quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Tão certo como o Djaló nunca ter traído a Luce


Teorias da conspiração não são comigo. Por muito que tente, tenho alguma dificuldade em ver além daquilo que as coisas aparentam ser. Para mim, os incêndios são, obviamente, resultado de piriscas ou foguetes atirados ao mato, o 11 de Setembro foi azelhice dos pilotos e o Djaló só foi a Miami ver uns amigos que lá tem. (Luce, ele gosta é de ti e não foi a nenhuma festa de meninas. Por ele, eu punha as mãos no fogo, daqueles ateados com piriscas.)
Mas aqui há uns dias aconteceu-me uma coisa de extrema gravidade, que me fez, inclusivamente, questionar a minha forma de ver a vida.
Ora, sucede que, como o caderno que estava a usar para fazer os desenhos aqui do estaminé estava a acabar, resolvi comprar um novo. Já há quase um ano que uso sempre o mesmo modelo de caderno e, embora já tenha tentado usar outros tamanhos, é naquele que me sinto bem. Baratuxo, um bocadinho maior que o A6, capa dura, papel amarelado, folhas 80gr, de uma marca da Sonae, cabe no bolso e é muito prático.
Fui ao centro comercial e já não havia. Fui a outro e, para espanto meu, também já não havia. Aproveitei uma viagem a Coimbra e, surpresa das surpresas, em nenhum dos centros comerciais havia. Aquilo começava a parecer estranho.
De regresso a Lisboa, fui aos centros comerciais onde ainda não tinha ido e nada. Havia maiores e mais pequenos mas, o tamanho que eu uso parecia que se tinha evaporado.
Como a coisa estava a começar a exigir medidas drásticas, resolvi ir à loja oficial da marca. À chegada, procurei, procurei e nada. Outra vez cadernos mais pequenos e maiores mas dos que eu usava, nada. Chamei então, já em desespero, uma empregada da loja e perguntei-lhe:
"Já não têem aqueles cadernos um bocadinho maiores que A6?"
"Olhe, o que temos é o que está aí. Mas amanhã já vêem mais."
"E será que amanhã vão ter aqueles cadernos que não são nem A6 nem A5, são intermédios..."
De imediato a cara da rapariga iluminou-se. Começou a sorrir e respondeu-me:
"Ahhh, os antigos! Não. A produção desses já acabou. Já não vendemos mais."
E continuou a rir sozinha, comigo estupefacto a olhar para ela. E o que mais me custou, a mim que nem vejo um palmo a mais daquilo que os meus olhos captam, foi que percebi de imediato o que escondia aquele sorriso.
Aquelo sorriso dizia clara e nitidamente: "Ahhh, és tu o tipo que usa os cadernos para fazer um blogue cheio de palermices. O sr. Belmiro já me tinha dito que não queria estar associado a um blogue de idiotices pegadas e que ía parar de vender esses para ver aquilo acabava. Ai ai, adoro o meu patrão!"
Ela merecia que eu lhe dissesse: "Pois bem. Pode pegar no seu optimus e ligar ao seu patrão e dizer que vou agora mesmo ao Pingo Doce comprar os cadernos de capa dura deles. Quem se mete comigo, não se fica a rir."
Tivesse o Pingo Doce desses cadernos e era o que eu faria. Em vez disso, lá tive que comprar dos mais pequenos. Se acontecer como eu espero, daqui por um ano também já não se vão vender destes.
Pelas minhas contas, daqui por 62 anos já consegui fazer com que nenhum dos modelos de caderno deles se venda naquelas lojas e assim, sem dó nem piedade, o homem (que na altura terá cerca de 237 anos) vai à falência.
Já estou a imaginar. Quem se mete comigo, só tem o que merece.

2 comentários:

  1. ahahah Estou a ver que compras desses em dose industrial.

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  2. Esses cadernos da Sonae são jeitosos e baratos. Comprei um A6. Passado uns tempos voltei ao supermercado e já não havia nenhum. Estou à espera que venha a febre do começo das aulas no final deste mês para ver se há mais.

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