quinta-feira, 7 de março de 2013

Encurralado pelo David Fonseca


Quando quero muito ver um filme, vejo sempre o trailer antes. Se for um livro, leio sempre a contra-capa, ou mesmo o último capítulo. Geralmente, se o final for tipicamente feliz, também é feliz para o dinheiro no meu bolso, que lá fica a fazer-me companhia. Se há coisa que anda pela hora da morte é a Cultura, por isso é preciso ser selectivo. O último livro que comprei, li-o praticamente todo na livraria antes de o trazer. (Só me apercebi disso quando comecei a contar a história do livro à Maria e estava ela a descascar batatas e só acabei quando eu estava a pôr a loiça na máquina - quem cozinha ganha certos direitos lá em casa). Ainda pensei em não o trazer, mas caramba, tinha bonecos e dos bons, e eu sou um tipo sensível aos bonecos.
Com os concertos, a lógica é a mesma. Se houver um showcase de uma banda que queira ver em concerto, ou se for do David Fonseca, estou lá batido. O último que fui ver, em Novembro, foi do... ai, como é que ele se chama..., aquele tipo que é de Leiria... aquele que só usa AllStars... Ah, já sei: do David Fonseca.
Apesar de até gostar do homem, e dos concertos que ele dá, fui ao dito showcase a pedido da Maria. Ela precisa de tomar uma dose diária da música do David para andar estável e, como era um caso de saúde pública, lá fui eu com ela.
O mini-concerto servia para apresentar o concerto que o David ia dar nos Coliseus. Fiz figas para que a Maria não gostasse muito das músicas novas, e lá fomos nós, só duas horas antes de começar, para reservar lugar sentado. As miúdas de 14 anos das fila da frente (ficámos na 3a fila) ainda olharam para mim de lado com aquele olhar de "O que é que este tipo está aqui a fazer com uma miúda de 13 anos? Deve ser algum tarado..." Há pessoas que se devem interrogar como seriam os seus cônjuges (sempre quis utilizar esta palavra) na adolescência. Eu só preciso de levar a minha a um concerto do tipo que era dos Silence4.
O espectáculo correu bem para o David Fonseca. A Maria gostou das músicas novas e, como seria de esperar, ficou ansiosa pelo concerto no Coliseu de Lisboa.
Ao longo dos meses, fui-a convencendo de que o concerto não iria valer a pena, que era melhor ir ver os Mumford & Sons (uma banda do outro mundo) mas, sem que nada o fizesse prever, fui atraiçoado pelo David. Há coisas que uma pessoa não espera nem dos piores inimigos, quanto mais de um tipo que parece ser decente.
No dia 14 de Fevereiro, dia dos namorados, chego a casa e sou colocado perante a maior chicotada nas costas que alguém pode sofrer.
"Olha, se comprarmos hoje os bilhetes para o concerto no Coliseu, temos 50% de desconto!"
Um rápido olhar para a rosa que trazia na mão e a sensação de que ela não me iria safar de maneira nenhuma daquilo. Tinha sido encurralado. O David voltava a passar-me a perna.
"Sim... pronto... ah... quer dizer... não tens nenhuma amiga que possa ir contigo... pois... compra, então."
O resto já se sabe. O concerto da semana passada foi espectacular. Para ela. E para mim, vá.
Ah, mas a flor que levei ganhou logo outra beleza.

4 comentários:

  1. eu também leio sempre o fim dos livros para ver se vale pena comprar, mas os meus amigos não me entendem :D afinal não sou única

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  2. ahah bolas, o david é lixado! Mas olha que ir ao concerto de mumford também era uma óptima aposta!!

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  3. loooll, o Davidé tramado! Também costumo fazer isso nas livrarias... ;)

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  4. Filha, nem vejo outro interesse no último capítulo de cada livro que não esse!

    Pequeniña, nem me digas nada...

    Maria, sinceramente, acho que toda a gente o faz!... :)

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