domingo, 16 de outubro de 2011

Obrigadinho, Dr. Passos Coelho


Tenho notado ao longo dos últimos dias que o nosso Primeiro, o Doutor Passos Coelho, tem sido muito atacado. Pois bem, já que ninguém o faz, aqui venho eu defender o homem, dando a minha preciosa ajuda para dar a conhecer as suas medidas de estímulo à economia, nomeadamente à criação de emprego e ao pequeno comércio tradicional.
A semana passada fui ao Centro de Emprego, por motivos bem alheios à minha vontade. Cheguei por volta das 9h30 da manhã e fui tirar a minha senha. Aberto a apenas meia-hora e já tinha 60 pessoas à minha frente. Fiz umas contas rápidas: se cada pessoa demorasse 5 minutos, tinha ali 5 horas antes de chegar a minha vez. Aproveitei, então, para conhecer aquela parte do subúrbio da cidade. Conheci o pequeno jardim, que desenhei, e uma série de prédios mesmo bonitos. Após uma hora, fui ver como estava a correr o atendimento. Fiquei logo mais animado: em vez dos normais 5 minutos, a média estava agora em 4min30' por pessoa. A espera de 5 horas seria reduzida para 4h e 40 minutos! E bem, fui acabar de ler o livro que levei, já a contar com a eventualidade de ter que esperar, para o jardim, onde estava já um homem a dormir num banco com uma senha igual à minha na mão. E ainda dizem que o Governo não promove a Cultura...
Depois de ler o livro 2 vezes (era de BD, confesso), lá voltei ao Centro. Estava mais ou menos na média esperada. Por volta das 14h30 deveria estar a chegar a minha vez. Às 11h30, apenas duas horas depois de ter chegado, consegui lugar sentado na sala de espera. Só duas horas! Daí até às 13h45, hora em que fui chamado, foi um pulinho. Nem dei pelo tempo a passar. E reparem: 45 minutos antes da hora média a que deveria ter sido chamado!
Quando me chamaram, perguntaram-me o nome e porque estava ali. Lá respondi e mandaram-me esperar. Perguntei: "Desculpe, esperei este tempo todo só para lhe dar o meu nome?" E a senhora, muito amavelmente, respondeu: "Sim, agora tem que esperar que o chamem lá de dentro."
Esperei apenas mais 1h30 e fui logo chamado. Quando comecei a dar os meus dados pessoais, fui interrompido pela senhora que me estava a atender: "O sistema foi abaixo e vai demorar cerca de 45 minutos a reiniciar. Se ainda não almoçou pode ir agora." "Aí está", pensei eu, o apoio à economia local de que tanto fala o Governo. Com esta simples medida, o Governo prestava um apoio enorme aos cafés da zona. Procurei o café mais perto e comi qualquer coisa num instante, para não perder a minha vez.
Quando voltei ao Centro, as coisas foram mais rápidas. Dei os meus dados e a senhora conseguiu ouvir-me apesar do choros da rapariga ao meu lado e dos berros da técnica que a atendia dizendo que não podia chorar porque só piora as coisas.
No final, depois de registados os meus dados, perguntei que apoios existiam à criação de empresas e ao trabalho no estrangeiro. A resposta pronta: "Isso está tudo no nosso site. Eu já lhe dou o endereço. O que precisa de saber neste momento é que tem que cá voltar não sei quantas vezes...."
Às 16h30, quando finalmente me despachei, pude reflectir sobre aquele dia tão bem passado, e a conclusão a que cheguei foi óbvia: para além do apoio à Economia local e à Cultura, o Governo estava a fomentar nas pessoas a vontade de saírem dali e desenvencilharem-se sozinhas para criarem o seu próprio emprego ou a sua própria empresa. Está mais que visto que o Estado só estorva as boas iniciativas de empreendedorismo. Então, nada melhor do que tornar isso mesmo ainda mais óbvio para as pessoas de forma a que elas percebam que estão mesmo sozinhas nessa batalha!
Por tudo isto, obrigado Dr. Passos Coelho! E desculpe lá aquelas pessoas que não têm a capacidade de perceber as suas medidas.

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