No cumprimento dos meus deveres de marido, fui a um jantar de curso dos colegas da minha Maria. Dias antes do jantar, descontraidamente, disse-lhe que estava a pensar levar o caderno para o jantar. Nem precisei de resposta - os olhos dela disseram tudo o que precisava de saber. E quando chegou a hora, o caderninho lá ficou em casa.
O jantar correu muito bem. Foi bom voltar a beber vinho em copos de plástico, cantar canções de 20 palavras e 30 palavrões e ver como é que a Maria era com menos 10 anos, nos cerca de 53 quilos de fotografias que os colegas dela se encarregaram de levar.
A seguir ao jantar fomos beber um copo a uma casa de fados, em Coimbra. Sinais da idade. Quando tínhamos 18, íamos às tascas. Quando passámos dos 20, íamos a discotecas. Agora, quase nos 30 anos, ou se fica em casa, ou se vai a casas de fados.
Inevitabilidade: às 2h00 fiquei com uma soneira que já nem via 2 palmos à minha frente. Presumo até, que havia pessoas a falar comigo, mas no estado em que estava não posso garantir esta informação.
Até que, num gesto desesperado para me acordar, a minha conjuge pede a uma colega que me deixe fazer um desenho num pedaço de papel de mesa de restaurante e, numa voz entre a esperança e o desespero, me diz: "Faz um desenho para ver se acordas!"
E pronto: num estalar de dedos eu estava de volta aos meus 4 anos, quando a minha mãe me dava um papel na missa para eu desenhar e ao mesmo tempo ficar acordado e sossegado. A minha Maria demorou só 8 anos a descobrir aquilo que a minha mãe sempre soube.
E pensar que tanto sofrimento se poderia ter evitado, com uma simples pergunta, entre nora e sogra.
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