sexta-feira, 7 de junho de 2013

Descobri a solução para a Justiça andar mais depressa


Pela segunda vez na minha vida (terceira, se contar com aquela vez em que entrei só para perguntar se podia deixar o carro no parque de estacionamento em frente), fui a um Tribunal.
Desta vez, fui como testemunha num caso entre uma empresa onde trabalhei e outra, numa história que já vem de alguns anos atrás. O caso era bastante simples - a empresa onde trabalhei fez uns trabalhos para outra e não foi paga por isso, apesar da empresa que recebeu os trabalhos admitir que eles foram feitos e bem feitos.
A coisa parecia-me extraordinariamente simples, tão simples que eu nem conseguia perceber como era preciso um Juiz para a resolver. De qualquer das formas, para não facilitar, não só estudei todo o processo, como escolhi uma roupinha séria e até fiz a barba. Ah, e também tomei banho.
Antes do julgamento (só o nome já mete respeito), quando me encontrei com o advogado da empresa onde trabalhei, a primeira coisa que me explicou foi a forma como eu deveria falar e a postura que deveria adoptar - calmo, assertivo e confiante. Depois, olhou-me para a roupa e não disse nada. Na vez anterior em que tinha estado com ele, criticou-me por ter levado uma mochila. Não percebi muito bem o que é que isso tinha que ver com o apuramento da verdade, (ainda para mais vindo de alguém que usa um bibe dos pés à cabeça todo preto) mas deixei-o levar a bicicleta. Por fim, explicou-me as perguntas que me iria fazer e aquilo que eu poderia e deveria responder em cada uma, de forma a não criar dúvidas ao Juiz.
Depois dos conselhos, e como o caso me parecia tão simples e directo que até dava para ser o meu gato a depor já que havia documentos escritos que comprovavam tudo, não resisti e perguntei-lhe:
 - Se está provado que os trabalhos foram feitos, isto são favas contadas, ou não?
Ao que o homem me respondeu, para me deixar mais descansado:
 - Depende de si. Quando o advogado deles o questionar, não trema nas respostas. É que se isso acontecer, podem achar que temos fragilidades e depois o Juiz pode ficar na dúvida se temos razão ou não.
 - Pois mas, um julgamento é sempre uma situação stressante. Caramba, mas não há documentos que comprovam os factos?
E foi aí que o homem acabou com a conversa:
 - É pá, você não me está a ouvir com atenção. Não percebeu o que acabei de lhe explicar?

O que é certo é que o caso foi resolvido por acordo antes da audiência. Às tantas foi por eu estar a abanar muito a perna, quando estava sentado no corredor antes da audiência e o homem não quis arriscar e ficou mais descansado com um acordo.
Cá para mim, se houvesse mais testemunhas nervosas como eu, havia mais acordos e a Justiça não era o que se vê. A malta vai para os julgamentos cheia de confiança e depois o Juiz não sabe em quem acreditar.

5 comentários:

  1. :)
    ou seja, tanto stress para nada...se é k me faço entender.
    :)

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  2. O tribunal assusta, mesmo que uma pessoa não tenha nada a ver com o assunto. :P

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  3. Manu, tal e qual.

    S*, assusta mesmo.

    NQTDM, ui. É que nem as cadeiras da sala de espera são confortáveis....

    Redonda, também acho, modéstia à parte, claro! ;)

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