Esta semana que passou, fui com 3 amigos fazer o Caminho Inglês para Santiago de Compostela. Era para sermos 5, mas a Maria de um deles tentou criar uma articulação entre o tornozelo e o joelho, mas não deve ter feito bem o aquecimento e o osso acabou por estalar. Foi pena porque fizemos a preparação a 5 e apenas disfrutámos a 4. De qualquer das formas, o 5º esteve sempre connosco durante o Caminho e, sempre ficámos a saber que, por muito jeito que pudesse dar, o osso da perna não dá para dobrar sem partir.
O Caminho em si é qualquer coisa de extraordinário. É como vermos a nossa própria vida em perspectiva ao longo de 5 dias e 120km. De início, como na juventude, estamos frescos e bemdispostos. Nada nos tira a boa disposição e o esforço nem se sente. A meio, o cansaço começa-se a fazer sentir e faz-nos questionar a verdadeira razão de ser das coisas. Temos mais problemas e, se nos deixamos levar por eles, acabamos por nos afastar das pessoas e tornamo-nos mais solitários. Antes do fim, o cansaço é insuportável, mas já se percebeu que sem os amigos não se vai a lado nenhum e que nenhum problema é insuperável. No final, entra-se numa catedral cheia de gente de todas as nacionalidades e, como que por magia, o cansaço desaparece. Toda a gente se fala como se se conhecesse desde sempre, independentemente de serem da Austrália, Polónia, Ucrânia ou Portugal. As emoções estão à flor da pele e, tudo faz sentido. E é assim que eu também imagino o final do outro Caminho.
Pronto, quer dizer, o Caminho é isso ou então é um regresso à adolescência, aos 13 anos para ser mais específico. Onde ninguém diz nada de jeito, onde se passam os dias na risota, onde cada um parece que fugiu da casa dos pais tal é a emoção, onde o principal assunto de conversa são os ruídos corporais e onde não se pode ver um rabo de saias... (Maria, eu só olhei quando me obrigaram...)
Ou então é mesmo tudo isto. E o que ainda ficou por descobrir.
O ano passado fiz uma parte do Caminho Português de Santiago de Compostela.
ResponderEliminarForam 7 dias, 150km desde Ponte de Lima até Santiago e a nostalgia de cada vez que penso naqueles dias é muito grande.
É verdade, todo o cansaço desaparece assim que vemos a catedral e somos banhados por uma felicidade tão grande! A missa do Peregrino foi sem dúvida a missa mais bonita a que assisti.
Mas o Caminho vale a pena porque foi feito com a minha amiga, poder partilhar aqueles momentos e recorda-los mais tarde com quem nos é querido é muito especial.
Acredito que quem é peregrino de Santiago uma vez na vida, é para sempre, fica-nos entranhado na pele todo o suor, dor, felicidade, cansaço que tivemos ao longo do Caminho.
Que a vida seja sempre um Caminho cheio de pessoas fantásticas como aquelas que encontrei no Caminho.
Da próxima vez, o 5º elemento da boys band irá convosco... Esperem só um pouco para repetir a próxima vez: deixem-me curar esta perna, deixem-me parir esta nova criança e deixem o Tomás ir para a Faculdade... Aí, já poderei "dispensar" a minha melhor metade, para ir convosco... :D
ResponderEliminarBeijinhos,
Maria que tentou criar uma articulação entre o tornozelo e o joelho... (acho que para simplificar, devia assinar Maria Joelho)
Muita bota técnica, muita tshirt técnica, muitas polainas técnicas, alguma chuva técnica para ensaiar as capas e os ponchos técnicos.
ResponderEliminarAlgumas claras limom, alguns cafés con leche, alguns café solo, alguns bocadillos, alguma fome, obrigado benedito, alguns choques por excesso de comida, uma subida ao inferno em 20minutos, uma maratona no face a humilhar muita gente, uma dose de trutas que dava para quatro, o desesespero da fome xxx.... uma cidade, uma catedral, um enconto com Ele na sua casa o coração acorda, um rio ocular, uma alma limpa, um engasgo de fumo, uma compostela, 4 rostos cansados de felicidade imensa e 5 almas juntas sem nunca se esquecerem.
Obrigado Amigos que sempre os vossos corações estejam cheio de Luz , Vida e Amor.
Obrigado ás nossas almas que ficaram, pois atrás de um grande caminho, há sempre grandes mulheres, mesmo aquelas que tentam criar uma nova articulação.