sobre o estaminé. É a vida. Deviam estar com falta de temas. A crise, quando dá, é para todos.
Mas olhem, se passarem por lá, façam-me um laique. O site deles tem uma série de separadores com um ilustrador em cada e, que caramba, não queria nada ficar em último nas visitas.
Valé?

Ah, a porta de entrada é esta: http://p3.publico.pt/cultura/exposicoes/2005/tiago-urban-sketcher-leal