quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Sintra no meu caderno


No ano passado, a Papa-Léguas, uma agência de viagens daquelas tipo mesmo altamente, convidou-me para fazer um workshop de diários gráficos. Eram uma empresa bem vista no mercado e não tinham motivo nenhum para arriscar o prestígio conseguido ao longo de anos ao meterem-se comigo, mas, vá-se lá saber porquê, acharam que era boa ideia.
Infelizmente, o workshop acabou por não se realizar porque ninguém se inscreveu por motivos que agora não interessam nada e cada um seguiu o seu caminho.
Sem que nada o fizesse prever, aqui há tempos, o telefone voltou a tocar. Para além de crentes, fiquei a saber que os tipos da Papa-Léguas também são teimosos. Tudo no bom sentido, claro. Como me prometeram uma mala cheia de papel gosto de desafios, aceitei a proposta. Desta vez não vai ser simplesmente um workshop para ensinar umas dicas de desenho - vai ser a simulação de uma viagem, com início no Rossio, de comboio, até Sintra, com o almoço na mochila, e regresso ao fim do dia com o objectivo de registar os momentos dessa mesma viagem num caderno, seja em texto, desenho, colagem, pintura com as batatas do almoço ou o que for necessário para preservar as emoções lá vividas. O objectivo é treinar os participantes a utilizar o diário gráfico para depois o fazerem nas suas viagens maiores, onde poderão explorar ao máximo as suas potencialidades. Para isso e para comer umas queijadas e uns travesseiros de Sintra. Se a Piriquita não estiver a abarrotar, obviamente.
No horizonte fica, para já, a ideia de replicar esta actividade numa viagem maior, quem sabe a Paris, Londres ou Veneza. Tudo depende do cachet da receptividade desta actividade e da forma como as coisas correrem. Se eu conseguir chegar ao fim do dia com a integridade física intacta, será um bom indicador.
Os dados estão lançados. Para já, uma certeza: já há inscrições, eh eh! os problemas do ano passado não se vão repetir.
Inscrições e mais informações aqui.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Já estou a fazer figas até à próxima Odisseia


Em fim de semana de Oscars, decidi borrifar-me para os americanos e recostar-me no sofá a tentar ver o que alguns dos melhores actores e humoristas por cá fazem.
Na verdade, o que mais queria ver da cerimónia era  a apresentação do Seth Macfarlane (o génio por trás do Family Guy, American Dad e do South Park), mas para perceber bem a coisa vou ter que esperar que alguém faça as legendas para não me escapar pitada. Podia sempre pedir à Maria para me fazer uma tradução em simultâneo daquilo que o homem dizia, mas o mais certo era ela só conseguir dizer "Que tipo nojento... Este gajo é um pervertido... Como é que tu gostas disto?" e eu ficava na mesma. O humor do homem é capaz de ser um bocadinho, mas só um bocadinho, asqueroso. No bom sentido, claro. E é preciso ter uma certa abertura de espírito para o ver.
Tenho até algum receio de o ver por achar que o risco dele se espalhar é tão grande que às tantas nem vale a pena. Acontece-me muito isso: quando gosto muito de uma banda, de um actor ou de um escritor, dá-me vontade que eles não façam mais nada para não estragarem o que de bom fizeram para trás. Por exemplo, os Metallica editaram, claramente, 9 álbuns a mais. Podiam ter acabado perfeitamente no Black Album. E, na minha opinião de fã incondicional, dos 12 álbuns dos Delfins, 1 ou 2 foram claramente a mais. Ou 12, vá.
E com a Odisseia, do Bruno Nogueira, passa-se um bocadinho isso. O homem tem imensa piada. É dos humoristas mais talentosos e inteligentes que por cá andam mas esta série parece que podia ser tudo mas... falta-lhe qualquer coisa.
Parece aqueles jogos de futebol em que a equipa chega até à grande área adversária mas ninguém chuta à baliza. É giro e entusiasma durante uns minutos e tal, mas depois começa a cansar e as gargalhadas do início de cada episódio vão amarelando à medida que ele se aproxima do fim.
Os episódios têm vindo a melhorar, mas para mim, é sempre uma angústia ver um novo episódio. Nota-se que há trabalho criativo, há imaginação, há vontade de fazer coisas novas mas caramba, se tivesse ficado pelo "Último a Sair" se calhar não se tinha perdido nada.
Como admirador do homem, sei que vou ver todos os episódios. Mas vou começar a ver cada episódio sempre a fazer figas para que a coisa melhor que no anterior. E essa não é daquelas coisas que goste de fazer quando estou a ver alguém de quem gosto tanto.
Haja fé.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Tenho um ovni na sala


Há 3 semanas, depois de um intenso cheiro a televisão frita de cebolada que invadiu toda a casa, ficámos sem televisão. Foi a primeira televisão que comprei há 7 anos, e confesso que demorei algum tempo a recuperar do choque por, nesse dia, não poder ver a Quadratura do Círculo ter perdido um objecto de que eu gostava tanto.
Depressa descobrimos o site da tvtuga na net, mas convenhamos que não é bem a mesma coisa, especialmente quando se quer mudar de canal, vá. Aquilo demora 30 segundos para começar a transmitir o canal desejado, e graças a isso, vi pela primeira vez a Maria aguentar intervalos sem fazer zapping. Impressionante. De resto, é quase igual. Quer dizer, não dá para ler as legendas, mas o que é que isso importa? E, ah, às vezes, a imagem pára durante 5 segundos mas o som continua. Nada de mais. E, já me esquecia, carregando no botão errado, instala uns viruzitos no computador. E a imagem não tem qualidade nenhuma. Tirando isso, é igual. Igual.
Por isso, como tínhamos um serviço que, no essencial, era equivalente à televisão, decidimos andar de loja em loja, com toda a calma, à procura do modelo certo para nós. E o incrível é que, depois de termos ido a quase todas as Wortens, MediasMarkts, Boxs e RadiosPopulares desta vida, achámos todas as televisões muito caras feias.
A alternativa foi ir aqueles sites onde as pessoas vendem os monos que têm em casa, bastando-lhes tocar com um dedo que desatam logo a cair moedas pelo chão. Procurei, procurei e acabei por convencer a Maria a aceitar uma televisão com um ecrã de oitenta e tal centímetros, um bocadinho antiga mas em perfeitas condições e um preço espectacular. Não era um LCD e, por isso, era um bocadinho mais gorda que o normal, mas nada que não coubesse na sala. Tinha o pequeno senão de termos que ir buscá-la a 45km de casa, mas pelo preço apresentado valia bem a pena.
Combinámos a hora com o dono da tv e lá fomos nós. Para a Maria havia ali alguma coisa de errado. Mas o que pode estar errado numa televisão que, por aquilo que se vê nas fotos, é de uma boa marca, é grande, funciona bem e é barata? Só se for o que não se vê nas fotos...
Depois de percorrermos 45km, chegámos a casa do senhor. "Ainda por cima é simpático, saiu-nos o jackpot!", pensei eu, "Será que ele tem mais alguma coisa para vender? Eh eh!"
Entramos na garagem e damos de caras com a nave espacial televisão. Está certo: a foto de frente que estava no site era fiel, já a foto tirada por cima só mostrava um terço da profundidade da televisão. Aquilo eram quilos e quilos de televisão que nunca mais acabavam. Mas a culpa não era do homem - uma foto capaz de mostrar o tamanho do rabo daquilo precisava de um site só para ela mostrada num computador com um tamanho feito à medida só para ela.
Ainda mal tinha olhado para a televisão enquanto o homem nos falava maravilhas do aparelho quando levei uma flashada nos olhos, que fiquei ali atordoado por uns instantes. A Maria estava com aquele olhar que dizia "Se a levares vais sofrer, meu menino! Diz que não ao senhor e vamos embora!" Respondi-lhe com um olhar "Vais ver que dá! E não viemos fazer 45km para voltarmos de mãos a abanar. Estou fartinho do tvtuga, caneco!"
E assim foi. Tivemos que rebater os bancos de trás para a dita caber no carro e, mal tínhamos arrancado quando ouvimos o som das moedas a cair na garagem do senhor. Menos mal - alguém estava feliz naquele momento...
Depois de uma viagem muito animada (fiquei a conhecer novas palavras, e tudo), lá trouxemos o ovni até à sala, não sem antes parar 127 vezes pelo caminho para descansar.
A televisão até funciona bem mas é enorme. Quer dizer, se não tivesse 2m de rabo, vista do sofá talvez até ficasse mais pequena. Assim, descobrimos a sensação de ver um jogo de ténis de lado, só para ler as legendas.
Agora só há uma solução: voltar a esses sites e procurar uma sala maior. Eu espero bem que haja porque se não houver, lá teremos que tirar umas fotos à televisão (com uma boa perspectiva, claro) e voltar a pô-la online.
Ainda nunca tinha percebido muito bem porque é que só o dono, o mono e as moedas entravam nos anúncios e o cliente não. Agora já percebi - dos totós não reza a história.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O membro mais novo da família (ai ai...)


"- 'Tou?
    - 'Tou sim senhor.
 - Bem, parece que é desta. Não consigo aguentar mais...
    - Ó pá, tu é que sabes.
 - Não, é pá, é desta. 'Tás em casa?
    - 'Tou pois. Quando te der jeito passa aí.
 - Então lá por essas 5 passo aí. Isto já se sabia no que ia dar há algum tempo. As mulheres...
    - Pois. Mas tu é que sabes.
 - Até já. Não me faças pensar muito nisso que é pior.
    - Até já."

Depois desta é que vou ter mesmo uma estátua em frente ao meu apartamento. E eu sei bem quem é que a vai mandar erigir... Isso e o jantarinho feito todos os dias. Ah, e duvido que volte a ter que por a loiça na máquina. Ui, e a cama? Até me vou esquecer do que é ter que a fazer.
A partir desta semana, passamos a ser três cá em casa. Tenho ouvido dizer que vai ser um bom treino para quando se encomendarem bebés. Só duvido é que nessa altura, a prática que entretanto vou ganhar de enxotar crias de cima dos armários, de mudar a areia da caixa onde a magia acontece ou de os impedir de  roer as flores me vá servir de alguma coisa.
A aventura vai começar. Só espero que o gatinho fofinho gato não me chateie muito. Sim, que desde que aos 8 anos um me saltou para a cara quando eu estava a aprender a andar de bicicleta (fazendo com que eu ganhasse medo às biclas e relegando-me para o último da turma a saber andar - e o que isso me custou ao amor próprio...) que eu não acho lá muita piada a estes amiguinhos animais.
Desejem-me sorte...

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Bem-vinda ao clube, miúda


Miúda, agora que entraste neste mundo de fama e de glamour, não te deixes levar pelos luxos fáceis. É verdade que te espera uma vida espectacular, não te vou mentir. Vais ser hiper feliz e, a partir deste momento, todas as portas se vão abrir para ti e tudo te vai correr optimamente. Por vezes, isso será cansativo, mas é a cruz que tens que carregar.
Nunca caias é na tentação de perder os teus valores morais por troca de umas míseras centenas de milhares de euros - perde-os, sim, mas por uns milhões. (ah, essa dos valores morais é melhor perguntares à mamã ou ao papá o que são, mas resumidamente, são umas coisas que todos temos e que devemos podemos vender, mas só por muito papel)
Lembra-te que há por aí muita gente a querer aproveitar-se da tua fama e do teu novo lifestyle. Muitos vão querer associar o teu nome aos mais importantes eventos e às mais importantes marcas, mas não te deixes levar. Especialmente se for a Samsung.
Com 8 anos tens o tempo que eu já não tenho para conquistar o mundo. E quando lá chegares, lembra-te do tio e do que eu te ensinei (se calhar, deixa estar, não te preocupes com esta parte, lembra-te só do tio).

Sim, a minha sobrinha entrou para o clube mais exclusivo do mundo. Ela fez um blogue ilustrado por ela.
Só imagino o orgulho dos pais. Devem-se ter abraçado a chorar de felicidade quando descobriram e jurado fazer tudo o que a miúda queira daqui para a frente, de certeza.
Ah, é verdade. A miúda é a fada da floresta e vai dar que falar.

PS: Digam lá se já não se vislumbra ali a utilização do lado direito do cérebro naqueles desenhos? Ah pois é!

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

É Impossível não gostar


Primeiro disse que estava muito cansado, de rastos. Não funcionou. Depois sugeri irmos noutro dia, eventualmente no dia 30 de Fevereiro. Nada. Ainda tentei dissuadi-la alegando a crise que se abateu sobre o meu bolso direito (o esquerdo é para o telemóvel) mas nada funcionou.
Tive mesmo que ir ver "O Impossível" ao cinema com a Maria. Eu bem sabia que a sorte que me acolheu quando não tive que ir ao Twilight não iria estar comigo para sempre.
Não vou falar sobre o massacre emocional baseado numa sequência de desgraças que dura 1h30 com um final feliz a história para não estragar o filme a quem esteja a pensar ir ver. Em vez disso, deixo só um conselho - tenham cuidado com a sala de cinema que escolherem para ver este filme.
A sala onde fomos já não devia ser limpa há muito tempo e, por isso, devia estar cheia de pó. Isto da crise tem os seus efeitos... Os tipos do cinema deviam ter mais cuidado porque já se sabe como é com as alergias. A meio do filme, quando olhei para o lado, metade da sala estava a assoar-se compulsivamente. Eu e a Maria tivemos uma sorte do caneco porque não somos alérgicos aos ácaros.
Quer dizer, agora que penso nisso, a Maria também se assoou umas quantas vezes. Mas se ela não é alérgica ao pó...
Pronto, esqueçam, já percebi. Fomos mas foi a uma sala cheia de pó e à sessão em 3D por engano. Na cena em que o tsunami atinge a costa, aquilo levantou montes de coisas pelo ar e alguma lhe atingiu os olhos, fazendo-a chorar. Eu sei bem o que isso é. Há dias entrou-me uma pestana num olho e vi-me à rasca.
Agora a sério. O filme vale mesmo a pena, quanto mais não seja pelo desempenho da actriz principal. A Naomi Watts tem umas partes muito interessantes. De representação, é de representação que estou a falar. Bem, para que não fiquem dúvidas, o que eu quero dizer é que a Naomi mostra a sua grande forma. Como actriz, caneco...
Oh, esqueçam. Vão ver porque a Naomi Watts é mesmo boa. Actriz, gaita.