domingo, 28 de julho de 2013

Descobri o meu super-poder


Agora que terminou a época de casamentos 2012/2013, é altura de fazer o respectivo balanço. De entre as várias conclusões a que cheguei, a mais importante que tirei é que, quando vou a casamentos de amigos com a Maria acontece sempre uma coisa extraordinária. Ok, talvez duas, se contar com o facto de duas pessoas unirem as suas vidas para sempre, com um amor eterno que torna o mundo num sítio melhor e permite ter esperança na Humanidade.
A coisa extraordinária de que estou a falar é que, tanto eu como a Maria, nos transformamos numa espécie de super-heróis. É verdade. Acontece sem darmos conta, por isso acredito que os nossos super-poderes ainda devem estar a despontar, mas dá-me a ideia de que vão crescer no futuro. Até já escolhi os nossos nomes - a Maria vai ser simplesmente a Princesa e eu vou ser o Mordomo que Percebe de Moda Feminina Especialmente Aquela que a Maria Veste. Só pelos nomes dá logo para ver o poder que nos rodeia e, por aquilo que vejo nestes dias, não devemos ser os únicos com estes poderes.
Senão, vejam. Nestes dias, a Maria veste o seu melhor vestido, pinta as unhas, arranja o cabelo, põe maquilhagem, calça sapatos com um salto tão grande que fico sem perceber como é que não anda tombada para a frente e usa uma carteirinha onde só cabe o telemóvel (se for eu a fechar a dita,os óculos escuros também cabem). Passa o dia inteiro sem se conseguir mexer muito, a não ser, talvez com a língua, claro.
Já eu, levanto-me 3 horas antes da boda para... ir lavar o carro. Em mais nenhum dia eu o faria. Se tivesse uma reunião de trabalho com um tipo importante e levasse o carro, nunca o lavaria. Em vez disso, o mais certo seria desculpar-me com a sujidade exterior do carro dizendo que um camião de porcos se tinha despistado à minha frente a caminho da reunião e com a sujidade interior dizendo que a Maria tinha andado com o carro sem eu saber. Mas nos dias de casamento, não sei porquê, vou lavar o carro e nem me queixo à Maria de ter que tirar as 2 toneladas de lixo que ela lá deixa nem nada. Estranho.
Depois, chego a casa e faço a barba. Esta é tão estranha que nem vou comentar. A seguir visto um fato, com a gravata de cor igual à da Princesa. Este pormenor é importante. Tenho visto nos casamentos mais casais que aparentam ter os mesmos super-poderes que nós. Por isso é importante que cada Princesa distinga bem o seu Mordomo.
Finalmente, pego na mãozinha da Princesa e vamos para o carro. Oiço duas bocas acerca da falta de limpeza no tablier e na ausência de um perfumezinho, repondo 10 vezes afirmativamente à pergunta: "Estou bem? Vê lá? Estou mesmo bem? A sério, vê lá se estou bem.", ligo o carro e seguimos para a festa.
Já na festa, anoto os pedidos de canapés e bebidas para a Maria e vou buscar. Geralmente vou ao bar com outros Mordomos e aproveitamos para beber qualquer coisa. Não convém que a Maria saiba porque, já se sabe, quem conduz não bebe e a qualquer hora posso ter que ir a casa buscar os sapatinhos rasos que ela lá deixou esquecidos.
Outra das minhas ocupações, durante a comezaina, é responder sempre negativamente às perguntas "Estás a olhar para o decote daquela? Está mais bem vestida do que eu? Está, não está? Nota-se muito que fiz aqui uma nódoa no vestido com uma azeitona?" e afirmativamente a "Estou bem? Mesmo? Não olhaste para mim quando respondeste." Aqui até parece fácil, mas não aconselho a quem não tiver prática. Um simples pestanejar pode deitar tudo a perder. Ser Mordomo não é para meninos.
E a quem acha que isto não são super-poderes, eu pergunto que outro motivo me faria aguentar (quase) tanto tempo a dançar como a Maria, no bailarico da festa. Sim, porque quando saímos à noite num dia normal, o mais que consigo fazer é bater com o pé no chão e ficar a ver a Maria a dançar.
No final do dia, outra das obrigações do Mordomo é ceder o casaco à Princesa já que, por estranho que possa parecer, a "echarpe não aquece o suficiente". Esquisito. Aquilo tem um ar tão quentinho...
O dia termina com a viagem de regresso a casa, onde trago sempre o carro com suavidade, como um bom Mordomo o faz. A Princesa está cansada e precisa de descansar.

Por fim, deixo só aqui um conselho a quem só agora descobriu o seu super-poder: se, eventualmente, o vosso teor alcoólico for elevado e conduzirem aos arranques até casa passarem por cima de um buraco na estrada, olhem a vossa Maria nos olhos e digam com convicção:
"Este foi giro mas o nosso casamento foi (ou vai ser) muito mais bonito!"
Se for com convicção, podem ir em primeira até casa sem problema nenhum.
À confiança.

7 comentários:

  1. Ups... na mouche. Tens um óptimo sentido de humor, fartei-me de rir!

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  2. Tiago, adorei, que sentido critico, mas tão real.... a sua Maria é mesmo uma princesa sortudo, com um Principe, tão Principe.... beijinho

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  3. Acabo de ler algumas passagens em voz alta ao meu namorado (também moramos juntos, mas ainda não casámos) ao que ele me responde, a rir: "Oh, meu Deus, essa és tu! Tal e qual!" :P

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  4. Só falta acabares o dia a fumar o charuto de oferta enquanto olhas as estrelas e te interrogas porque razão Deus te deu tantos poderes.

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  5. Mariana, obrigado! :)

    Teresa, não é Príncipe, é mesmo Mordomo!

    Insolente, és a maior!

    Alice, eu dá-me a ideia que estudaram todas pela mesma cartilha! ;)

    Hugo, um mordomo não é propriamente um tipo com muitos poderes, mas a ideia agradou-me!... Já me estou a imaginar... :)

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  6. Aahahaha....adorei! Mas o meu mordomo está mais a frente! Antes de sair pergunta sempre se tenho os sapatos rasos comigo...e o número dos taxis! Com álcool o carro fica algures e vamos lá buscá-lo no dia seguinte!

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