Recentemente foi publicado um documento que deixou muita gente em suspenso.
Um texto que conta a história de pessoas muito pobres, da difícil vida que lhes
estava destinada, e que faz a sociedade reflectir num dos maiores enigmas da
Humanidade. Um enigma maior até que a expulsão do Wilson da Casa dos Segredos.
Bem, não exageremos. É grande, mas talvez não seja assim tanto. Falo, afinal, da
existência (ou não) do burro e da vaca no Natal.
Uma leitura atenta deste documento, que parece ter sido escrito por um
alemão, não deixa quaisquer dúvidas e confirma os piores receios: há mesmo burro
e há mesmo vaca. Não há volta a dar.
O livro, chamemos-lhe assim, dada a sua profundidade, não pode ser lido de
forma literal. Tem de ser lido com toda a atenção, pois as grandes revelações
estão nas entrelinhas. Uma leitura baseada apenas na interpretação directa das
suas palavras não será capaz de extrair a grandeza dos acontecimentos e
ensinamentos nele contidos. E ele contém grandes revelações. Sim, porque a
existência de um burro e uma vaca é, porventura, a mais pequena de todas.
Neste histórico texto de que falo, com o sugestivo título "Orçamento de
Estado 2013", uma das maiores revelações está na passagem "Cortes nas Pensões".
É aqui que é mais evidente a existência do burro, apesar de a sua presença
também estar implícita noutros capítulos. Só mesmo o burro conseguiria olhar
para as ilegalidades contidas neste capítulo e encolher os ombros, quando tudo o
que lhe competia era que perguntasse aos seus amigos se aquilo era grave ou não.
Em vez disso, o burro preferiu ignorar que pessoas reformadas, já de si pobres,
vão ficar ainda mais pobres, apesar de terem descontado toda a vida. Talvez
tenha sido por inveja dos pensionistas que, ao contrário dele, também reformado,
ainda conseguiam esticar a sua reforma para as despesas e que agora vão,
certamente, deixar de conseguir. Pelo menos assim, o burro vai estar em pé de
igualdade com os outros reformados do país.
É fácil perceber as dúvidas da sociedade quanto à existência ou não do burro,
já que não é qualquer um que o consegue ver. É preciso acreditar que ele lá
está, porque na verdade, ninguém o vê a fazer nada. É uma questão de fé. Eu
tinha avisado que era preciso ler nas entrelinhas.
Já no caso da vaca, não é preciso escolher nenhuma passagem em particular
para se perceber que a sua existência é bem real. Ela está em todas elas, mas de
forma subliminar. Seja no aumento do IRS, nos cortes da Saúde ou da Educação, a
vaca marca a sua presença, cada vez menos discreta. Ao contrário do burro que
nada faz, a vaca, como animal que dá de mamar, acaba por ter uma maior
intervenção na história, cobrando o que bem entende pelo seu leite que alimenta
quem a rodeia. Como, inclusivamente, é mais corpulenta que o burro, ela própria
aquece mais o ambiente que o próprio jumento, levantando, também aqui, sérias
dúvidas quanto à real necessidade de se ter um burro.
Toda a história tem pouco de novo e fica-se, até, com a ideia de que apenas
foi publicado o início, ficando o final por desvendar. Para já, deu para
perceber que vai acabar mal. Só ainda não se sabe para quem. Quer dizer, para o
burro vai de certeza.
Só achei curioso que tenha sido lançado na mesma altura um outro livro,
escrito pelo Papa Bento XVI, que também aborda a temática do burro e da vaca.
Apesar do autor deste livro também ser originário da Alemanha, à semelhança dos
verdadeiros autores do primeiro texto de que falei, é bastante mais explícito na
sua mensagem. Aqui não foi a presença dos animais no presépio que me causou
dúvidas, porque isso está bem explícito na passagem “(…)Nenhuma representação do
presépio prescindirá do boi e do jumento.” E por isso não acredito que haja
alguém que saiba ler que não o perceba. A única coisa que me suscitou alguma
desconfiança foi a proveniência dos Reis Magos. De Espanha? Parece-me mais que o
Gaspar e os seus amigos partiram de terras lusas para levar os presentes à vaca,
quer dizer, ao menino, mas isso já sou eu a divagar.
PS: esta foi a idiotice #4 publicada no P3, que também podem ler aqui. Sim sim, já são 4 e ainda ninguém me bateu à porta de casa para me por um saco na cabeça e levar até ao Relvas. Só por isso já está a correr bem.
Uma "idiotice" muito bem publicada.
ResponderEliminarUm bom ano Tiago, e se for cheio destas "idiotices" prevejo coisa boa a caminho.