sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

E pronto, foi isto


O caderno de 2011 está fechado. E não fosse o elástico que tem à volta, provavelmente não o conseguiria fechar. 2011 foi um ano cheio, disso não há dúvidas. Foi um ano que trouxe muitas mudanças, umas boas e outras nem por isso. Em que se fecharam umas quantas portas mas em que se abriram muito mais janelas.
E, aqui em particular, foi o ano em que criei o estaminé. Muitas histórias por aqui passaram mas muitas mais irão passar. Estou-me a lembrar agora de uma muito boa, quando fui a..., não não, melhor é aquela em que uma vez fui ter com a minha senhora e..., ou aquela quando me esqueci onde fui e inventei a maior parte...

2012 promete. Encontramo-nos por lá.
Boa passagem de ano a todos e, falando daquilo que realmente importa nesta altura, que ganhe a Daniela. É que tenho uma certa predilecção por pessoas com cérebro.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Estava a brincar, não era nada de especial...


Mulher Presumivelmente Canadiana (MPC) - May I borrow your pencil, please?
Gajo a Meio de um Desenho (EU) - Ahhhh...
Marido da Mulher Presumivelmente Canadiana Também Ele Canadiano (MMPCTEC) - I promise it won't take long...
EU - Ok.

5 minutos mais tarde:
EU -Viste? O raça da rapariga não viu que eu estava a fazer um desenho e que para lhe emprestar o lápis tinha que parar a meio?
Esposa do Gajo a Meio de um Desenho (MARIA) - Canadiana. Pelo sotaque, é canadiana de certeza.
EU - Quer dizer, a miuda tira-me a concentração toda e tu estás preocupada com o sotaque?
MARIA - Ou seria australiana? Não não, era canadiana.
EU - Podia estar agora aqui uma obra prima e por causa dela, está o que se vê.
MARIA - Que estupidez, australiana... Por amor de Deus, os australianos não têm um sotaque assim.
EU - Era toda jeitosa.
MARIA - O quê??

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Natal também é quando um carro quiser


Como a família é grande e as carteiras estão cada vez mais pequenas, em casa dos meus pais fazemos um sorteio secreto para sabermos a quem devemos dar a nossa prenda de Natal. É aquilo a que chamamos o Pai Natal Secreto. A partir do momento em que o sorteio é feito, passamos a dar mais atenção às conversas que vamos tendo com a pessoa que nos calhou, para percebermos o que devemos oferecer. Tem a vantagem de ficar mais em conta mas também tem o risco de não se agradar com a prenda que se dá. É que, só com uma hipótese, a probabilidade de falhar é grande.
No meu caso, não tive grandes problemas. A minha irmã mais nova encarregou-se de dizer a toda a gente que estava mesmo a precisar de um pijama, várias vezes ao dia. Não é que eu precisasse da dica. Tenho a certeza de que ela também ficaria igualmente contente com umas meias da feira que tinha pensado em dar-lhe. Os meus sobrinhos, de 4 e 7 anitos, é que são a excepção. Mas eles merecem, porque são eles que trazem a magia ao Natal, tarefa dificil nos dias que correm.
O meu carro é que não apreciou muito a brincadeira. Então ele leva-nos para todo o lado, farta-se de nos proporcionar bons momentos, e nem sequer é incluido no sorteio?
Chateado com a falta de consideração, resolve amuar e impedir-nos de fazer marcha atrás.  Para a frente tudo bem, mas para trás não era com ele. A coisa foi de tal jeito que, nem pondo água e óleo no carro a coisa lhe passou. E olhem que a água e óleo resolvem muita coisa.
Não tivemos outra hipótese senão, ainda antes do Natal, oferecer-lhe um kit de travões para as rodas traseiras. E teve logo que ser para as duas rodas, porque senão o menino fazia birra e estávamos sujeitos a fazer piões no meio da estrada.
Nas vésperas do Natal, a caminho de casa dos meus pais, resolveu mostrar que foi nosso amigo em só pedir os travões para as rodas de trás. Em plena auto-estrada, pôs-se a acelerar sozinho, numa clara demonstração de que quem manda é ele. De Leiria até Miranda, viemos a pouco mais de 60 km/h, mas com um som de fazer inveja a qualquer Saxo Cup ou mesmo 106 Rallye, com tunning até à medula.
Felizmente, no dia de Natal, a coisa passou-lhe. Afinal, o Natal, também, é quando um carro quiser. E deixar.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Feliz Natal!


Como tenho apenas 3 minutos e 23 segundos até toda a rua ficar a saber o meu nome, vou apenas deixar aqui os meus votos de Boas Festas e Feliz Natal a todos!
Pronto, agora tenho que ir para a cozinha, que é capaz de lá haver alguém a precisar dos meus dotes culinários. A minha especialidade na cozinha é abrir frascos. Nisso sou o maior. Frascos e latas, também. E toda a gente sabe que para um pudim de leite condensado ficar bom, é preciso alguém abrir a lata primeiro.
Bem, Feliz Natal mais uma vez e vou andando, que não me posso mesmo esticar. É que só hoje de manhã é que consegui acabar as compras, porque passei ontem o dia a fazer um postal de Natal especial, com as letras e os desenhos bem Arrumadinhos, (as voltas que dei para conseguir espetar isto neste post...) e, com tudo isto, a família é que ficou para trás.
Agora é que é: Boas festas a todos, junto de quem mais amam!

Já vou!! :D

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Para ti

Acordas de manhã e levantas-te ainda de pijama. Mal consegues ver.
A arrastar os pés pelo corredor, apareces à porta da sala, onde já estou há 3 horas agarrado ao computador, e cumprimentas-me durante 5 segundos, apenas com um olhar, entre a admiração por me veres já desperto e a dureza que é teres que te levantar. Segues para a casa de banho.
Arranjas-te e, ao fim de meia hora, regressas à porta da sala, de onde me chamas para te acompanhar no pequeno almoço. A voz ainda não está clara, mas já dá para perceber o meu nome. Com a certeza de que é a mim que chamas, sigo-te para a cozinha. Apesar de já ter comido, guardo o café para beber contigo.
Já na cozinha, esforças-te por manter uma conversa, mas não é fácil. E eu compreendo. Ao beberes café, o teu cérebro desperta e dispara milhares de pensamentos para a tua boca: o que sonhaste, como dormiste, quantas vezes foste à casa de banho de noite, a temperatura a que está o café, como vai ser o teu dia de trabalho, onde vais almoçar, as reuniões que vais ter, a que horas vais chegar a casa.
Regressas à casa de banho para os retoques finais, perguntas-me 8 vezes se estás bem vestida e fazes-me as tuas recomendações.
Segues para o trabalho sem fazeres a menor ideia de quão bem me fazes. Do quanto enches a minha vida. De alegria, de magia, de amor, de carinho, de responsabilidade, de aventura. E de sonhos.
Enches a minha vida de sonhos.
Por tudo isso, e porque hoje fazes 29 anos, muitos parabéns! Tudo o que hoje posso desejar, é poder continuar a merecer-te por muitos e longos anos.
Amo-te, pequena. E muito.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

No final, podemos sempre contar com os filmes!


Este fim-de-semana, fui acantonar com 10 miudos com idades entre os 10 e os 14 anos.
A estratégia que estava montada era bastante simples e resume-se a isto: cansar os putos o mais possível durante o dia para os crescidos poderem dormir alguma coisa durante a noite. Aliás, acho que esta frase podia perfeitamente passar a ser o lema do Escutismo. "Sempre Alerta" já é bocado século XX.
Mas enfim, começámos logo por pôr os miudos a descascar batatas e cenouras no sábado de manhã, só para ficarem meio atordoados. Depois, espetámos com uma caminhada a pé a metade deles, e de bicicleta à outra metade.
Antes do almoço, pusemo-los a arranjar lenha para a fogueira e, a seguir ao almoço, tiveram que fazer nós e amarrações. A seguir a tudo isto, mais um passeiozinho a pé e de bicicleta.
Depois do lanche, demos-lhes um tempinho para eles. Era infalível: depois daquelas actividades todas, dava-se um tempo aos miúdos sem nada para fazer e era certo e sabido que iriam andar a subir às árvores, a correr uns atrás dos outros, a jogar à bola, a lutar com paus. O que é que é que poderia estragar este plano para os cansar ainda mais e conseguir passar uma noite descansada?
Os telemóveis... Dá-se um tempo aos miudos e eles correm para os telemóveis. Durante um fim-de-semana inteiro, não vi um único puxão de soutien, um estalo, um miudo a cair de uma árvore, uma aranha posta na boca de algum dorminhoco. Nem sequer um penso rápido tive que por num dedo de um miudo entalado numa porta.
Eu ainda tentei agitar as coisas e fazer uns arranjinhos, mas o jeito não é muito. E para além disso, é dificil as miudas olharem para um rapaz que nem sequer penteado à Justin Bieber tem. E hoje em dia, esse é o padrão minimo.
Com este tempo onde a actividade foi só ao nível dos dedos, os miudos recuperarm do cansaço e, no fim, não tivemos outro remédio senão recorrer ao plano B para podermos dormir qualquer coisa: ver um filme de desenhos animados, cheio de moral.
Quer dizer, eu acho que eles dormiram qualquer coisita. E digo "acho" porque eu cá mal passei do genérico.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Eu tomo banho todos os dias, a sério


Fui ao Chiado, aqui há tempos, para desenhar pessoas e, como estava à procura de uma que não se mexesse muito, desenhei este pessoa, quer dizer, Pessoa, que costuma estar na esplanada do café "A Brasileira". O problema foi que, como me sentei a alguma distância, havia sempre gente a passar entre mim e o dito a tal ponto que, às tantas, tive que desistir e voltar mais tarde para o acabar.
Ao fim da tarde, quando lá voltei para lhe desenhar as pernas, estavam lá dois tipos a tocar guitarra e a cantar, com as roupas meio rasgadas e apecto de quem tem alergia a água e gel de duche. Como eu estava de frente para a esplanada, vieram-se por ao pé de mim. Quando acabaram a música, que mais parecia uma homenagem ao Zé Cabra, sacaram do chapeuzinho e puseram-se a pedinchar a toda a gente que por ali estava.
Estava eu, nesse momento, a pensar que desculpa iria inventar para não lhes dar nada quando me viessem chatear, quando, subitamente, acabam o peditório e se vão embora. Das pessoas todas que ali estavam, fui o único a quem não pediram. Das duas uma: ou não me quiseram perturbar o trabalho ou, olharam para mim e pensaram: "Não vamos pedir aqui ao colega..."
Ainda estive para dizer alto: "Que pena só ter notas de 100 euros no bolso. Se tivesse de 20 ainda contribuia..." Mas em vez disso, despachei o desenho e, pelo sim pelo não, tapei o buraco nas calças com a mochila.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Os postais do Viagens



Aqui há já algum tempo, lembrei-me de fazer postais com os desenhos que aqui vou pondo. É certo que talvez tenha sido uma daquelas ideias que aparece quando não se tem mais nada em que pensar, mas, ainda assim, acalentei a ideia, a ponto de experimentar publicitá-los num grupo do Facebook. Se a coisa corresse mal, a vergonha não seria geral, se corresse bem, ficava rico em menos de nada.
Ora, sucede que o grupo onde os publiquei era da mesma pessoa que organizou o evento "Beli€ve", do qual falei nos post anterior, e que já me tinha convidado para ir lá desenhar. Ao ver a ideia dos postais, acabou por também me convidar a expo-los no local do evento. A transformação da minha conta bancária numa das maiores do Mundo estava a começar.
Até que, em resposta à simples pergunta: "Quantos tens para expor?" respondi com orgulho: "Mais de 20!" Eu sou um gajo tão optimista que respondo sempre aquilo que espero que seja a verdade, quando não faço a menor ideia da resposta. Quando fui confirmar ao computador os desenhos menos maus que poderiam ascender à categoria de "Postal", não consegui contar mais de 8... Convenhamos que os cães da minha sogra ou a minha irmã sentada no sofá não serão propriamente aquilo que um turista procura numa loja. Escusado será dizer que passei as duas semanas antes do evento a desenhar monumentos de enfiada.
Fiz a parte de trás dos postais como se fosse a capa de um caderno, e, no dia do evento lá os expus. Levei, ainda, mais uns pouquitos repetidos, para o caso de alguém os querer trocar por alguma coisa, já que no fim do evento ia haver uma feira de trocas. Consegui trocar um.
Como não tinha plano B para os pouquiiinhos postais que pudessem sobrar, tenho que pensar depressa num plano de negócio para cumprir o objectivo inicial da engorda da minha conta. Se não me lembrar de nada de jeito, vai haver gente a receber um postalinho como prenda de Natal.
Uma ou duas pessoas. Ou 49, vá.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Os meus 3 segundos de fama na TVI

Este Domingo, fui convidado a ir desenhar o lançamento do projecto Beli€ve, que aconteceu na Fábrica de Braço de Prata, em Lisboa. É o projecto de Andresa Salgueiro, que, basicamente, vai viver um ano só com 1111€. Para além deste valor, vai recorrer a trocas de produtos e serviços, num esforço para mostrar que é possível viver à margem do consumismo que nos consome. (xiça, com esta fiquei exausto...)
O convite que me foi feito também consistiu numa troca: ao ir lá desenhar, recebi em troca a divulgação dos bonecos que faço. E que troca: tive direito a expor durante o evento, numa parede só para mim, os meus desenhos (em forma de postais) e tive, ainda, direito a 3 segundos de fama, no noticiário da TVI! Meu Deus, hoje 3 segundos, amanhã, quem sabe, 4! O desenho que aqui vai é o que estava a fazer quando a senhora da TVI me disse que não me podia levantar...
O que acho mais estranho é que hoje, quando saí à rua, não estavam paparazzi à espera à porta do meu prédio nem ninguém me pediu autógrafos.
Humm, deve ser porque as pessoas são tímidas, claro.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Em Portugal sou um Zé Ninguém, mas na Argentina não posso sair à rua


Fui convidado por uns tipos na Argentina, que têm um site de ilustração e arte, a colaborar com eles com um desenho. É das coisas mais engraçadas que tem o Facebook: um dia estamos em Mirando do Corvo, alapados no sofá da casa dos pais a ver a Casa dos Segredos, com baba a escorrer pela boca, e no outro estamos a trabalhar para o outro lado do Mundo.
Como tinha que ser sobre o tema "Nascimento", enviei-lhes um desenho da capital ao nascer do sol. No site, o desenho ficou um bocado esticado, mas com os milhares de quilómetros que ele viajou, não lhe posso levar a mal.
O site, de nome Seis Dedos, tem a colaboração de ilustradores de vários países, mas aqui deste cantinho, fui o único. Quando vi o meu desenho no site, com a minha nacionalidade à frente, comecei instantaneamente a ouvir o hino nacional e a ver bandeiras portuguesas a esvoaçar. Foi muito bonito.
Agora a sério, vou só ali limpar as lágrimas e depois tenho que ir estudar castelhano, porque os rapazes de lá, para entenderem português, tiveram que traduzir o mail que lhes mandei. Como também traduziram o meu nome, para eles passei a a ser o James. Quando lhes expliquei que o nome é mesmo Tiago, responderam-me "Ok, Thiago." Pronto, pelo menos soa igual. Não se pode querer passar por cima de séculos de influência das telenovelas brasileiras, não é, Thiago Lacerda?... (é o único que conheço...)
Ah, é verdade, o dito site está AQUI! Se tiverem paciência, carreguem no "Me gusta", valé?
Adiós, Tios! Pero si, como nó? Gracias!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Quanto é a bandeirada?


Sempre me intrigou o carro que está estacionado na Rua do Carmo, em Lisboa, e que funciona como loja de discos de fado. A coisa até dá um certo toque castiço à rua, mas para quem lá tem que trabalhar todo o dia não deve ser grande coisa.
Mas também, quem é que lembraria de ter um emprego onde se tem que estar sentado dentro de um carro verde todo o dia e a ouvir fado constantemente, com o volume no máximo? E onde a única coisa que se pode fazer quando não há clientes é ler o jornal? E onde se tem que ter um ar de dono da estrada, porque, basicamente, não podem lá passar mais carros? E onde, apesar de se estar dentro de um carro, não se usa o cinto de segurança?
Ah, já sei. Os taxistas.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Já sei porque é que não costumo ir ao Santa Cruz


Há dias fui com a minha senhora ao café Santa Cruz, em Coimbra, e, ao entrar num café tão histórico e tão bonito da cidade como aquele, lembrei-me do raro que era irmos ali.
Como levei o caderno, pensei em desenhar a praça do lado de fora do café, mas o lugar à janela já estava ocupado por um senhor. Sentámo-nos na mesa mais perto e, por entre goles de café, fui fazendo o boneco. Como o senhor estava com um ar petrificado, acabei por arriscar e desenhá-lo também.
Durante o tempo que lá estivemos, o senhor não se mexeu um milímetro. Já começava a ser intrigante.
O que é certo é que o tempo que demorámos a perceber o porquê de ele ter aquela cara foi o mesmo que demorámos a pedir a conta, altura em que ficámos com a mesma expressão, mas apenas durante alguns segundos.
É que nós só bebemos um café mas o senhor tinha um pequeno almoço continental na mesa.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Sei que tem a ver com Filipinos, mas não são bolachas


Sinceramente, acho bem que o 1 de Dezembro vá deixar de ser feriado. Primeiro, porque ninguém sabe bem ao certo o motivo de ser feriado e em segundo, porque a fila de espera nos Pastéis de Belém é tal que se perde a paciência. Chega quase ao ponto de fazer uma pessoa desistir de apoiar a economia nacional.
De qualquer das formas, fiquei mais descansado quando vi na televisão que o critério para anular feriados foi escolhendo os que não são festejados. Se alguém se lembrasse de anular feriados consoante os portugueses soubessem o porquê dessas datas serem feriado, ficávamos reduzidos ao Natal, Ano Novo e Carnaval.
Já agora, deixa lá ver, acho que o 1 de Dezembro é sobre qualquer coisa que nos faz ter orgulho em nós, portugueses. Só não me lembro o que é...

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Pornografia, kuduro e cultura


Há dias fui à biblioteca, na tentativa de pôr os neurónios a trabalhar. Sentei-me numa mesa sem ninguém e, por estranho que pareça, até estava a conseguir fazer alguma coisa de jeito.
Ao fim de 5 minutos de trabalho árduo, que me pareceram 5 horas, sentou-se na mesa à minha frente, um senhor dos seus 60 anos. Ligou o seu computador e pôs os seus phones. Até aqui tudo bem.
O pior foi quando, aparentemente, o senhor se fartou de ouvir música pelos phones e, sem os tirar das orelhas, começou a ouvir música de discoteca em plena biblioteca. E quando digo música de discoteca, isso inclui o volume em que a costumamos ouvir... numa discoteca.
Confiante de que alguém o iria mandar parar com aquilo, respirei fundo e deixei-me estar.
O pior foi quando o senhor, de aspecto respeitável, começou a ouvir kuduro. Eu não tenho nada contra o kuduro mas o kuduro tem qualquer coisa contra mim, especialmente quando me tento concentrar.
Olhei em redor e ninguém parecia estar incomodado com aquilo. Mentalizado que teria que ser eu a falar com o senhor, levantei-me e lá fui eu.
A primeira dificuldade que tive foi que o senhor ouvisse o que lhe estava a pedir. A segunda foi que ele acreditasse que a música não estava a sair pelos phones. O senhor lá me pediu desculpa e eu segui com a minha vidinha.
Quando o meu cérebro começou a dar sinais de cansaço, arrumei as coisas para ir embora. Ao passar pelo senhor, não resisti e dei uma espreitadela ao computador dele e não quis acreditar no que vi...
Fiquei mesmo a sentir-me culpado. Se eu não tivesse pedido ao senhor para pôr o som nos phones, toda a biblioteca poderia ter tido um momento de prazer.
Caramba, sou mesmo um empata f****...