quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Ser gajo é mais difícil do que parece


A semana passada, vinha eu com a minha irmã alegremente a descer umas escadas, em direcção à praceta da estação do Rossio, quando nos apercebemos de que algo não batia certo.
Um tipo de chinelos, e aspecto de quem tem uma dívida maior que a da república para com o chuveiro, atravessa a praceta a correr desenfreadamente em direcção às escadas, por onde descíamos. Ainda pensei que o tipo estivesse a acabar de acordar e com medo de perder o comboio. Mas depressa percebi que não, e não foi por ele estar a correr no sentido oposto ao da estação. (quem nunca adormeceu e acordou de repente e começou a correr para a primeira direcção que apareceu à frente? vá lá, não me deixem sozinho nisto...) O tipo estava era a fugir de dois gorilas que vinham a correr atrás dele e que gritavam a plenos pulmões para alguém agarrar o Usain Bolt de chinelos, que, de imediato, atirou ao chão uma mochila que trazia.
Quando percebi o que se estava a passar, fiquei logo chateado. Esta é uma daquelas situações em que é extremamente complicado ser homem. Quer dizer, homem não. Gajo. É mesmo difícil ser gajo nestes casos. Ser mulher não, isso é extremamente simples. Basta encolherem-se para o lado e ficarem assustadas e mais nada. A minha irmã teve um desempenho de mulher impecável. Mas para um gajo é muito mais complicado.
Ora vamos lá ver. Se eu tentasse agarrar o tipo, arriscava-me a levar uma pêra bem servida, o tipo fugia e ficaria tudo a olhar para mim com pena. Se eu o agarrasse com eficácia e o entregasse aos gandulos, podia estar a entregá-lo a uns tipos piores do que ele (eu não fazia ideia se os tipos que o perseguiam eram polícias ou não), e ficava tudo a olhar para mim fazendo-me sentir um paspalho. Se eu não fizesse nada, ficava tudo a olhar para mim com reprovação, fazendo-me sentir um coninhas. Parecia um beco sem saída.
Felizmente, o meu cérebro tem idiotices ideias muito rapidamente e, graças a isso, encontrei a solução ideal. O tipo ia a passar por mim e eu... dei-lhe um encontrão. O tipo tropeçou nos degraus, insultou-me e, com isso, perdeu tempo e os tipos que vinham atrás, e que eram mesmo polícias, apanharam-no. Se não fossem polícias, ninguém me podia fazer sentir mal, porque eu não o tinha agarrado. Mas, como eram, senti-me um verdadeiro herói.
E o melhor foi que tive, logo ali, a recompensa que tanto queria: ninguém olhou para mim.
Até fiquei emocionado.

7 comentários:

  1. Só te esqueceste de mencionar o meu displicente "apanha-o!", até porque achei que para ti era pêra doce... Afinal enganei-me :D!

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  2. Só te falta a capa. Espero é que não uses as cuecas por cima do fato.

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  3. ui ui, que senhor. não te deram uma distinção especial ? :)

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  4. Ahahahahaha. Emocionas-te, pá!? Larga isso que faz mal à saúde! ;)

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  5. A rasteira também costuma ser uma boa técnica. :)

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  6. lol priceless, merecias no minimo uma medalha, afinal ajudaste!

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  7. Aahaha!Olha nunca tinha visto a coisa desse ponto de vista! Mas ola saiste-te bem!

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