terça-feira, 10 de abril de 2012

Só pelo hall de entrada, já merece a visita


Aqui há uns tempos, fui convidado para ir desenhar a uma feira de trocas ao vivo, no edifício da Cruz Vermelha Portuguesa, ali perto de Alcântara. Geralmente, quando tenho que estar a desenhar ao pé de muitas pessoas, gosto de levar a Maria. Primeiro pela companhia, claro. E depois porque quando ela está ao pé de mim, sempre dá para disfarçar o que estou a fazer e não atrair curiosos. A sensação de ter alguém a olhar quando desenho é a mesma de quando o professor ficava especado ao pé de nós quando tínhamos teste: o cérebro fica em branco, a mão congela e parece que sai tudo mal.
Ora, desta última vez, a Maria não podia ir e eu fiquei sem ninguém para me dar alguma cobertura. E companhia, claro. O principal é a companhia. Resultado: tive que arranjar um plano alternativo: ir desenhar para sítios onde não houvesse gente.
Dei duas voltas ao edificio e lá descobri o hall de entrada, de onde dava para ver a feira, através da porta, e onde não havia ninguém. Era o sítio indicado para um bicho do mato como eu. Quando me estava a instalar num sofá, aproxima-se de mim a dinamizadora da feira, que me tinha convidado:
"Então, estás aqui? Estava à tua procura. Vieste desenhar o hall? É espectacular, não é?"
"Ahhh, pois... pois é. É que é mesmo bonito. É para aí o hall mais bonito que já vi..."
"E lá dentro, já lá foste desenhar?"
Respiro fundo e:
"Estava mesmo a ir para lá!..."
A falta que me faz a Maria. Pela companhia, claro.

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