quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
Zico, o pitbull que mordeu a pessoa errada
A Justiça em Portugal está a mudar e, pelos vistos, a tornar-se mais ágil. O país precisava de uma justiça mais rápida, mas tinha esperança essa mudança começasse no julgamento e investigação de pessoas. Pelos vistos, a rapidez começou no julgamento de animais.
A servir de exemplo, temos um julgamento sumário de um cão arraçado de pitbull que feriu de morte um bebé de 18 meses, em Beja, tendo sido condenado à pena de morte. Se a rapidez da justiça para os animais ainda fosse como a dos humanos, este cão teria ainda bastantes anos em prisão domiciliária, num canil com boas condições (qualquer advogado estagiário conseguiria ar condicionado e SportTv) e, provavelmente, nem chegaria a viver para cumprir a real sentença, que andaria de recurso em recurso. Sinceramente, talvez essa fosse a pena mais adequada – viver o resto dos seus dias privado da liberdade de conviver com pessoas em geral.
Ao princípio ainda fiquei surpreendido quando li num jornal que a sentença a aplicar ao animal, a pena de morte, tinha por justificação a prevenção para que tragédias como a que aconteceu não se voltem a repetir. Não era costume de cá e até achei que era de mais condenar o dono do cão à morte, mas bem, talvez fosse o resultado de uma investigação profunda desta “nova” justiça. E se era por prevenção, talvez se justificasse. A morte de um bebé é algo que nunca deveria acontecer e que nos choca a todos, ainda para mais nestas circunstâncias.
Já estava prontinho para ir fazer um post inflamado no facebook quando me pareceu boa ideia ler a notícia até ao fim. E fiz bem. Afinal de contas era o cão que tinha sido condenado à morte. O cão?! Se o dono disse a um jornal que “desejava o abate do animal” porque simplesmente não tinha condições de o ter em casa, se o cão tinha sinais aparentes de fome, as orelhas cortadas evidenciado que poderia ser utilizado em lutas de cães e nem sequer registado estava, se passava o dia fechado no apartamento e até já tinha atacado duas vezes o dono, o cão é que vai ser abatido?
Claro que o abate do cão serviria de prevenção. Duvido que aquele animal em concreto, depois de abatido, voltasse a fazer mal a quem quer que fosse. Já o abate do outro animal preveniria que mais cães tivessem que ter uma vida miserável, fechados num apartamento com fome, sujeitos aos seus instintos de sobrevivência e a ver potenciais inimigos em bebés que tropeçam neles.
Tenho esperança que o animal de quatro patas não seja abatido. Mas também tenho esperança que ninguém se lembre de se armar em Ceasar Milan, o Encantador de Cães americano milagroso, e o reabilite e ponha de novo numa casa com humanos. Cães como o Zico estão marcados por um passado de pesadelo e têm que ser tratados por quem sabe e não por qualquer um. Muito menos por quem quer ter um cão potencialmente perigoso para dar nas vistas, como tantas vezes acontece. Para isso, pintar o cabelo de cor-de-rosa chega bem. Um canil ou um abrigo para cães seria a melhor solução para o cão.
Já em relação ao outro animal, quer-me parecer que nada lhe vai acontecer. É verdade que a justiça já começou a mudar. Mas escolheu começar pelos animais de quatro patas quando devia ter começado pelos de duas. Esses sim, são um perigo.
PS: 6ª crónica que publiquei no P3. A sensação de ver mais de 3000 pessoas a ler no site de um jornal de prestigio que eu defendo o uso de cabeleiras cor-de-rosa em vez de cães perigosos para chamar a atenção é qualquer coisa de surreal... ;)
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Eu cá também defendo cabeleiras cor de rosa... Eu não teria escrito um texto melhor acerca DESTE assunto!
ResponderEliminarGenial.
ResponderEliminarAdorei as cabeleiras cor de rosa!
ResponderEliminarVou deixar de cá vir.
ResponderEliminarNão tenho gabarito para quem é lido por 3000 pessoas.
Um abraço.
ResponderEliminarÁmen.
Com um dono assim, que despreza o próprio cão, está bom de ver quem é o verdadeiro bicho selvagem.
ResponderEliminarNão podiam antes ter um canário como animal de estimação?!
ResponderEliminarAmen... 3000 pessoas?? Olha, eu cá não sei que tipo de engenheiro és, mas se fores tão bom como a escrever, a Somague, a Mota-Engil, a Teixeira Duarte e todas as outras, deviam estar à tua porta com um contrato milionário.
ResponderEliminarBeijo
Start, obrigadinho! ;)
ResponderEliminarPOC, ainda não tinhas percebido isso? :)
ABT, ámen!
S*, ter animais requer mesmo esforço. Para quem, como eu, não tem tanta paciência, o melhor é mesmo não ter.
Kruzes, ouvi dizer que os cágados pequenitos também dão pouco trabalho.
Beta, sabes lá o que é a minha vida... Essas empresas andam todo o dia atrás de mim, mas eu sou bom de mais para eles, que é que queres... :)
Mamã, os animais costumam dar-se muito bem com crianças, o que ainda torna este caso mais estranho...
É o mal de Portugal! Não existir responsabilidade dos donos! É que ah temos de por um chipzinho mas não é punido por lei senão colocar, ah vamos adoptar vamos dar animazinhos, é muito lindo mas não se assina um termo de responsabilidade. Depois esse cão, deixa de ser bonito depois do Natal ou do aniversário do filhote e basta dar a primeira mija fora do lugar que o cão fica condenado. E depois acontece infelizes situações como esta. Percebia-se perfeitamente que era um cão que não percebia o que se passava, frustado. Não estou aqui a dizer que a situação da morte do bebé é menos que a pena de morte do Zico, não. Mas essa situação, como muitas outras, era bem evitadas se houvesse responsabilização dos donos, assim as pessoas já pensavam bem antes de comprar/adoptar um animal.
ResponderEliminarBoa crónica
Beijos