segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
Natal também é quando um carro quiser
Como a família é grande e as carteiras estão cada vez mais pequenas, em casa dos meus pais fazemos um sorteio secreto para sabermos a quem devemos dar a nossa prenda de Natal. É aquilo a que chamamos o Pai Natal Secreto. A partir do momento em que o sorteio é feito, passamos a dar mais atenção às conversas que vamos tendo com a pessoa que nos calhou, para percebermos o que devemos oferecer. Tem a vantagem de ficar mais em conta mas também tem o risco de não se agradar com a prenda que se dá. É que, só com uma hipótese, a probabilidade de falhar é grande.
No meu caso, não tive grandes problemas. A minha irmã mais nova encarregou-se de dizer a toda a gente que estava mesmo a precisar de um pijama, várias vezes ao dia. Não é que eu precisasse da dica. Tenho a certeza de que ela também ficaria igualmente contente com umas meias da feira que tinha pensado em dar-lhe. Os meus sobrinhos, de 4 e 7 anitos, é que são a excepção. Mas eles merecem, porque são eles que trazem a magia ao Natal, tarefa dificil nos dias que correm.
O meu carro é que não apreciou muito a brincadeira. Então ele leva-nos para todo o lado, farta-se de nos proporcionar bons momentos, e nem sequer é incluido no sorteio?
Chateado com a falta de consideração, resolve amuar e impedir-nos de fazer marcha atrás. Para a frente tudo bem, mas para trás não era com ele. A coisa foi de tal jeito que, nem pondo água e óleo no carro a coisa lhe passou. E olhem que a água e óleo resolvem muita coisa.
Não tivemos outra hipótese senão, ainda antes do Natal, oferecer-lhe um kit de travões para as rodas traseiras. E teve logo que ser para as duas rodas, porque senão o menino fazia birra e estávamos sujeitos a fazer piões no meio da estrada.
Nas vésperas do Natal, a caminho de casa dos meus pais, resolveu mostrar que foi nosso amigo em só pedir os travões para as rodas de trás. Em plena auto-estrada, pôs-se a acelerar sozinho, numa clara demonstração de que quem manda é ele. De Leiria até Miranda, viemos a pouco mais de 60 km/h, mas com um som de fazer inveja a qualquer Saxo Cup ou mesmo 106 Rallye, com tunning até à medula.
Felizmente, no dia de Natal, a coisa passou-lhe. Afinal, o Natal, também, é quando um carro quiser. E deixar.
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LOL confesso que ri. Fiquei melancólico agora, porque a minha rica Susana há três anos foi enviada para um sítio melhor, e ela sim, também era uma menina que só fazia o que queria, quando queria!
ResponderEliminarNão me digas que também és daqueles que dá nomes aos carros! Eu também dou, mas são tão parvos que nem me atrevo a escrevê-los aqui...
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