sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Não se preocupem que não mostro os desenhos a ninguém


Já tinha percebido que fazer desenhos em reuniões onde eu estivesse a participar era algo que não se devia fazer, por razões óbvias. O que ainda não tinha percebido é que também não se deve fazer desenhos em reuniões onde não se está a participar, por razões não tão óbvias. Especialmente em reuniões de mulheres. Mas a razão é muito simples: as pessoas são vaidosas como o caraças.
E nem que seja num desenho num cadernito, querem ficar sempre bem. Assim que damos conta, estão a olhar para nós com aquele olhar de quem diz "Não me faças gorda como no desenho anterior!", "Tem atenção às minhas feições!" ou então "Nesta posição estou bem?"
O assunto da reunião pode ser da maior gravidade, que nada lhes faz alterar a expressão até que o desenho termine.
Quando era pequenito cheguei a querer ser o tipo que está nos julgamentos dos tribunais a desenhar as pessoas. Graças a Deus que não fui por aí. Só de imaginar o juiz a condenar um réu por um atentado qualquer contra a humanidade com prisão perpétua e o réu ser levado pela polícia a esbracejar e a gritar "Sim senhor, a prisão perpétua tudo bem, não tem problema. Agora desenharem uma pessoa com um nariz assim é que não se admite. Eu não merecia isto!..." perco logo o sono.
E se o gajo sair mais cedo da prisão e ainda se lembrar e quiser vingança? Este é o tipo de coisas em que é preciso pensar antes de escolher a profissão. Ah pois é.

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