quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

30 dias de solidão

Este último mês que passou foi especialmente complicado para mim. Tive em mãos um trabalho gigantesco, que me obrigou a estar 55 minutos por hora, 14 horas por dia, 7 dias por semana, 4 semanas por mês em frente ao computador. A tal ponto que cheguei a ponderar ir à farmácia comprar fraldas para rentabilizar mais o tempo - parecendo que não, 6 idas por dia à casa de banho ainda roubam 28 minutos ao trabalho (demoro 7 minutos em assuntos demorados, 3 em assuntos rápidos). E até já tinha a estratégia preparada - só tinha que pedir fraldas à farmacêutica e dizer que eram para a minha avó. Mas depois de ponderar bem as coisas, acabei por não ir. O mais certo era a mulher perguntar-me o tamanho das fraldas e eu descair-me e olhar para a etiqueta das minhas calças antes de responder: "Das fraldas não sei, mas as calças são tamanho 40..."
O trabalho consistiu em ilustrar e paginar um livro de dicas e truques para o dia-a-dia em casa. Fiquei a saber coisas tão interessantes como o facto de que, acender um fósforo na casa de banho depois de uma evacuação radioactiva (if you know what I mean), faz o cheiro da descarga desaparecer por completo. Ou que segurar o prego junto à parede com uma mola da roupa antes de martelar diminui as probabilidades de dar uma martelada na mão.
Ainda assim, e tendo em conta a minha experiência de longos períodos em casa, acho que ficaram algumas dicas e truques essenciais fora do livro. Por exemplo, se fosse eu o escritor, começaria logo o livro com:
"Se estiver constipado e se assoar muitas vezes em casa, assoe-se e deixe o lenço ranhoso no sítio onde se assoou. No dia seguinte, ao passar novamente por esse sítio, vai ver que o lenço está seco e já o pode usar novamente. Vai deixar de ter que se preocupar em andar com lenços atrás."
Não não, já sei. Se fosse eu, começava era o livro com:
"Se for passar o fim de semana a casa de familiares, deixe a loiça toda lavada. A menos que esteja suja de queijo. Aí vai ser bom voltar a casa, com um queijinho gourmet cheio de bolor a perfumar a casa à sua espera."
Não, esta também não. Tinha que ser uma mesmo útil. Ah, já sei:
"Se estiver a ver aqueles programas de debates de futebol com gajos fanáticos e doentes, não ponha a televisão mais alto para perceber o que é que eles estão a dizer. Não vai perceber à mesma e a vizinha do lado vai começar a dar palmadas na parede por causa do barulho e, quando lhe for pedir desculpa, ela ainda lhe vai responder que aquela hora não é a mais indicada para fazer festas com os amigos em casa."
Caramba, mas porque é que ninguém me pede conselhos...

3 comentários:

  1. Humn... são conselhos menos ortodoxos os teus!

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  2. Não vale mesmo a pena aumentar o som quando dão esses programas, não se entendem não é por causa da surdez é mesmo porque não dá para entender!

    Boas Festas :)

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  3. gostei da dica do lenço. vou experimentar a próxima vez que estiver constipada.
    bom ano :)

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