quinta-feira, 1 de novembro de 2012

A minha bicla tem mais utilidades que a maioria


Nunca percebi muito bem o porquê do nome "bicicleta". Tudo bem que é um nome que dá logo a entender que se trata de uma coisa com duas rodas mas não dá a ideia da dimensão total do objecto. Agora, se fosse "máquina de tortura para humanos" ou "coisa que faz os gajos arrependerem-se amargamente do seu orgulho masculino idiota", acho que toda a gente perceberia mais facilmente que se trata de um veículo de duas rodas, sem motor e que tem um banco minúsculo capaz de deixar qualquer homem a falar fininho e incapaz de se sentar durante dois dias por cada meia hora de utilização. E onde a forma de se movimentar é pedalando, vá. (não sei se esta parte será muito importante, mas pronto).
Aqui há uns tempos, resolvi trazer a bicicleta do meu irmão, que estava em casa dos meus pais, para minha casa. Ele não a usava (só mais tarde percebi que "Ah e tal, vivo a milhares de quilómetros e não dava jeito levá-la comigo..." era uma desculpa esfarrapada.) e eu tinha grandes planos para ela. Curiosamente, depois de a utilizar uma ou duas vezes, cheguei à conclusão de que ficava muito melhor a enfeitar o corredor. Dá um certo ar de desportista a um gajo quando cá vem alguém e dá jeito para desbloquear conversas. Para não dizer que tem montes de sítios para pendurar coisas. Pena que nem toda a gente que aqui vive tenha a mesma opinião...
Apesar de já ter esta firme convicção, decidi dar uma hipótese às "bicicletas" (vou-lhes chamar assim para simplificar) e resolvi aceitar o convite de uns amigos para ir dar uma "voltita pequenita, um passeio, vá" por uns caminhos de terra batida. Eu devia ter percebido que tinha que traduzir os termos técnicos utilizados por um grupo de pessoas onde são precisos 4 dígitos para escrever o preço das bicicletas de cada um para a minha linguagem..
Mas como estava decidido, inocentemente, lá fui. E até tive direito a ir numa emprestada que, supostamente, seria a melhor do grupo. Na altura não quis dizer nada, mas duvido que fosse a melhor. Ninguém me tira da ideia que as melhores e mais caras são as mais confortáveis e, como é lógico, isso vê-se no tamanho do selim. Quanto maior, mais cara será. Se o selim for tipo sofá, então não há dúvidas - é a melhor. Aparentemente, para os tipos habitués a coisa é ao contrário - quanto mais pequeno o assento, melhor. Mas como também acham que os calções de licra são muito bons, não sei se me dou por convencido.
A "voltita" correu melhor do que eu estava à espera. Tirando ter passado metade do tempo a tentar encontrar um sítio do rabo que não estivesse dorido para me sentar, foram 30km bem passados. E o passeio foi muito bem organizado. Os meus colegas até se davam ao trabalho de ir sempre à frente, para ver se o caminho estava em condições de eu lá passar, claro. E até fingiam que não estavam cansados só para me animar.
O problema foi que nos três dias depois do passeio, em toda a casa, só não me custava sentar num determinado sítio... (que por acaso tem um bidé ao lado e um lavatório à frente)
Quando esquecer o trauma, vou dar uma hipótese ao cabide com rodas que tenho no corredor. Mas já não me deixo enganar. O segredo está numa boa preparação e num bom equipamento. E a mim já ninguém me engana sobre o que vestir.

8 comentários:

  1. Caro Tiago, como eu te compreendo!
    Eu própria já me questionei sobre como é que os gaijos aguentam ter uma coisa daquelas entre as pernas, a roçar a quinquilharia masculina!

    Ora lê: http://pseudoblogdapseudo.blogspot.pt/2012/09/doi-me-o-rabo.html

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  2. Eu sou viciada em andar de bicicleta! Mas sempre em terreno plano, na minha citadina. :)

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  3. Na qualidade de ex amador profissional de passeios de bicicleta, sou obrigado a dizer isto: os calções maricas são essenciais.

    Deixei de passear há 15 anos, às vezes tenho saudades. Todos os sábados subia a Serra de Sintra com o meu tio mais novo. Nas primeiras vezes tínhamos que parar a meio da grande subida. Depois? Depois era deixar motas e carros para trás :)

    Belos tempos. Passeios magníficos.

    Abraço.

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  4. A bicla causa muitas dores, causa... pelo menos nos inícios. :P

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  5. ahaha... insiste, insiste que isso tudo fica para trás.

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  6. Eu sou suspeita porque sou viciada em BTT e adoro a minha bicla e o meu selim fininho que só ele e posso dizer-te uma coisa, o segredo não está em deixar passar a dor mas sim em insistir. Eu cá já ganhei calo e quando não faço btt, faço cycling no ginásio e sem calções almofadados. Será vicio?? Rabo de Bttista tem calo como os macacos :D:D

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  7. Aahaha o que eu me ri quando descobriste o que vestir!!! Eu por acaso há anos que não ando de bicicleta...mas às vezes tenho saudades...mas as minhas voltinhas nunca eram essas do btt, até porque quando era miúda andava com uma bmx da minha irmã.. pesadíssima...depois tive uma minha com cestinho e tudo...igualmente pesada. E andar de bicicleta em Lisboa continuo a achar que é um suicídio...

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  8. Ah, ah, ah... Pois é, os calções almofadados onde interessa, fazem falta!! Eu não ando de bicicleta pelo mesmo motivo, nunca consegui calejar o suficiente a minha rectaguarda, de modo a conseguir andar nos dias a seguir ao passeio, sem parecer um pinguim coxo!! :) Bjs

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