segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A vantagem das farmácias é não terem taxas moderadoras


Depois de duas semanas de dores de corpo, de garganta, de ranho constante e de ouvidos tapados (que davam a sensação espectacular de viver debaixo do mar) perdi, por fim, a batalha. Não para o ranho, que enquanto houver papel higiénico com fantasmas a quem eu possa vestir uma roupinha pegajosa cá estarei para o fazer. Perdi a batalha foi para a Maria que se fartou das minhas lamúrias e lá acabei por ceder e ir com ela à farmácia. Quer dizer, na prática, não foi bem uma derrota. Ela queria-me levar ao Centro de Saúde mas, após algumas negociações (que envolveram a garantia de fazer algumas tarefas domésticas que envolvem sanitas e piassabas - mas ainda não estou pronto para falar sobre isso...) lá consegui que a coisa se ficasse pela farmácia. Os Centros de Saúde são para pessoas realmente doentes. E eu não estava. Agora que penso nisso, acho que nem nunca estive.
O problema foi que a Maria não me deixou ir sozinho. E eu até já tinha tudo pensado: entrava na farmácia, cumprimentava a senhora, pedia pelo amor de Deus para não me por na rua durante 5 minutos e depois voltava a dizer que não me tinham receitado nada. Era simples, eficaz e livrava-me da sanita.
Mas não. A menina também tinha ir. Mal entrámos, não consegui dizer uma palavra. A Maria agarrou-se de tal maneira à farmacêutica a implorar que me desse alguma coisa para não me aturar temer pela minha saúde que a única coisa credível que eu poderia dizer à farmacêutica é que estava a ser raptado e que precisava que ela chamasse a polícia. Só não o fiz porque, da maneira que estava, precisa de alguém que levasse o carro para casa. E do jeito que eu estava, achei por bem não arriscar.
A verdade é que vim de lá rendido à farmacêutica e à sua genialidade. Tenho uns comprimidos que me deixam completamente zen (e que, pelo menos na perspectiva da Maria, são espectaculares - está-me sempre a perguntar se já os tomei) mas a verdadeira maravilha é o vaporizador de água do mar.
Dantes, sentia que vivia debaixo do mar apenas por ter os ouvidos tapados. E isso, claramente, era um problema e a senhora percebeu isso. Agora, sim. Sinto que vivo debaixo do mar por ter os ouvidos tapados e por ver tudo mais clarinho e aguado. Pelo menos de cada vez que vaporizo aquele esguicho assassino pelo nariz acima. Consigo ver o esguicho a passar dentro dos olhos e, depois, fico numa choradeira toda a tarde.
A expressão "peixe fora de água" nunca fez tanto sentido como agora...

2 comentários:

  1. Podia ter sido eu...
    Mas paracetamol parece-me fraquinho :p

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  2. Tens que me dizer onde dás "consultas" para eu lá passar! Paracetamol parece-te fraquinho? Aquilo era 1000... Nem isso justifica? Bolas, já falei de mais...

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