sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Pornografia, kuduro e cultura


Há dias fui à biblioteca, na tentativa de pôr os neurónios a trabalhar. Sentei-me numa mesa sem ninguém e, por estranho que pareça, até estava a conseguir fazer alguma coisa de jeito.
Ao fim de 5 minutos de trabalho árduo, que me pareceram 5 horas, sentou-se na mesa à minha frente, um senhor dos seus 60 anos. Ligou o seu computador e pôs os seus phones. Até aqui tudo bem.
O pior foi quando, aparentemente, o senhor se fartou de ouvir música pelos phones e, sem os tirar das orelhas, começou a ouvir música de discoteca em plena biblioteca. E quando digo música de discoteca, isso inclui o volume em que a costumamos ouvir... numa discoteca.
Confiante de que alguém o iria mandar parar com aquilo, respirei fundo e deixei-me estar.
O pior foi quando o senhor, de aspecto respeitável, começou a ouvir kuduro. Eu não tenho nada contra o kuduro mas o kuduro tem qualquer coisa contra mim, especialmente quando me tento concentrar.
Olhei em redor e ninguém parecia estar incomodado com aquilo. Mentalizado que teria que ser eu a falar com o senhor, levantei-me e lá fui eu.
A primeira dificuldade que tive foi que o senhor ouvisse o que lhe estava a pedir. A segunda foi que ele acreditasse que a música não estava a sair pelos phones. O senhor lá me pediu desculpa e eu segui com a minha vidinha.
Quando o meu cérebro começou a dar sinais de cansaço, arrumei as coisas para ir embora. Ao passar pelo senhor, não resisti e dei uma espreitadela ao computador dele e não quis acreditar no que vi...
Fiquei mesmo a sentir-me culpado. Se eu não tivesse pedido ao senhor para pôr o som nos phones, toda a biblioteca poderia ter tido um momento de prazer.
Caramba, sou mesmo um empata f****...

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